Foto: CCS/ Prefeitura de Piracicaba
Nesta Administração, serviço foi aprimorado com a criação da Sala Patrulha Maria da Penha, realização de palestras de conscientização e parcerias para capacitação profissional das vítimas.
A Patrulha Maria da Penha, serviço da Guarda
Civil Municipal da Prefeitura de Piracicaba, completou cinco anos em maio com o
saldo de atendimento de 2.474 vítimas que possuem medida protetiva concedida
pelo Judiciário. Nascida com o objetivo de reduzir as estatísticas de violência
doméstica na cidade, a Patrulha realizou até segunda-feira, 30/05, 70.369
rondas e prendeu 130 agressores em flagrante delito nestes cinco anos.
Nesta Administração, o serviço ultrapassou a
ronda dos endereços residenciais para atendimento às vítimas e se tornou um
espaço para que as mulheres se sintam acolhidas, com a abertura da Sala da
Patrulha Maria da Penha, em março deste ano, em imóvel próximo ao Terminal
Central de Integração. Outra ação para otimizar o serviço é a realização de
palestras em empresas e condomínios e parceria com secretarias municipais e com
a rede de atendimento à mulher. Essas parcerias resultam na capacitação profissional
das vítimas de violência e lhe dão coragem para denunciar seu agressor, medidas
capazes de romper o ciclo de violência. Todas essas ações juntas formam uma
rede de proteção às vítimas da violência atendidas pela Patrulha Maria da Penha.
“A Patrulha Maria da Penha, nesses cinco anos,
conseguiu ajudar muitas vítimas de violência doméstica. Conversando com elas,
percebemos que viviam perdidas, sem saber a quem recorrer, até mesmo para sanar
as dúvidas de como sair do ciclo da violência. Hoje, estamos conseguindo
divulgar um pouco melhor o nosso trabalho, para que as mulheres possam vir até
nós; temos uma sala própria para atendimento, um celular com Whatsapp, material
deixado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) entregue durante o Boletim de
Ocorrência, entre outras ferramentas”, explica Fernanda Nardon, coordenadora da
Patrulha Maria da Penha.
Fernanda Nardon, na sala da Patrulha, comenta os avanços ao longo dos anos - foto: CCS/ Prefeitura de Piracicaba
Para Fernanda, que integra o grupamento há 4 anos, os novos serviços são
um progresso enorme para a Patrulha. “Esperamos aumentar o nosso trabalho com
palestras para as vítimas e os agressores. O nosso intuito inicial era proteger
as mulheres, mas hoje, ele é muito mais abrangente. Pretendemos mostrar para as
mulheres nosso trabalho, o trabalho da rede de proteção, o que é a violência
doméstica e também ao homem, como não ser um agressor, como respeitar a medida
protetiva, como ele deve proceder em diversas situações. Para isso, usaremos o
trabalho preventivo com as palestras”, explica a coordenadora.
Para o comandante da Guarda Civil, Sidney Miguel da Silva Nunes, a
intenção é, cada vez mais, melhorar o serviço. Uma das ações para isso é a
ampliação da frota. “A tendência do nosso trabalho é qualificar mais. Minha
intenção é aumentar o número de componentes e com a nova modalidade de
ampliação de viaturas, que será feito por meio da locação de
veículos, poderemos ampliar a frota e o número de pessoas qualificadas
para este atendimento”, disse.
“Nós gostaríamos de não ter que realizar este serviço, porque
pretendíamos uma sociedade em que haja respeito, Mas enquanto ainda não
conseguimos, queremos é qualificar ainda mais o atendimento prestado a este
público por meio da Patrulha Maria da Penha e de outros serviços públicos”,
frisa o prefeito Luciano Almeida
AJUDA - Para Suelen (nome fictício), 24 anos, que solicitou medida protetiva após ser sistematicamente perseguida pelo ex-namorado, o trabalho da Patrulha ajudou muito num período em que ficou muito ansiosa. “Eu me senti muito acolhida pela equipe, que me transmitia segurança. Fui acompanhada quase um ano pela Patrulha e o atendimento deles foi muito importante para que eu atravessasse este período. Além do meu endereço residencial, eles também patrulhavam o local do meu estágio”, conta.
Vítima
relata que a equipe da Patrulha foi acolhedora no momento de grande ansiedade
que atravessou - foto: CCS/ Prefeitura de Piracicaba
Ela relata que namorou o agressor por seis meses e que nunca foi agredida fisicamente por ele, mas quando estava com três meses de união percebeu que seria uma relação complicada para prosseguir. “O perfil dele era de uma pessoa manipuladora e observadora. Quando eu tentava terminar, ele me fazia acreditar que não deveria. Mas eu consegui quebrar este ciclo e terminei. Só que ele não aceitou o fim da relação e começou a me perseguir, o que me causou um grande estresse e ansiedade. Saí de redes sociais e tudo o mais para tentar fugir da perseguição, até que um dia, numa festa, ele me pegou forte pelo braço e eu decidi fazer o boletim de ocorrência. Na delegacia descobri que ele já tinha histórico de agressor contra a ex-mulher e decidi solicitar a medida protetiva”.
Suelen disse que deixou de fazer muita coisa e que o que lhe ajudou, além da Patrulha, foi o refúgio na religião. “Eu agradeço o trabalho que a Patrulha fez por mim. Com ela consegui superar esta situação”, ressaltou.
Suelen
encontrou segurança na religião e na Patrulha para atravessar o processo -
foto: CCS/ Prefeitura de Piracicaba
PROTEÇÃO - Criada em 2017, a Patrulha Maria da Penha, serviço da Guarda Civil, tem a finalidade de proteção de mulheres que foram vítimas de agressão doméstica ou familiar e, por decisão judicial, possuem medidas protetivas determinando que os agressores fiquem longe das vítimas, não ultrapassando um limite mínimo de aproximação. A equipe, que tem treinamento específico que capacita para o trabalho, monitora as vítimas 24 horas e a ronda dos patrulheiros consiste em evitar que os agressores descumpram as medidas protetivas, ameacem ou agridam a vítima.
Ronda inclui endereços residenciais e de trabalho das vítimas - foto: CCS/ Prefeitura de Piracicaba
Para aprimorar a atuação da Patrulha, ela mantém diálogo com outros
atores da Rede de Atendimento à Mulher no município, como o Centro de
Referência de Atendimento à Mulher (Cram), os Centros de Referência
Especializado de Assistência Social (Creas), outros serviços ligados à
Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), o
Conselho Municipal da Mulher e a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Isso
fortalece a proteção das vítimas e a redução dos índices de violência.
NÚMEROS - No comparativo de janeiro a abril
dos anos de 2021 e 2022, as estatísticas revelam que em 2022 houve um maior
número de medidas protetivas recebidas pela Patrulha: 201, em 2022, e 188 em
2021. Já o número de flagrantes no período foi maior em 2021: 14 contra 11 em
2022. Os monitoramentos também foram maiores em 2021, sendo 507 em 2021 e 279
em 2022. As rondas realizadas tiveram um aumento de 19% em 2022, com 7.023
rondas nos quatro primeiros meses do ano, e 5023 em 2021. O número de conduções
ao plantão policial também foi maior em 2022, com 71 conduções ante a 55 em
2021.
O aumento de medidas em 2022, segundo Fernanda Nardon, coordenadora da Patrulha Maria da Penha, pode estar ligado ao feminicídio ocorrido em Piracicaba em março, em frente a uma escola estadual, que foi largamente publicizado. As imagens do feminicídio assustaram muitas mulheres, que buscaram informações sobre como se protegerem de agressores.
Localização
da sala da Patrulha permite que o acesso pelas vítimas seja ampliado - foto:
CCS/ Prefeitura de Piracicaba
SERVIÇO – As pessoas vítimas de violência em Piracicaba podem acionar os seguintes serviços: Sala Patrulha Maria da Penha: Avenida Armando de Salles Oliveira, 2001. Segunda a sexta-feira, das 8h às 16h; Cram (Centro de Referência de Atendimento à Mulher): rua Coronel João Mendes Pereira de Almeida, 230, Nova América. Segunda a sexta-feira, das 8h às 17h; Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social): serviço funciona em dois endereços das 8h às 17h; Creas I: Rua Coronel João Mendes Pereira Almeida, 232 – Nova América; Creas II: Rua Antônio Cobra Filho, 405 – Jardim São Vicente II – Distrito de Santa Teresinha; Delegacia de Defesa da Mulher (DDM): Rua Alferes José Caetano, 1018. Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. 1° Distrito Policial: R. do Vergueiro, 888 – 24 horas.
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV