Foto: Danilo Telles/ Rádio Metropolitana de Piracicaba

A S T R O N O M I A

Nesta época do ano,o céu nos brinda com as mais bonitas constelações e estrelas excepcionalmente brilhantes. Algumas delas se destacam mais como Sirius do Cão Maior, a mais brilhante do  céu, Canopus da Quilha, a segunda mais brilhante e Aldebaran do Touro. Mas a principal atração é dirigida a constelação de Órion, o “caçador gigante” que se destaca por conter as famosas “Três Marias”, três estrelas dispostas em linha reta e que são o cinturão do gigante Órion. É notável a quantidade de estrelas brilhantes nessa constelação. Órion é uma das poucas constelações que permite associar o nome ao desenho. Exemplo disso é a sua identificação a heróis mitológicos de muitos povos que os homenagearam no firmamento. Na antiga mitologia, Órion representava uma caçador jurado de morte pela deusa Diana que enviou o Escorpião para matá-lo. Conta a lenda que esse objetivo jamais foi alcançado pois, enquanto Órion levanta-se no horizonte leste, o Escorpião se põe a oeste, no ocaso.  Como o equador celeste – que é a projeção do equador terrestre no espaço – corta essa constelação, é possível observá-la em qualquer ponto do planeta.  A constelação de Órion como várias outras idealizadas pelos povos do hemisfério norte, quando vistas do hemisfério sul apresentam-se ‘de cabeça para baixo’ . Isso ocorre porque essas constelações foram colocadas em posição de fácil reconhecimento ou seja, de pé. Acrescenta-se o fato que a esmagadora denominação das constelações procedem das civilizações acima do equador.

AS  PRINCIPAIS  ATRAÇÕES

Se Órion nos encanta a vista desarmada, ao telescópio encerra tesouros que justificam vê-la em uma noite pura e tranqüila fora dos centros urbanos. Mesmo com um binóculos, a quantidade de estrelas que aparecem  é impossível calcular o seu número. As duas estrelas mais famosas que compõe o ‘gigante’ são Rigel e Betelgeuse. A primeira é de magnitude 0,34 e seu nome árabe designa a estrela que forma o pé do ‘gigante’ Hércules. De cor branca, significa que a temperatura em sua superfície, fotosfera, é altíssima da ordem de 10.500° C o dobro do Sol.  Se fosse colocada no lugar do Sol, a vida na Terra não seria possível. Está distante de nós, 450 anos luz o que significa que, a luz que hoje atinge nossas retinas, partiu de lá 59 anos após a descoberta do Brasil!. Possui uma luminosidade  60.000 vezes superior a do Sol e é 35 maior . Como um brilhante no firmamento, ao telescópio a visão de Rigel é belíssima pois ao lado dela encontra-se uma pequena estrela de cor azul significando com isso que é um sistema duplo. Ao contrário de Rigel, Betelgeuse é uma estrela nitidamente avermelhada indicando com isso que sua temperatura superficial é de somente 3.000° C .Com um diâmetro de 350 milhões de quilômetros, ela é uma estrela supergigante maior que a órbita da Terra e, por conseguinte, uma das maiores estrelas da nossa galáxia ! Se trocássemos Betelgeuse pelo Sol, estaríamos pois dentro da estrela ! Não existiríamos ! Se encontra de nós  309 anos-luz com uma magnitude zero . Seu nome de origem árabe significa a ‘Mão dos Gêmeos’ , alusão a constelação dos Gêmeos devido a uma leitura incorreta transcrita para o ocidente  nada havendo portanto a haver com essa constelação.  Devido ao seu tamanho, é uma das pouquíssimas estrelas que os grandes telescópios conseguem resolver num pequeno disco. Recentemente foi alvo de grande atenção pelos astrônomos uma vez que apresentou grande variação de brilho que foi interpretado como tendo ‘engolido’ uma companheira próxima a ela ou que essa flutuação de luminosidade é indicio de que, como uma supergigante vermelha , esteja no caminho de uma explosão o que, pela sua distância a Terra, seria catastrófico para nós devido a chegada dos raios gama que destruiria a vida em nosso habitat. Órion ainda nos mostra outras preciosidades, como a Grande Nebulosa  ou M -42 , sem dúvida a mais bela vista ao telescópio e uma das preferidas pelos astrofotógrafos. Em seu seio podemos admirar um sistema múltiplo de estrelas conhecido como “Theta Orionis”. São sete estrelas unidas pelos mesmos laços de gravitação, exemplo raro  em nossa galáxia. Órion ainda nos mostra outras preciosidades como a Nebulosa Cabeça do Cavalo somente detectada pela fotografia e que está obrigatoriamente nas publicações . Seja portanto a olho nu, por um binóculos ou pelo telescópio, a observação de Órion é imperdível.! E não esquecendo que tudo que vemos é uma imagem de um passado distante.

O B S E R V A Ç Õ E S

A observação requer que seja feita longe do centro urbano. Em Piracicaba como é sabido, a observação com telescópios não é mais possível devido a desativação do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum pela Prefeitura/Secretaria Municipal de Educação. Os interessados para isso deverão se dirigir ao Observatório Municipal de Americana que atende todas sextas-feiras  das 18 ás 22 horas. Uma outra opção, são dois grandes complexos astronômicos em Campinas, no Distrito de Joaquim Egidio situados no Pico das Cabras a 1100 metros de altitude  conhecido como ‘Morada das Estrelas’. O primeiro é o Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini e o segundo o Museu Aberto de Astronomia  que além de telescópios, radiotelescópio e pavilhão solar,  conta com um moderno Planetário digital que possibilita ver as maravilhas celestes com céu impróprio para observação com telescópios. O local  atende visitação das escolas e o público aos sábados , domingos e feriados  a partir das 16 horas.

Nelson Travnik é astrônomo  no Museu Aberto de Astronomia  e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV

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