Foto: Davi Negri


O desenrolar desta linha do tempo começa com um contrato de quase R$ 30 mil da Câmara de Vereadores com uma agência de viagens para cuidar das passagens áreas dos parlamentares – e, sempre, os valores importam porque é dinheiro do cidadão, mas, aqui, as cifras dão lugar ao protagonismo da falta de transparência. Seguindo, o contrato com a Voar Turismo teve início no dia 8 de novembro de 2021 e os pagamentos, de lá para cá, somam R$ 4.302,45 descritos como ‘passagens e despesas com locomoção para o país’. A contrapartida para o orçamento público do Legislativo é um desconto de 5%, concedido pela agência sobre o valor das passagens aéreas. Conforme registro da Receita Federal, o cadastro da agência localiza a empresa em Palmas, no Tocantins. E a ‘história’ é bem confusa.

Pelo o que se pôde entender, entre licitação e pagamentos já realizados, o valor exato de R$ 29.117,18 fechado com a empresa recebe descontos conforme o Legislativo usa passagens. Pensando que o caso seja de obter voos mais baratos, o contraponto é que a empresa só deveria se interessar pela venda havendo algum lucro. Mas, os gastos são obscuros.

No Portal da Transparência, o valor de R$ 4.302,45 está dividido em dois pagamentos. O primeiro é do dia 7 de dezembro do ano passado, num valor de R$ 3.494,95. O segundo, de 24 de fevereiro deste ano, totalizou R$ 807,50. Entretanto, não há nenhum registro no mesmo portal da Câmara sobre os nomes dos passageiros, quais foram os destinos e objetivo das viagens – as despesas dos vereadores com viagens usando carros oficias e diárias de viagem têm etapas mais claras para usar o orçamento da Casa. E a situação com voos também impossibilita à reportagem um comparativo com preços praticados ao consumidor tradicional.

 

Além de ter dado prosseguimento na contratação de uma única empresa exclusiva para cotar o serviço – o que poderia ser executado por assessores dos vereadores e, no caso da agência, não há real comprovação de descontos relevantes à Câmara – a ata da negociação de 21 de outubro de 2021 aponta que a Voar Turismo não tinha Certidão Negativa de Falência e Concordata, documento exigido no edital. Mas, o problema foi contornado após quatro dias com a empresa apresentando o documento.


Após toda pesquisa da reportagem relatada acima, no fim da tarde de ontem, a assessoria da Câmara confirma o valor da licitação e o 'benefício' do desconto de 5% – permanecendo a falta de transparência sobre o questionamento quanto à demanda pela agência, que não foi incluída na resposta, apesar de uma segunda cobrança da reportagem.


“O pagamento é feito apenas quando há a viagem, sendo três realizadas até o momento. A contratação permite aos vereadores a realização de viagens oficiais a órgãos, como a Câmara dos Deputados e Senado Federal, para tratar de assuntos de interesse do munícipio e busca de emendas parlamentares, por exemplo, função que não pode ser desempenhada por assessores”, informa a nota da Casa de Leis, corroborando quanto à falta de respostas ao que foi questionado sobre o que foi demandado pela vereança da agência de turismo até o momento.


A reportagem é do Diário Piracicabano.


A Rádio Metropolitana entrou em contato com a comunicação da Câmara, mas não recebemos nenhuma resposta até a publicação desta matéria.


Publicado por Danilo Telles, Jornalsita Rádio Metropolitana

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