Foto: Fabrice Desmonts


O mundo, em todas as partes do globo, vive numa época em que o normal, o quotidiano, nosso ritmo de vida e sobrevivência, os nossos projetos legítimos, são descompensados por acontecimentos excepcionais em razão das mentiras e da profissionalização da política e dos políticos que não se prendem a princípios elementares humanos que se sucedem.


Antes mesmo de superarmos a preocupação com a pandemia da Covid-19, agora a guerra também. Mas o que posso imaginar ou pensar, até falar? Não morri de Covid-19 e agora inicia-se uma grande guerra? A primeira guerra mundial iniciou-se em julho de 1914, as tensões entre a Tríplice Entente (também conhecida por Aliados) e a Tríplice Aliança (também conhecida por Potências Centrais) inflamaram-se com o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do trono Austro-Húngaro, por um nacionalista sérvio bósnio, durante uma visita a Sarajevo com um disparo de pistola.380, brinquedo hoje nas mãos de brasileiros.


De que forma poderemos planejar, em nossos dias, uma existência normal, quando tudo se torna emergência? O estado de emergência pandêmico parece terminar em março, declaram políticos na televisão e nas redes sociais. Mas a emergência das nossas necessidades e o endividamento do povo no sistema financeiro, monopolizado por cinco (5) bancos no Brasil, não param de crescer. As sanções à Rússia provocaram, consequente, desaceleração abrupta do PIB, as fábricas que já estavam em marcha-lenta desaceleram ainda mais sua produção e não recebem novos pedidos. O impulso ou geração de novos empregos retomarão ainda mais a decadência e a miséria dos trabalhadores, isso é certo. Sonhos de meninas e meninos que querem um emprego e talvez um projeto de vida serão novamente adiados.


O tempo das gerações que nos precederam acabou. O tempo do paradigma estudar, trabalhar e constituir família. A vida, a família, o trabalho, estão cada vez mais precários. Quanto mais precárias as relações afetivas, mais difíceis de alcançar são as relações profissionais, e vice-versa. Será que tudo que é temporário e ocasional passará a atingir e desacelerar essa geração de jovens que buscam o mercado do trabalho? As pessoas entendem que há uma guerra, não por política ou fronteiras históricas, mas por matérias-primas, por seu controle de mercados?


O Brasil, rico em matéria prima, não faz guerra porque entrega criminosamente seu patrimônio por preços irrisórios a todas as nações que nos influenciam por vantagens aos nossos governos e políticos. Ao invés de investirmos na produção nacional de bens e consumos, entregamos nas commodities o nosso patrimônio nacional e destruímos nosso meio-ambiente, atacando e queimando florestas, envenenando nossos rios com substâncias químicas perigosas e prejudiciais a nossa sobrevivência. Por quê? Lucro, lucro e lucro... Mordomia e luxuria a uma minoria de 7% dos daninhos vertebrados que acumulam todas as riquezas nacionais. Os que sangram e sugam nosso patrimônio com privatizações e entreguismo dos nossos patrimônios, e cada vez mais aumentam a miséria e a desigualdade social do nosso povo.


E assim passamos de uma emergência a outra, dos fluxos demográficos à climática. Tudo é mantido e nada é conveniente. É uma vida limitante a deste milênio. O ritmo está pressionando e você corre o risco de perder o sentido da existência. Você não vive a vida!

 

José Osmir Bertazzoni (63), Advogado e Jornalista.

E-mail: osmir@cspb.org.br

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