Foto: Davi Negri - MTB
Integrantes da
comissão visitaram, na manhã desta quarta-feira (9), a empresa LEF Cerâmicas,
que questiona cobrança feita pela autarquia
A
presidente da CPI do Semae, vereadora Rai de Almeida (PT), e o relator,
vereador Anilton Rissato (Patriota), apontam uma nova linha de investigação
sobre o contrato da PPP (Parceria Público-Privada) do Esgoto, assinado entre a
autarquia e a concessionária Mirante. Na manhã desta quarta-feira (9), eles
visitaram a LEF Cerâmicas, empresa que questiona cobrança de tratamento de
resíduos, mesmo tendo sistema interno de saneamento.
“Importante
esclarecer que, na verdade, não existe nenhuma dívida constituída (entre a LEF
e o Semae)”, disse Pedro Maniero, gerente jurídico da empresa. Ele explica que
existe, há pelo menos um ano e meio, um processo administrativo contra a
autarquia, onde a empresa questiona cobrança pelo tratamento de esgoto que
considera indevida.
“Nós temos um
hidrômetro, que abastece a parte administrativa, e 100% destas contas estão
quitadas. Já no processo produtivo, temos uma fonte alternativa de captação de
água, que são dois poços artesianos, e realizamos o tratamento em um sistema
fechado, ou seja, não geramos resíduos”, detalha. Maniero acrescenta que parte
da água utilizada na produção retorna limpa ao sistema e outra parte evapora.
“Como é possível ver pela chaminé, de onde sai uma fumaça branca”,
esclarece.
No final de 2020, a
empresa passou a ter a vazão dos poços artesianos sendo verificadas pelo Semae
e, desde então, passou a cobrar os valores referentes ao tratamento de esgoto.
Como a cobrança foi questionada pela empresa, técnicos da autarquia e
representantes da Mirante foram até a LEF Cerâmicas verificar se não
havia despejo de resíduo no sistema.
“Eles fizeram um
teste com uma tinta atóxica para verificar se sai esgoto do nosso sistema
interno, viram que não sai e fizeram um laudo técnico afirmando que a Mirante
instalaria um medidor de vazão para, eventualmente, captar o esgoto. Mas até
agora, ninguém da concessionária veio fazer esse serviço”, acrescenta Maniero,
salientando que a LEF não pode realizar a instalação, já que não é autorizada a
mexer em espaço público.
Ainda como
resultado da visita do Semae e da Mirante, ficou acertado que, caso o medidor
de vazão não fosse instalado, a autarquia tomaria como verdade a argumentação
da LEF Cerâmicas e não cobraria. Mesmo assim, as cobranças continuam sendo
feitas.
“Não existe nenhuma
justificativa formalizada (para a cobrança), apenas realizam a medição todo mês
no medidor do poço, instalado dentro da demanda legal da outorga, e fazem a
cobrança, a qual continuamos impugnando”, esclareceu o representante da LEF
Cerâmica.
Rai de Almeida
avalia que as informações apresentadas pela LEF Cerâmica são imprescindíveis
para a CPI. Ela recorda que, a partir das diligências feitas pela comissão, o
contrato prevê a cobrança do esgoto sobre aquilo que já é tarifado pela água.
“No caso da LEF, que faz captação de água por meio de poço artesiano e realiza
tratamento interno, a tarifa acaba sendo sobre o consumo da água, e estamos
vendo que não cabe essa cobrança”, disse.
A presidente da CPI
disse que deverá se debruçar com mais atenção sobre o caso da LEF, porque a
situação pode envolver outras empresas, com sistemas similares. “Esse é um
problema que estamos vendo à primeira vista e que precisa ser analisado com
maior cuidado. A Mirante não pode receber valor daquilo que ela não tem participação.
Então, vamos colocar um par de óculos com uma lente mais definida para que a
gente dê um parecer”, concluiu.
Anilton Rissato
concorda que, se não há a emissão de esgoto na rede, não existe motivo para que
a empresa seja taxada com essa conta. “A nossa vinda nos traz à luz da verdade
de que alguma coisa está irregular nesta parceria público-privada. Até onde a
gente já estudou, isso não poderia estar sendo cobrado, já que ficou verificado
que a empresa não emite resíduos”, disse, ao também enfatizar que o problema
pode ocorrer em outras empresas. “Temos que apurar e rever esse contrato”,
concluiu.
O sócio
proprietário da LEF Cerâmica, Luiz Fernando Ortigossa Filho, diz que recebeu
com espanto a notícia sobre estarem entre os maiores devedores do Semae. “Isso
fere a imagem da empresa, mesmo sempre tendo cumprido com nossas obrigações.
Agora, temos dois problemas, essa situação da cobrança que questionamos, e o
ataque à imagem da empresa”, disse.
Também participou da visita a assessoria do vereador Thiago Ribeiro (PSC), que é membro da CPI do Semae, e o integrante do Comdema, Juan Sebastianes.
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV