Foto: Guilherme Leite - MTB

Evento da Escola do Legislativo, realizado no Varejão da Paulista, nesta segunda-feira, abriu a 5ª Semana de Conscientização da Alergia Alimentar.

Na abertura da 5ª Semana de Conscientização da Alergia Alimentar, feirantes e produtores locais receberam orientações sobre como informar e prevenir o cliente sobre ingredientes que ele pode acabar encontrando em itens que consome. Isso porque, dependendo da forma como uma matéria-prima é obtida, há chances de ela conter frações de outros componentes que geram reações alérgicas.

É o caso, por exemplo, da aveia, que, embora seja naturalmente livre de glúten, pode "carregá-lo" se tiver sido armazenada em estruturas que, antes, guardaram trigo. O alerta foi dado pela bióloga Érica Speglich, que integra o coletivo Acolhimento Alimentar, em palestra ao público que compareceu ao Varejão da Paulista na tarde desta segunda-feira (16), numa parceria da Escola do Legislativo com a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento.

"É importante que os produtores de varejões tenham o conhecimento de todos os caminhos por onde um alimento passa, o que geralmente é fácil, pois são eles que o produzem. Saber o substrato que usam, qual substância colocam nas produções, para poderem informar quando o consumidor pergunta", ressaltou Érica, que falou sobre o tema "Rótulos seguros: as embalagens de alimentos devem ter alerta para quem tem alergia alimentar".

A palestra foi a primeira de uma série de três que acontecem durante a Semana de Conscientização da Alergia Alimentar (as outras duas serão nesta terça e quarta-feira), instituída na Câmara pelo decreto legislativo 17/2018, de autoria da ex-vereadora Nancy Thame, hoje secretária municipal de Agricultura e Abastecimento. Ela participou do evento de abertura e destacou as ações da pasta para expandir o conhecimento sobre o assunto.

"Temos 14 programas na Secretaria e dois deles conversam diretamente com a questão da alergia alimentar. Um deles é o Selo do Produto Local: temos um número muito grande de produtores locais e precisamos qualificar esses produtos e estimular a população a consumir o que é nosso, fortalecendo a economia circular. Paralelo ao Selo, estamos num projeto já bastante adiantado da Cozinha Experimental, em que essas pessoas que produzem no município vão receber qualificação, para intensificarmos esse mercado", explicou.

Aos comerciantes e produtores, Érica, que também é membro do Conselho de Alimentação Escolar em Piracicaba, listou os principais causadores de alergias alimentares: leite, crustáceos, ovos, peixes, amendoim, soja, castanhas, látex natural (presente em algumas frutas) e o grupo formado por trigo, centeio e cevada, em razão do glúten.

"Esses alérgenos são responsáveis pela maior parte dos problemas de quem tem alergia. Por isso, a rotulagem de alimentos é essencial; digo que isso salva a minha vida todos os dias", comentou Érica, que é celíaca. Ela classificou como "muito boa" a legislação brasileira que trata da exigência de informar nas embalagens a composição dos produtos alimentícios, com destaque para o regramento estabelecido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Segundo a bióloga, as informações devem abranger todas as fases até a chegada do alimento à mesa, entre elas o processo produtivo, o armazenamento das matérias-primas e o transporte. Érica usou o exemplo do milho, que pode passar a conter glúten se tiver sido estocado num silo que, em outro momento, foi usado para guardar trigo. Risco semelhante tem a aveia. "A aveia é colocada em rotatividade com outras culturas, como o trigo, e só de ser plantada no mesmo ambiente e usar o mesmo transporte e armazenamento que ele, ela passa a conter glúten, já que pode ter trigo misturado no meio dela."

Por essa razão, explicou a palestrante, a legislação obriga que os rótulos informem sobre a potencial presença de alérgenos num produto. "Os alérgenos podem não estar nos ingredientes principais usados para a produção, mas aparecerem em algum cruzamento na embalagem, no transporte; por isso, é preciso que a fabricante coloque no rótulo que esses traços estão presentes. A decisão final do consumo é do consumidor", reforçou.

Francine Tavares de Souza, feirante no Varejão da Paulista que há oito anos comercializa produtos derivados do milho, contou que os alertas já fazem parte da relação que mantém com seus clientes. "No meu suco de milho vão leite condensado e leite, então toda vez que vou vender eu pergunto ao cliente: 'Você é alérgico a lactose?', e a pessoa compra ou não", exemplificou.

Já o bolo de milho que Francine faz é livre de glúten. "Eu já anuncio falando: ele não tem glúten, porque não vai trigo, nem fermento. Faço com todos os cuidados que o produto pede: um liquidificador e um forno próprios, só para ele. Tenho muitos clientes do meu bolo de milho porque é sem risco nenhum para quem tem alergia, porque não vão ovo, manteiga nem leite: é 100% milho", garantiu.

O vereador Gilmar Tanno (PV) também trouxe a experiência das pessoas que compram produtos de sua horta. "Todo o pessoal que vai lá vê como é plantado, colhido, lavado e embalado", contou. Ele acompanhou a palestra junto com a vereadora licenciada Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade É Sua, que é a diretora da Escola do Legislativo.

Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV

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