Foto: Arquivo pessoal

Contam os alfarrábios imperiais que, no 1767 do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, no dia primeiro do mês de agosto, o capitão-general de São Paulo, Dom Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, havia determinado, em 1766, ao Capitão português Antônio Corrêa Barbosa da incumbência de fundar um povoado na foz do rio Piracicaba.


Por sua própria vontade e poderes conferidos pelo Império, o capitão povoador optou por um local onde já se encontravam estabelecidos alguns posseiros e que também habitavam os índios Paiaguás, nas barrancas direita da queda d’água denominada salto do Piracicaba, situado a 90 quilômetros a montante foz, no olhar do capitão português, seria o local mais apropriado para se estabelecer na região. A pequena povoação firmou-se como principal ponto de apoio às embarcações que navegavam o rio Tietê. Este ponto fora escolhido por dar mais segurança ao abastecimento do forte de Iguatemi, fronteiriço do território do Paraguai. O Forte de Iguatemi foi criado pela Coroa Portuguesa como resultado do Tratado de Madri, que estabeleceu as fronteiras entre as colônias portuguesas e espanholas na América do Sul. Hoje atual cidade de Mundo Novo, no Estado de Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com a cidade paraguaia de Porto de Guairá.


Como já dito alhures, oficialmente, o povoado de Piracicaba, termo da Vila de Itu, foi fundado em primeiro de agosto de 1767, sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres. Em 1774, a povoação constitui-se freguesia, com uma população estimada em 230 habitantes, desvinculando-se de Itu.


Em 1784, a povoação comandada pelo capitão português foi transferida para a margem esquerda do rio, sentido montante-jusante (jusante e montante são lugares referenciais de um rio pela visão de um observador. Jusante é o fluxo normal da água, de um ponto mais alto para um ponto mais baixo. Montante é a direção de um ponto mais baixo para o mais alto), abaixo do salto, onde hoje situa-se a Casa do Povoador, local onde ficavam os terrenos melhores, o que colaborava com a expansão.


Solo fértil e água em abundância atraíram muitos proprietários agrícolas, fazendeiros, ocasionando, logicamente, muitas disputas por terras. No dia 29 de novembro de 1821, as terras do povoado que se desenvolvia e arrebanhava interesses por todas as suas vantagens foram elevadas à categoria de vila.


O nome Vila Nova da Constituição é uma homenageando à promulgação da Constituição Portuguesa que foi resultado dos trabalhos das Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa de 1821 a 1822, eleitas pelo conjunto da Nação Portuguesa — a primeira experiência parlamentar em Portugal, nascida na sequência da revolução liberal de 24 de agosto de 1820, na cidade do Porto.

Vila Nova da Constituição se desenvolvia junto com seu povo, ocorreu um próspero período de expansão, já não se encontrava mais lotes de terras desocupados e, inicialmente, predominava as pequenas propriedades. A riqueza do solo proporcionava a cultura do café, os campos eram cobertos pelas plantações de arroz, feijão e milho, de algodão e fumo, mais pastagens para criação de gado. A Vila Nova da Constituição tornou-se em um respeitado centro abastecimento regional e cumpria função que outrora fora-lhe designado pelo Império, nascia, forte e pujante, a cidade de Piracicaba.


Para não alongarmos esta história de glória e de heranças Divinas trazidas por seus primeiros habitantes e edificada ao longo da história, em 24 de abril de 1856, Vila Nova da Constituição foi elevada à categoria de cidade. O jovem e brilhante advogado Prudente de Moraes — formado nas primeiras turmas da Faculdade de Direito do Império e vereador junto à Câmara dos Comuns —, no ano de 1877, por petição, fixou o nome de cidade de Piracicaba (“local onde o peixe pára”), seguindo suas raízes Paiaguás.


Uma Linda homenagem foi realizada no aniversário dos 254 anos de Piracicaba, no dia 1º de agosto de 2021, com o hino cantado na voz de Aninha Barros acompanhada pela Orquestra Sinfônica de Piracicaba (OSP), sob a regência do Maestro Jamil Maluf. Intrigante apenas foi o pronunciamento do vereador Gustavo Pompeu, eleito pelo povo piracicabano, por não saber qual a idade de nossa cidade e, no uso da Tribuna da Câmara (nosso Poder Legislativo), ostentar o saber que a cidade possuí 554 anos, ou seja, para ele nossa cidade foi fundada antes da descoberta do Brasil, em 1468.


Somente com o condão de fazer um paralelo no tempo, no ano atribuído à fundação de Piracicaba pelo vereador Gustavo Pompeu, em 1468, produz-se a Concórdia dos Touros de Guisando, (em castelhano: Tratado de los Toros de Guisando ou Concordia de los Toros de Guisando), foi o acordo alcançado a 18 de setembro de 1468 no cerro de Guisando, situado no município de El Tiemblo, província de Ávila, entre o rei de Castela Henrique IV e a sua meia-irmã Isabel I de Castela, em que esta era proclamada Princesa das Astúrias, o que equivalia a ser reconhecida como herdeira da Coroa de Castela.  Hoje Guisando é um município da Espanha na província de Ávila, comunidade autônoma de Castela e Leão, de área 37,38 km² com população de 603 habitantes. Vamos encerrar este texto com muita preocupação sobre a qualidade dos nossos legisladores municipais, em especial aquele a que nos referimos. 

José Osmir Bertazzoni (64), advogado e jornalista

Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV

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