Foto: Arquivo Pessoal
A vida é também encontros! Conheci o
professor Elder Santis no ano de 2000, quando passei a integrar a equipe de
professores dos Colégios Salesianos Dom Bosco, tanto na unidade do Cidade Alta
quanto no Assunção. Eu estava assumindo as disciplinas de ensino religioso e
filosofia. Fomos formalmente apresentados nos encontros de planejamento
pedagógico daquele ano. Professor Elder ministrava as aulas de português e
redação para as turmas do ensino médio. O planejamento foi também uma
oportunidade para conversarmos muito, dando início a uma forte e duradoura
amizade.
Grande
entusiasta da educação, professor Elder nunca passava despercebido em uma
reunião pedagógica, com suas considerações e ponderações sempre muito bem fundamentadas
e decisivas. Como leitor assíduo e estudioso atento, professor Elder conhecia
como ninguém as teorias no campo da educação. Sem dúvida Elder, com suas
contribuições sempre relevantes e assertivas, dava o tom daquelas reuniões
pedagógicas, muito antes de se tornar o grande coordenador no colégio Dom Bosco
Cidade Alta. Entendo que nossa amizade teve início também por afinidade
pedagógica.
Elder foi um professor incansável,
criativo, ousado, dedicado, com uma didática envolvente e sempre aberto às
inovações pedagógicas. Confesso que faltam adjetivos para definir sua presença
marcante no universo dos colégios Dom Bosco e nos demais espaços que atuou como
docente. Professor Elder foi um educador em tempo integral. Ele não tinha uma
carreira no magistério, tinha uma vida voltada para formar os jovens estudantes
e educar pessoas.
Lembro-me que nos reuníamos com certa
frequência, Elder, Marcos Scopinho e eu, para construirmos projetos
interdisciplinares, lá na chácara do professor Marcos, em Ipeúna. Marcos Desan
Scopinho era o professor de história, também com formação em filosofia. Por um
período formávamos um trio inseparável, sempre formulando projetos, entendendo,
na prática, que o processo de ensino-aprendizagem tinha que contemplar uma
dinâmica complexa, na interdisciplinaridade dos saberes. Tempo de profunda
amizade, intensa convivência e muito aprendizado.
Recordo-me com muito afeto que certa
vez, em minha casa, contemplando meus livros, professor Elder comentou: quando
eu me aposentar quero ficar apenas em companhia dos livros, lendo, estudando e
aprendendo. Com uma vida marcada pelas exigências do trabalho, com intensa
carga-horária de aulas e muitas tarefas, professor Elder sempre buscava mais
tempo para suas leituras e estudos. Celebrou muito ao ingressar no mestrado em
educação, quando pode aprofundar suas leituras e reflexões sobre o pensamento
complexo no campo da educação. Elder foi mesmo um educador completo e complexo,
que amava profundamente aprender e ensinar.
Elder era portador de uma certa alegria
sarcástica, talvez um humor inglês, capaz de dizer sim à vida, mesmo diante das
situações mais tensas e difíceis. Nossa amizade se estreitou tanto, que
escolhemos Elder e sua companheira Adriana para serem os padrinhos de nossa
filha, Laila. Então nos tornamos compadres, como ensina a bela tradição
Católica.
Como grande educador que era, Elder foi
também um perito em se reinventar. Entregou-se de corpo e alma quando estava no
Dom Bosco. Semelhante a um amor platônico não correspondido, revelando um
grande equívoco de gestão por parte dos padres salesianos, foi
inexplicavelmente demitido. Situação que lhe impôs grande sofrimento. Sem
abandonar a área da educação, Elder passou a se envolver com a atividade de
marcenaria, criando objetos, encantando com sua criatividade, uma performance
que contemplava muitos talentos e predileções.
É com o coração entristecido e com o mais profundo sentimento de pesar
que recebemos a notícia da repentina partida do nosso querido amigo e compadre professor
Elder Santis, que deixa um belo, precioso e inestimável legado na educação em
Piracicaba e nos Colégios Salesianos de Dom Bosco em particular. A partida do professor Elder abre um vazio em
nossos corações. Beijos, querido amigo e companheiro de tantos projetos
educacionais. Nosso abraço cheio de amizade à querida comadre Adriana e em seus
filhos amados Ana Júlia, Cassiano e Elderzinho. Que o bom Deus seja sempre
nossa força e esperança! Guardo a esperança de ainda nos encontrarmos em novas
jornadas, novos projetos, na transcendência da vida!
Artigo assinado por: Adelino Francisco de Oliveira, Doutor em Filosofia, Mestre em Ciências da Religião e Professor no Instituto Federal, campus Piracicaba.
@Prof_Adelino_