Foto: Arquivo Pessoal
A Prefeitura de Piracicaba arrecada diretamente quatro
importantes tributos: IPTU, ISS, ITBI e a taxa de coleta de lixo. A maior parte
do ISS, por exemplo, é recolhido pelas empresas, o ITBI se recolhe na
transferência de imóveis, o IPTU é cobrado pelo valor do imóvel. Em Piracicaba,
o IPTU é progressivo, porque os imóveis (terrenos e prédios) maiores e mais valorizados
“pagam” mais imposto. Os pequenos, menores e menos valorizados, localizados
principalmente nos bairros mais distantes do Centro, recolhem menos.
Por sua vez, a taxa de lixo, instituída no Código Tributário,
foi para cobrir parte das despesas dos serviços de coleta e disposição final do
lixo e, claro, para melhorar o saneamento da cidade e a saúde pública. A sua
cobrança é diferente e todos têm que pagar por meio de uma pontuação, onde se
recolhe lixo uma vez por semana, paga menos. Duas vezes por semana, paga um
pouco mais e assim por diante.
Ao contrário do IPTU, a taxa de coleta de lixo é regressiva,
pois na mesma área um imóvel com 300 m2 de construção e que gera
mais lixo, paga o mesmo valor de um imóvel de 50 m2 que, na prática,
gera menos. Dito de outra forma: quem tem mais paga igual a quem tem menos.
Por essa razão e para fazer justiça social, em geral as
prefeituras não costumam cobrar por todo o serviço de coleta e destinação do
lixo recolhido nas cidades. Com isso, elas subsidiam parte desse importante
serviço e aliviam a conta para as famílias de mais baixa renda. Pode haver
exceções, mais em geral essa é a regra e Piracicaba não é exceção.
A
atual gestão apresentou à Câmara Municipal projeto de lei propondo aumento de
41,3% na taxa de coleta de lixo, retirando parte dos subsídios. A proposta foi
rejeitada pelos vereadores. Diante da derrota, a Prefeitura de Piracicaba
lançou a taxa do lixo com os mesmos 41,3% de aumento já rejeitado pelos
vereadores. Essa questão não foi bem explicada.
A
proposta aumenta mais para os imóveis populares, principalmente aqueles
implantados pela CDHU, Cohab – Campinas, cooperativas habitacionais, programa
Minha Casa Minha Vida e diversos outros empreendimentos particulares. Muitas
vezes, esses imóveis pagam a taxa de lixo maior que o IPTU. Essa é uma política
ao contrário da boa política social, que era executada até agora.
O
resultado é uma “cópia” da atual política de preços da energia elétrica, do gás
de cozinha, da gasolina, etanol e diesel, cujos preços subiram de 25% a 50% nos
últimos anos, bem superior à inflação de 10,06% de 2021. Com o IPTU aumentando
13,46% e a taxa de lixo 41,3% boa parte dos carnês das habitações populares
terão aumento entre 25% e 36%.
Por tratar-se de uma política de saneamento básico, a coleta e disposição final do lixo, a sua taxa, agora aumentada em 41,3%, poderia contar com uma taxa social. Por fim, faltou transparência por parte da atual gestão municipal. Não houve debate e explicação para aumentar a taxa de lixo nesta proporção e o próprio site da Prefeitura omitiu essa informação da população. Por quê?
Artigo
Assinado por: Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba.