Foto: Arquivo pessoal
Dia 26 de junho foi a data nacional de conscientização sobre os problemas gerados pela diabetes. Níveis cada vez mais crescentes da doença no Brasil vêm incidindo na maior procura e realização de cirurgias bariátricas. Isso porque, a cirurgia pode reverter o quadro da doença ou até mesmo possibilitar o controle em até 90%, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
O Brasil é hoje um dos países com a mais alta taxa de pessoas com
obesidade no mundo e a pandemia também contribuiu para agravar esse quadro, que
é porta aberta para o diabetes, doença que traz limitações à vida.
Embora a cirurgia bariátrica deva ser a última alternativa no
processo de emagrecimento, no ano passado 9,14% da população brasileira com
mais de 18 anos de idade tornou-se diabética, um índice quase 12% maior que em
relação a 2020, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A diabetes
é, sim, um dos principais fatores para indicação de cirurgia bariátrica em
pessoas obesas.
A diabetes afeta ainda mais pessoas obesas porque são as que
possuem maior resistência periférica à insulina, devido à camada de gordura. E
o efeito cascata está instaurado: comprometimento da visão, danos aos rins
e até perda de membros. Caso comum é o do pé diabético, quando a pessoa diabética
machuca a região dos pés e nem percebe, pois a lesão nos nervos reduz a
percepção dolorosa e a má circulação prejudica a capacidade cicatricial. Sem
tratamento, a lesão piora, podendo levar à amputação.
Com a pandemia, muita gente permaneceu em casa, descuidou da saúde
e se afastou da assistência médica direta, já que as redes de atendimento foram
ocupadas por casos de Covid-19. Por isso, vimos uma queda na realização de
bariátricas e um aumento na quantidade de pessoas com problemas.
Para se ter uma ideia, em 2019 foram feitas 12.568 bariátricas
pelo SUS. Já no ano passado, devido à pandemia, o número caiu 81,7%, chegando a
2.296. A demanda reprimida levou a um mutirão de cirurgias bariátricas na rede
pública dos Estados do Paraná, São Paulo, Bahia e Pernambuco em março desse
ano.
A saúde do organismo depende de cuidados permanentes, que devem
fazer parte da rotina, respeitando as necessidades e limitações individuais. O processo
de emagrecimento também ocorre de maneira diferente para cada pessoa, por isso exige
respeito às particularidades.
O Ideal é buscar uma abordagem multidisciplinar, que inclua
acompanhamento médico, de nutricionista, educador físico e até mesmo
psicológico, tratando a saúde de forma global e compreendendo os motivos da
obesidade para sanar o problema.
O corpo é a máquina que nos sustenta, precisa ser respeitado. Como disse, a diabetes é uma doença que traz limitações à vida e cuidar da sua “máquina” vai te deixar livre dessa e de outras complicações.
Artigo assinado por: Dr. Douglas Yugi Koga, cirurgião do aparelho digestivo, especialista
em cirurgias bariátricas, diretor do Gastrocentro de Piracicaba, além de membro
do corpo clínico dos Hospitais dos Fornecedores de Cana e Unimed Piracicaba.