Como se caísse de paraquedas, um tradicional e decadente jornal de nossa cidade estampou, na primeira página, a manchete “Na crise, Semae mantém Aquário ao custo de R$ 637 mil”, procurando mostrar os aumentos de seus custos baseado em informações repassadas pela própria autarquia. Aqui uma pequena correção: o Aquário não fica localizado antes da ponte pênsil e, sim, no Parque do Mirante, ao contrário do que informou a matéria. 

Os serviços do Semae estão presentes em todas as residências da cidade e em todos os estabelecimentos comerciais, de serviços e industriais. Por essa razão, ele mantém como ação social e cultural dois bons equipamentos públicos: 1. Museu da Água, este sim localizado antes da ponte pênsil, e 2. o Aquário Municipal “Ilda Borges Gonçalves”. 

Em suas várias crises financeiras, procurou-se manter bem esses serviços, que são muito frequentados pela população da cidade e por turistas, principalmente nos finais de semana e feriados. Os dois serviços são oferecidos gratuitamente à população, registrando frequência de milhares de pessoas todos os meses. Claro, nos dois últimos anos, a pandemia do coronavírus atrapalhou bastante o funcionamento destes locais públicos de visitação.

Aqui quero tratar apenas do Aquário Municipal em função das insinuações ou evidências contidas na matéria. Há estudos para transferir o aquário para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Semdettur). Vale lembrar que é a mesma equipe que, em 2014,  promoveu um concurso em nível nacional de revitalização do Parque do Mirante. Já naquela época, era proposta alterar a localização do aquário para outra área do parque. Nada, nada saiu do papel. Ainda bem!

O que me preocupa é o destaque com o custo de R$ 637 mil/ano, valor baixo se analisar os milhares de visitantes anuais que visitam o aquário e o Núcleo de Educação Ambiental (NEA), este ligado à Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Sedema). 

Existe um ditado popular de que “jabuti não sobe em árvore”. Por isso, precisamos ficar atentos para o grande destaque que foi dado ao tema pelo matutino da cidade. Foi nos levantada a hipótese de que o Aquário Municipal pode ter entrado no olho do furacão. 

Para economizar recursos do Semae, fecha-se o aquário por um período, elabora-se um novo projeto, moderno e ambicioso, que poderá levar anos para ser implantado. Nesse período, a cidade e a região perdem o aquário, assim como aconteceu recentemente com o Observatório Astronômico Municipal “Professor Elias Salum”. 

Realmente, espero estar enganado, torcendo para ser apenas uma mudança administrativa: sai o custo da manutenção do aquário do Semae e passa para a Semdettur. Assim, o aquário poderia ser melhorado, aprimorado e modernizado para atender a cidade e, em especial, aos estudantes das redes públicas do município e do Estado. 

Para encerrar, gostaria de lembrar que, em outras gestões municipais, ocorreu debate semelhante ao fechar a Pinacoteca Miguel Dutra, a Biblioteca Ricardo Pinto Ferraz. Sem qualquer planejamento foi fechado o Zoológico Municipal e, consequentemente, o Paraíso da Criança. 

Resultado: esses dois equipamentos ficaram fechados por cinco anos, privando o público de visitação. A partir de 2005, na nossa gestão, tivemos muito trabalho, planejamento e aplicação de recursos públicos para recuperar esses equipamentos e coloca-los à disposição da sociedade. Melhorou bem, mas o prejuízo de cinco anos fechado não foi recuperado. Que sirva de exemplo esses três casos. A conferir!

Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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