Foto: Enzo Oliveira/ Rádio Metropolitana

“O Hospital Ilumina, administrado pela Associação Ilumina, resiste bravamente ao boicote da Prefeitura Municipal de Piracicaba”, destacou a médica de cirurgia de cabeça e pescoço e presidente do Conselho de Administração da entidade, Dra. Adriana Brasil, ao analisar a situação atual de risco de suspensão temporária das atividades da unidade hospitalar, localizada no Bairro Altos do Taquaral.

O boicote da Prefeitura ocorre em duas frentes: a indevida retenção de verbas de emendas parlamentares dos Deputados Federais General Peternelli e Kim Kataguiri, que já somam 344 mil reais, e a inexplicável não renovação de convênio municipal com o Ilumina, que vinha pagando o custo parcial dos exames, via SUS, oferecidos para a população carente da cidade. Sem esses recursos, a Associação não consegue pagar os salários atrasados de pouco mais de 50 funcionários e teve que reduzir o número de pessoas atendidas, prejudicando milhares delas que precisam de prevenção e diagnóstico precoce do câncer- foco da instituição.


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Mesmo sem receber salários e benefícios, os trabalhadores decidiram, no último dia 8 de janeiro, continuar trabalhando de forma voluntária por um período que se encerraria na terça-feira, dia 18. Além disso, trouxeram familiares e amigos para ajudar no atendimento à população. Até segunda-feira, (17), a Prefeitura de Piracicaba não demonstrou nenhuma sensibilidade em relação à esse cenário. Não liberou as verbas das emendas e nem se manifestou em relação à retomada do convênio.

A boa notícia é que uma boa parte dos funcionários decidiram continuar trabalhando até que os recursos sejam liberados. Assim, o Hospital não suspenderá suas atividades neste dia 18 de janeiro. Continuará de portas abertas, atendendo por agendamento. Os 2 mil atendimentos mensais, no entanto, devem cair para 200, informa a Diretoria do Hospital.



Novo formato com empresas privadas Desde quando o Ministério Público do Trabalho, de Campinas destinou recursos das multas da Shell/Basf para a Associação Ilumina construir o Hospital, a carreta e o Centro de Educação e, assim, ampliar seu programa inédito conhecido como Rastreamento Ativo Organizado (RAO), a prioridade sempre foi oferecer o serviço com exclusividade para a Prefeitura de Piracicaba.

Tudo funcionou como uma engrenagem, até a chegada da nova administração, no dia 01 de janeiro do ano passado, quando começaram os inexplicáveis boicotes. “Agora, que ficou evidente o descaso da Prefeitura de Piracicaba em relação ao RAO, que já salvou mais de 880 vidas na cidade e economizou quase 10 milhões de reais para o sistema público de saúde, a Diretoria da Associação resolveu ampliar o uso das instalações do Hospital para municípios vizinhos e para a iniciativa privada”, explicou Dra. Adriana. No âmbito público, já foram firmados convênios com as prefeituras de Santa Maria da Serra, São Pedro e Rio das Pedras.


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Há outros 5 convênios em andamento. Também foram iniciadas negociações com empresas da área da saúde, que já demonstraram interesse em fazer parcerias com a Associação, dentro dos parâmetros das Parcerias Público Privadas (PPP). Na contramão O Conselho de Administração da Associação e sua Diretoria Executiva estão em estado de reunião permanente devido à crise gerada pela Prefeitura de Piracicaba. Durante as reuniões, Conselheiros e Diretores buscam resposta para uma pergunta: Por quê o RAO, reconhecido pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Tribunal Regional do Trabalho, pela Conselho Municipal de Saúde, por Sociedades Médicas, por Instituições que representam pacientes, como a Femama, pela Câmara dos Vereadores, por Prefeituras vizinhas e por meio de decreto da própria Prefeitura Municipal de Piracicaba, está agora sendo escanteado pela atual gestão do executivo municipal? Vários ofícios foram protocolados pela Associação Ilumina na Prefeitura de Piracicaba, desde 2021, solicitando justificativas para a não renovação do convênio e a retenção das verbas do Ilumina, encaminhadas pelos Deputados Federais.


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Não houve resposta para nenhum dos documentos. Câncer não espera O atual cenário penaliza o cidadão piracicabano que não tem plano de saúde e corre risco de vida, nas longas filas da Prefeitura. Há mais de 21mil pessoas esperando por um exame de ultrassonografia e mais de 4 mil na fila de eletrocardiograma, sem data definida para agendamento, segundo informações do Portal da Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba.

Além da demora de vários meses para fazer os exames, os pacientes passam por outras longas filas para conseguir realizar biópsia, enfrentam outra longa espera para retornar à consulta, nem sempre com o mesmo médico, tem que esperar por um encaminhamento para o especialista e, quando conseguem, finalmente, um agendamento para cirurgias, a doença já está em estágio avançado com risco de morte ou de graves sequelas para o resto da vida, destaca Dra. Adriana.


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O RAO oferece prevenção, diagnóstico precoce e rápido encaminhamento para cirurgia no serviço público, tudo num mesmo lugar, por isso tem salvado vidas com um custo bem menor para o SUS, conclui a especialista, que finaliza com uma pergunta: a quem interessa a indústria da doença?

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Publicação: Danilo Telles/ Jornalista RMPTV

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