Foto: Fabrice Desmonts - MTB
Oitiva realizada na manhã desta quinta-feira (3) ouviu três servidores de carreira da autarquia
Em
depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura possíveis
irregularidades no Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto), um servidor de
carreira da autarquia relatou aos membros da comissão ocorrências de furtos de
água praticados por condomínios de luxo e por loteamentos irregulares na zona
rural. A oitiva, realizada durante a manhã desta quinta-feira (3), ouviu três
servidores da autarquia que têm pelo menos 30 anos de serviços prestados.
De acordo com Antônio Carlos Schiavon, que hoje ocupa o cargo de
chefe de divisão de Gestão de Grandes Consumidores, o furto de água dos
loteamentos irregulares ocorre após o Semae fazer a ligação onde existe apenas
uma residência no terreno e, após esse serviço, são construídos muros, colocado
um portão e ruas são abertas. O servidor citou três condomínios irregulares
onde foi detectado o furto de água e a medida adotada pelo Semae foi chamar a
polícia, fazer uma perícia e registrar um boletim de ocorrência no nome de quem
está a ligação.
No caso dos condomínios regularizados, o servidor citou o caso
de um condomínio de luxo que não tinha cumprido a determinação do Semae de
construir uma nova rede de água no local e usava um caminhão pipa para furtar
água e abastecer o condomínio. “Fui, encontrei e tomei as providências como
funcionário do Semae”, relatou. No caso do condomínio de luxo, também foi
realizado um boletim de ocorrência e o responsável vai responder por furto de
água.
Tratamento da água – Na oitiva da CPI do
Semae, também foi ouvido o servidor José Maria Sanglade Marchiori, ex-chefe do
Departamento de Tratamento de Água. Ele tirou as dúvidas da comissão sobre como
é realizado o tratamento da água captada dos rios Corumbataí e Piracicaba, dos
poços artesianos localizados nos distritos de Tanquinho e Tupi e de uma
nascente no distrito de Ibitiruna. Ele declarou à CPI que o sistema de
tratamento de água do Semae “é um dos mais modernos do Brasil”.
A servidora Elaine Contieiro Ribeiro, atual diretora do
Departamento de Tratamento de Água, também foi ouvida na oitiva da manhã desta
quinta-feira (3). Questionada sobre as isenções concedidas pelo Semae a
instituições, ela afirmou que mesmo que todos pagassem, a tarifa de água não
seria mais barata. “A energia elétrica é cara, os insumos são caríssimos,
tratar água é caro e é um produto que tem que ser valorizado, independentemente
se tiver tarifa social, o valor da água tinha que ser muito maior”, declarou.
A diretora também foi questionada sobre uma possível revisão desse modelo
e informou que a “questão está sendo trabalhada e está “sendo feita a
discussão”.
Para a vereadora Rai de Almeida (PT), presidente da CPI, a
tarifa social deve ser arcada pelo Tesouro porque a fonte de renda e manutenção
do Semae é a venda de água.
Fiscalização – Além das ocorrências
der furto de água, o servidor Antônio Carlos Schiavon informou aos membros da
comissão que o Semae tem o controle da quantidade das redes de água e esgoto
existentes em Piracicaba e que se presume que se o esgoto é coletado, também é tratado.
Ele relatou que a última vez que teve acesso a esse sistema de controle, em
2016, o percentual de esgoto coletado era de 98%.
O servidor atribuiu deficiência na fiscalização das estações de
tratamento de esgoto geridos pela empresa Mirante, que possui uma Parceria
Público-Privada (PPP) com o município, à falta de funcionários no Semae.
O vereador Anilton Rissato (Patriota), relator da CPI,
considerou uma “falha grave” a falta de funcionários para atuar na fiscalização
das atividades da Mirante. “Apesar de não ser um problema iniciado na gestão
atual, eu não vejo interesse do Semae em fazer essa contratação para que haja
fiscalização apropriada”, declarou.
Para Thiago Ribeiro (PSC), membro da CPI, os três depoimentos
foram importantes. “O Carlinhos (Antônio Carlos Schiavon) está há 37 anos
dentro da autarquia e passou por diversos cargos e departamentos dentro do
Semae. Ele explicou nas oitivas de hoje o que competia a ele dentro da
legalidade de cada cargo que ele ocupou, dentro o trabalho interno e o trabalho
externo que ele fazia nas ruas nesses 37 anos de casa”, destacou o vereador.
A vereadora Rai de Almeida pontuou que foi constatado em
diversas oitivas que os servidores do Semae, que possuem “expertise” em todo
tratamento de esgoto e procedimentos internos não foram ouvidos ou consultados
sobre a necessidade da PPP. “Vários depoimentos tem permeado a opinião como
servidores e também como cidadãos”, afirmou.
A próxima oitiva está agendada para esta segunda-feira (7).
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV