Foto: Arquivo Pessoal
A
greve dos servidores públicos municipais de Piracicaba é um movimento que
defende, sobretudo, os direitos de cidadania da população em geral. Além de
reivindicar uma correção salarial justa, capaz de repor minimamente perdas
acumuladas, os servidores também denunciam o processo de sucateamento e
desmonte dos aparelhos públicos da cidade. Não é uma luta apenas por salários,
mas também pela qualidade dos serviços públicos à população. No limite a greve
dos servidores coloca em pauta a garantia de acesso aos direitos de cidadania
em Piracicaba.
A
greve representa o contundente grito de insatisfação geral em relação à política
neoliberal, com a concepção de Estado mínimo, que tem dado o direcionamento das
ações da atual gestão. A política de desmonte dos serviços públicos e a
desvalorização dos servidores já alcançaram a um nível insuportável. A greve
significa justamente esse grito de basta! Por isso os servidores municipais,
que atuam nas mais diversas áreas de atendimento à população, merecem o apoio e
a solidariedade de todo o conjunto da sociedade.
A
política neoliberal sempre busca favorecer a iniciativa privada, em detrimento
dos investimentos públicos em prol da construção de uma sociedade mais justa e
solidária. A cidade tem grande carência de políticas públicas que enfrentem e
combatam as graves injustiças sociais. A concentração de riquezas nas mãos de
uns poucos e a expansão da pobreza são o resultado direto dessa política
econômica neoliberal.
A
população tem acompanhado, não sem perplexidade, o fechamento de importantes
aparelhos públicos e a tentativa de desmonte de serviços fundamentais. É fácil
apresentar uma lista, que infelizmente só tende a crescer, dos planos de
fechamento e desmonte que estão em curso na cidade: observatório astronômico; Pinacoteca;
Biblioteca Municipal; Albergue Noturno; Museu da Imagem e do Som; ataque e
enfraquecimento dos Conselhos Municipais, especialmente o Conselho de Municipal
de Política Cultural (COMCULT) etc. Soma-se a tudo isso o estarrecedor
aparelhamento da rádio educativa e da total ausência de investimento em
conservação e manutenção dos aparelhos públicos.
Sucatear serviços, arrochar salário dos
servidores, não propor plano de carreira e formação permanente, além de outras
práticas que reforçam a perspectiva do Estado mínimo, trazem prejuízos
incalculáveis à sociedade e à população, principalmente para os segmentos mais
vulneráveis. A cidade constata, a duras penas, que o programa neoliberal revela
não ter nenhum compromisso com os princípios de direito e justiça.
Nesse
momento de luta social e política, todos e todas, que defendem uma sociedade
justa e plena em direitos, devem se colocar ao lado dos servidores municipais. A
mobilização de greve contempla a luta por justiça, por dignidade, por cidadania.
A democracia pede que os serviços públicos sejam ampliados e fortalecidos, não
desmontados em prol dos interesses do mercado global. A prefeitura deve abrir diálogo
com o sindicato e as lideranças dos servidores municipais, reconhecendo a
legitimidade e legalidade de suas pautas e reivindicações.
A
cidade é o espaço por excelência onde as pessoas exercem a cidadania, sua
capacidade de decidir e experimentar a liberdade. Politicas públicas são
essenciais. Os funcionários públicos pensam e implementam ações que garantem o
mínimo e reforçam o que é fundamental no processo civilizatório: dignidade,
acolhimento, proteção e inclusão!
Artigo assinado por: Prof. Adelino Francisco de Oliveira, Professor no Instituto Federal, campus Piracicaba e Doutor em Filosofia e Mestre em Ciências da Religião.
@Prof_Adelino_