Foto: Arquivo Pessoal


Há uma esperança, não há nome que identifique esta esperança. Ou melhor, haveria uma calmaria, se o prefeito Luciano Almeida deixasse o funcionamento do serviço público sem interferências de agentes estranhos cuja aparência se assemelha a uma morsa (animal do Ártico), que todas as vezes que levanta a grossa e exuberante sobrancelha resulta em mais desgastes para o seu governo.

Não foi uma boa escolha colocar uma organização social desqualificada para gerenciar um serviço de saúde importante como a UPA do Bairro Piracicamirim, lamentável vem sendo o resultado e, pior, não existem quaisquer indícios de que melhorará.

Vamos refletir sobre Drummond de Andrade, que em poucas palavras descreve a atual administração:

No meio do caminho tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

Tinha uma pedra

No meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimento

Na vida de minhas retinas tão fatigadas

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

Tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra.

Mas o Prefeito não vê a pedra (com formato de um cabrito). Logo, tenho a convicção madura de um conhecedor da história e do povo piracicabano — não sou político e, muito menos, grande jurista — sou apenas alguém que, juntamente com os servidores públicos, pode remover essa pedra do caminho do senhor Prefeito.

Se o senhor prefeito acreditasse mais nos velhos servidores públicos, os quais, como eu, já passaram por mais de dez prefeitos, saberia que os servidores deram continuidade à soberba construção dos nossos antecessores, edificando e dando coração ao nosso rincão caipira.

Piracicaba não é, como dizem alguns vereadores, uma “herança maldita”, mas, sim, uma herança Divina. Desta feita, a continuidade deve ser criteriosamente respeitada, assim como as inovações que a atual administração pretende trazer para a cidade, sem aventuras e bravejos. O serviço público municipal é uma universidade de conhecimentos, construídas em Piracicaba ao longo dos seus 254 anos de serviços prestados a nossa população. Não há e nunca vai haver resultados prósperos sem seguir a engenharia da construção de uma metrópole, dos alicerces aos tijolos sobre tijolos; profissionais qualificados que aprenderam e seguiram adiante levantando parede por parede. Por essa razão é que, hoje, estamos diante de uma das maiores e mais importantes metrópoles do Brasil, da décima-terceira cidade exportadora da nação brasileira, nossa cidade!

Mais de um ano de governo é muito tempo para que a atual administração não se dobre às verdades e ao profissionalismo construídos por dois séculos e meio. Poderia ser a pedra em formato de cabrito no caminho a grande descoberta do universo? O terraplanismo realmente pode ser contemplado como nosso futuro?

A ciência é o corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa, trabalho e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, formulados metódica e racionalmente. Não poderia um analfabeto funcional como Olavo de Carvalho (esotérico por profissão, sem qualquer formação acadêmica ou profissional) que pereceu essa semana diante de uma doença (Covid-19) que ele tanto negou existir; da mesma forma que entendemos não poder um prefeito eleito pelo povo de nossa cidade ignorar os milhares de profissionais a sua volta, desvalorizando-os e dando ouvido às pedras encabritadas que lhes cruzam o caminho!

Em uma certa oportunidade, em Americana, São Paulo, Waldemar Tebaldi, médico por profissão e por cinco vezes prefeito daquela cidade (hoje falecido), me dizia: “para um prefeito ser reconhecido e até reeleito, ele precisa ter um olho na educação e outro na saúde, sem esquecer o periférico”. A mais pura verdade, uma boa gestão na educação e na saúde, respeitando o conjunto administrativo e operacional é a fórmula mágica para o sucesso em uma administração pública.

Portanto, para os que diziam em redes sociais em alto e bom tom que o sistema todo de Piracicaba estava corrompido e agora se agarra às oportunidades do poder para vender uma imagem de “astuto”, então aqui estamos nós ainda no escuro, lutando contra uma pedra e um cabrito, com os pés no chão e a moral nos calcanhares.

Má escolha a de suas amizades juvenis, respeitado prefeito Luciano Almeida, pois há algum tempo estamos tentando alertar a partir dos nossos comentários que “há alguma coisa errada no reino da Dinamarca”. Entre aqueles que o apoiam e os que pensam em “usá-lo” como trampolim político em benefícios pessoais, fique com os que o apoiam e os que trabalham (os servidores públicos municipais), somente assim o senhor diminuirá o peso do seu fardo e terá sua liberdade intelectual respeitada. Busque trazer estabilidade ao governo neste período difícil (até pré-eleitoral) que nos espera.

No meio do caminho tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

Tinha uma pedra

No meio do caminho tinha uma pedra

Há uma pedra, em suma, e há nome para essa pedra. Ontem uma lasca quebrou, mas ainda está no meio do caminho, atrapalhando os passos para se trazer paz e harmonia tão necessário para uma gestão que se elegeu como o “novo”.

Olho da matéria:

“Então aqui estamos nós ainda no escuro, lutando contra uma pedra e um cabrito; com os pés no chão e a moral nos calcanhares.”

 

José Osmir Bertazzoni


Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV

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