Foto: Guilherme Leite - MTB
Projeto de lei que autoriza município a tomar empréstimo junto a banco do Governo do estado foi aprovado em dois turnos em reuniões extraordinárias nesta quarta-feira(29).
A contratação de empréstimos
pelo Município no valor de até R$ 50 milhões de reais junto ao Banco
Empreendedor Desenvolve SP, do Governo do estado, para serem empregados no
Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) e na Semob (Secretaria Municipal de
Obras) foi a tônica 13ª e 14ª sessões camarárias extraordinárias de 2022 do
Legislativo piracicabano, realizadas na tarde e início de noite desta
quarta-feira (29).
A pauta da ordem do dia foi
dedicada exclusivamente à análise do projeto de lei 137/2022, de autoria do
Executivo, com mensagem modificativa, e buscava autorização legislativa para a
contratação da operação de crédito, junto ao Desenvolve SP, para o período de
2023 a 2030.
De acordo com a propositura,
que foi aprovada em dois turnos nesta quarta-feira, o montante de até 50
milhões deverá ser empregado nas seguintes ações:
Secretaria Municipal Obras
(Órgão 08010) – Serviços Urbanos (Unidade Orçamentária 08011)
- Pavimentação de vias públicas
(15.451.0039.1254)
- Infraestrutura e drenagens de
águas pluviais (15.451.0039.1256)
- Eficiência Energética
(15.451.0040.1252)
Semae (Órgão 32310) –
Departamento de Operação/Manutenção (32319)
- Construção e ampliação de
reservatórios e estações elevatórias (17.512.0024.1420)
- Extensão e reforço de rede de
água e instalação de adutoras (17.512.0024.1421)
- Reforma e ampliação das
estações de tratamento de água ETAs (17.512.0024.1422)
O projeto de lei também traz
que os recursos do financiamento “serão obrigatoriamente aplicados na execução
dos projetos integrantes dos programas da Desenvolve SP, vedada a aplicação de
tais recursos em despesas correntes”.
Em seu artigo 2º, a
propositura autoriza o município a “ceder ou vincular em garantia da operação
de crédito de que trata esta Lei, as cotas de repartição constitucional do
Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS e/ou Fundo de
Participação dos Municípios - FPM, até o limite suficiente para o pagamento das
prestações e demais encargos decorrentes desta Lei”.
Nas estimativas de impacto
orçamentário-financeiro encaminhadas em anexo ao projeto de lei, para a linha
“Desenvolve Municípios”, serão tomados pela administração direta R$ 25 milhões,
com taxa de juros mensal de 1,06% (13,50% ao ano), prazo de 96 meses, amortização
de 72 meses e carência a partir de 2025.
Já para a linha de
financiamento “Economia Verde Municípios”, aos R$ 25 milhões a serem tomados
pelo Semae será aplicada taxa de juros mensal de 1,08% (13,78% ao ano), 72
meses de prazo e pagamento de amortização de 60 parcelas, “começando em janeiro
de 2024”.
Discussões – Para Rai de
Almeida (PT), a primeira vereadora da noite a subir à tribuna para discutir o
projeto, a propositura foi encaminhada à Câmara “a toque de caixa”, e não traz
informações detalhadas sobre onde, de fato, os valores emprestados serão
empenhados: "o que significa cada uma destas dotações, onde serão
utilizados esses recursos? É papel dos Executivo nos informar", disse Rai.
Segundo a parlamentar, que
pediu maior atenção aos juros da operação, a Prefeitura possui recursos
suficientes em caixa para arcar com os serviços pretendidos no projeto de lei:
“vamos emprestar 50 milhões, vamos dar uma carta em branco para o prefeito,
pois não estão especificados os serviços nos quais serão investidos, e o
Município vai arcar juros na ordem de mais de 30 milhões de reais. É isso que
está sobre os nossos ombros. Salvo melhor juízo, e com todas as ressalvas que
precisam ser feitas, não há necessidade de empréstimos. Temos excesso de
arrecadação”, analisou a vereadora.
André Bandeira (PSDB),
presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Casa, que emitiu parecer
favorável ao projeto, apresentou em seu discurso dados de audiências públicas
apresentados pela Secretaria de Finanças e que, segundo o parlamentar,
comprovam a disponibilidade financeira em caixa, no primeiro quadrimestre de
2022, de mais de R$ 579 milhões de reais. “Tem bastante dinheiro em caixa, dá
para investir muito na cidade de Piracicaba”, analisou.
O vereador também criticou a
falta de informações mais detalhadas no projeto e salientou “que o nome Semae
não está escrito no projeto, e metade dos recursos vai para ele”. Ele ainda
disse: “essa gestão do Executivo praticamente não vai pagar quase nada desse
empréstimo, vai ficar para as próximas gestões, pois há um período de carência
e, aí, começa-se a pagar. Mas, óbvio, nós temos inflação ao longo desse
período, e isso conta nos juros a serem pagos depois”, ponderou.
Zezinho Pereira (União
Brasil), ao debater a propositura, lembrou que “a população é quem vai pagar
essa conta” e considerou “lamentável” a rapidez na tramitação da propositura,
“sem uma discussão, sem saber efetivamente o que vai melhorar com esse
dinheiro, pois a população vai pagar esse dinheiro, com juros, muito embora sejam
jurus razoáveis”, analisou o parlamentar.
Ao debater o projeto, Sílvia
Morales (PV), do mandato coletivo “A cidade é sua”, também salientou a
disponibilidade financeira da Prefeitura em caixa e criticou a falta do emprego
destas verbas sobressalente: “é visível que a cidade está largada. Praças
malcuidadas, buraco na cidade inteira, saúde um caos, falta de moradia,
reintegrações de posse acontecendo, regularização fundiária para acontecer, e
nada acontece. E sobra dinheiro. Tem dinheiro em caixa e quer ainda mais
dinheiro. Quer mais dinheiro para quê? ”, questionou a parlamentar que, na
sequência, também cobrou maior detalhamento no emprego das verbas pleiteadas
via empréstimo.
Cássio Luiz Barbosa (PL), o
Cássio “Fala Pira”, lembrou que “recentemente, em setembro do ano passado, nós
aprovamos R$ 22 milhões para o Semae” e, em seguida, criticou a qualidade dos
serviços prestados na cidade, em especial em relação a buracos em vias públicas
e vazamentos de água. Em relação ao valor dos juros dos empréstimos, ele
complementou: “serão R$ 32 milhões e 400 mil reais. É a população é quem vai
pagar essa conta. Vai acabar esse mandato e, quem assumir, vai assumir também o
ônus e o bônus”, afirmou.
Para o líder de governo na
Câmara, vereador Josef Borges (Solidariedade), “o excesso de arrecadação que
foi citado aqui, ele é proveniente da inflação. Subiu a inflação, subiu a
arrecadação, porque o produto fica mais caro, recolhe-se mais ICMS, mas, na
verdade, esse valor a mais, ele vai ser usado para pagar contas que também vão
ficar mais caras. Aí eu fico imaginando: se o prefeito for ouvir todos os que
falaram aqui e pegar todo o excesso e gastar tudo, como ele vai pagar lá na
frente”, questionou.
Para Josef os valores a serem
tomados via empréstimo resultarão em “investimentos que esses mesmos vereadores
cobram”.
Na sequência, ao analisar o
projeto, Pedro Kawai (PSDB) defendeu que a obtenção de recursos para a cidade
“é sempre bem-vinda”. Ele, no entanto, frisou que “é importante entendermos
como esse recurso público será usado”, e questionou: “tem projeto para gastar
esse dinheiro?”.
Para o parlamentar, “o
Executivo tem perdido muito dinheiro a fundo perdido no último ano e meio” e
acrescentou: “dinheiro público não foi feito para se ficar economizando, foi
feito para ser investido (...) Empresa quanto tem dinheiro em caixa, é lucro.
Dinheiro público em caixa é prejuízo para políticas públicas”.
Segundo Gustavo Pompeo
(Avante), último vereador a subir à tribuna para discutir a propositura, os
investimentos previsto na propositura serão empregados, por exemplo, na
pavimentação de vias públicas e na instalação de iluminação pública LED, “e
Piracicaba precisa muito disso”, analisou o parlamentar. Ainda segundo o
vereador, “um desses investimentos é para chegar em 30% de perda de água aqui
em Piracicaba”, acrescentou.
O projeto de lei 137/2022 foi
aprovado em primeiro turno na 13ª sessão extraordinária por 12 votos favoráveis
e 1 voto contrário e, na sequência, aprovado em segunda discussão, na 14ª
extraordinária, por 13 votos favoráveis e 1 contrário. Os votos contrários
foram da vereadora Rai de Almeida.
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV