Foto: Davi Negri - MTB
Em oitiva realizada na manhã desta segunda-feira (14), os depoentes também falaram sobre a falta de investimentos na autarquia mesmo com arrecadação apropriada
Apesar
dos reajustes das tarifas cobradas pelo Semae (Serviço Municipal de Água e
Esgoto) estarem sempre acima da inflação, não há investimentos por parte da
autarquia na melhora do abastecimento e nos casos de perda de água. Este foi o
entendimento dos técnicos ambientais Juan Antônio Moreno Sebastianes e Roberto
Braga, ouvidos na manhã desta segunda-feira (14), em oitiva da CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) do Semae.
O ex-secretário de Defesa do Meio Ambiente, Juan Antônio Moreno
Sebastianes apontou comunidades e condomínios em Piracicaba que não
possuem tratamento de esgoto e mesmo assim recebem a cobrança por parte da
empresa Mirante. São eles: comunidades Frederico e Cajamar que, de acordo com o
depoente, recebem água do Semae, mas o esgoto é lançado direto no córrego;
bairro Coluna Verde e comunidades Pantanal e Três porquinhos, com esgoto
lançado a céu aberto; Chácaras no Serrote (que recebem água e não tem
tratamento de esgoto – mas, de acordo com o depoente, o Semae paga à Mirante),
e ainda o bairro Monte Alegre (que não tem tratamento nem coleta de
esgoto).
Juan Sebastianes representa o COMDEMA (Conselho Municipal de
Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba) no Conselho de Regulação e Controle
Social, órgão que tem a função de atuar como mecanismo de controle social nas
atividades de planejamento, regulação e fiscalização dos serviços públicos de
saneamento, na esfera de atuação da ARES-PCJ (Agência Reguladora dos Serviços
de Saneamento das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí).
O ex-secretário declarou ser “injustificável” a realização de
uma Parceria Público-Privada para fazer o tratamento de esgoto no município
porque a tarifa de esgoto cobrada pelo Semae teve diversas “taxas e sobretaxas”
para a viabilização de recursos e a autarquia teria condições e recursos
próprios para o tratamento de esgoto. Ainda sobre as taxas cobradas pelo Semae,
o depoente frisou que “os reajustes sempre são acima da inflação” para evitar a
falta de água e conter vazamentos, no entanto, os problemas seguem acontecendo.
O professor doutor Roberto Braga, que atua no Instituto de
Geociências e Ciências Exatas da UNESP, também representa o COMDEMA no Conselho
de Regulação e Controle Social. Na oitiva, ele criticou a falta de
investimentos por parte do Semae, levando em conta as tarifas sempre acima da
inflação. Para ele, os índices de perdas de água, que ultrapassam os 50%,
são “inaceitáveis”. “A gente vê uma tarifa muito alta, no entanto, os
indicadores não melhoram e continuamos com números escandalosos (de vazamentos
e perdas de água)”, afirmou. Ele concluiu que se a tarifa está sempre acima do
uso, significa que está sobrando dinheiro. “Estamos vendo muito dinheiro indo
para o Semae e para o saneamento público e não vejo resultados”, afirmou.
Para a vereadora Rai de Almeida (PT), presidente da CPI do
Semae, a oitiva da manhã desta segunda (14) traz novas informações porque o
Semae é “superavitário” já que as tarifas sempre foram cobradas acima da
inflação. De acordo com a vereadora, "cabe uma dúvida" de como está
sendo feita a gestão do Semae porque a autarquia é superavitária. “Não houve
investimento e por isso não houve uma melhora nos índices de produtividade”,
afirmou.
Criada para apurar possíveis irregularidades na autarquia e na Parceria Público Privada (PPP) firmada com a empresa Mirante para coleta e tratamento de esgoto na cidade, a CPI do Semae tem como membros a vereadora Rai de Almeida (PT), presidente; Anilton Rissato (Patriota), relator; e Thiago Ribeiro (PSC), membro.
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV