Foto: Fabrice Desmonts
Priscila Cruz,
presidente Executiva do “Todos pela Educação”, ao se referir ao modelo “híbrido”
de escolas cívico-militares argumentou, em entrevistas nas redes nacionais de informação,
que: "Do ponto de vista técnico, o modelo não se sustenta", diz a
especialista. Segundo ela, não há indicadores que apontem para a eficiência das
escolas cívico-militares. "A população que faz essa demanda por escolas
cívico-militares acreditou em um argumento enganoso de que elas são
melhores", disse.
Tendo por análise que
há uma confusão entre o que é escola militar – mantida pelo exército para
filhos de militares de alta patente – diferentes das escolas públicas
destinadas a jovens pobres, cujo aproveitamento escolar está relativamente
ligado as suas vidas miseráveis, diferentes dos filhos de oficiais que vivem em
condições de vida infinitamente melhor que nossos garotos pobres de periferia.
Na prática, as escolas
cívico-militares destinadas à elite do exército não têm o mesmo perfil dos
nossos jovens de periferia, falta honestidade em divulgar esse projeto que em
nada acrescenta à educação escolar mas consome muitos recursos da educação sem
nenhuma comprovação acadêmica de resultados positivos dentro de um universo que
necessita de investimentos para melhorar o ambiente escolar, as condições de
vidas dos pais e familiares dos alunos, na sua maioria pobres das nossas
periferias que sofrem com o retorno da inflação, desemprego, renda incompatível
com suas necessidades humanas, habitações precárias e, em sua maioria,
construídas em locais de determinados riscos.
O programa é de adesão
voluntária. Segundo o MEC, 15 estados e o Distrito Federal aderiram ao programa
— São Paulo, Rio de Janeiro e oito estados do Nordeste rejeitaram a proposta na
primeira etapa do programa. Sob gestão de João Doria (PSDB), o estado de São
Paulo manifestou interesse após o prazo estabelecido pelo MEC. Na segunda
etapa, destinada aos municípios, 643 prefeituras manifestaram interesse
enquanto os demais, 4.937 municípios, não acolheram, do total de 5.570
municípios brasileiros.
O presidente Jair
Bolsonaro, seu vice, Hamilton Mourão, e o ex-ministro Abraham Weintraub foram
os patriarcas do modelo ideológico, que, como tudo que desenham, não se embasa
na ciência ou nas pesquisas, vide o desdém que os induziu a negar a Covid-19 e
a vacina para proteção coletiva do povo brasileiro, o que levou à morte quase
700 mil brasileiros.
Priscila Cruz menciona
que há uma confusão entre sociedade e governo sobre o que é escola
cívico-militar e o que é escola militar: "As escolas cívico-militares são
uma espécie de remendo. Elas são um modelo incompleto das escolas militares,
mas são vendidas com o argumento dessas escolas”.
No Brasil, há escolas
militares das Forças Armadas, que têm autonomia para montar o currículo próprio
e costumam reservar vagas para familiares de militares, além de fazerem os
chamados "vestibulinhos". Hoje, o país tem 13 colégios desse tipo.
Para Cruz, o fato de as escolas geridas pelo Exército atenderem, em grande
parte, aos familiares de militares, com um nível socioeconômico mais alto, é um
dos fatores que explica o desempenho desses colégios.
"Essas escolas
militares atendem a uma população diferente, de renda muito maior do que a
renda da população que frequenta escola pública no Brasil. Então, o nível
socioeconômico dessas famílias já é maior", afirma a especialista. Ela
diz, ainda, que o modelo pode expulsar alunos que não se encaixem nele.
Posto isso, as crianças
poderão ser expulsas destas escolas se não se adequarem à linha exigida em
desvantagens aos mais pobres e necessitados. "De certa maneira, são
escolas que acabam lidando só com um perfil de alunos que se encaixam na
proposta de escola cívico-militar", afirma. "Então, quem não se
adapta simplesmente vai embora para outra escola ou não vai para escola alguma,
o que aumenta a evasão escolar", completa.
Na verdade, hoje temos
um governo que não anda junto com as necessidades do povo mais sofrido, temos
um governo que se diz conservador e que convive apenas com os mais abastados.
Esse é um uso equivocado, que não olha para resultado, mas, sim, para uma
plataforma muito mais ideológica e política, já visando às eleições de 2022.
Não há nada técnico nessa proposta.
Piracicaba é uma cidade
com base cultural forte, nossa educação precisa apenas de investimentos e
reconhecimento dos profissionais da educação para produzir cada vez mais
resultados em benefício aos nossos filhos.
Mantemo-nos contrários a essa ideia tacanha e sem futuro de um grupo iluminado por ideologias destorcidas criadas por um semianalfabeto chamado Olavo de Carvalho, que morreu negando a ciência e atingido por uma doença que ele dizia não existir.
José Osmir Bertazzoni (63), Advogado e Jornalista.
E-mail: osmir@cspb.org.br