Foto: Bienal Internacional do Livro de São Paulo
A edição já é considerada a ‘Bienal das Bienais’, por visitantes e expositores. Público 10% maior festejou a volta ao formato presencial, e 72,5% se dirigiu à grande festa literária decididos a adquirir livros e ver de perto seus autores preferidos, com grau de satisfação de 90,3%.
Pronta para ficar guardada na lembrança de todos. A 26ª. Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada em clima festivo e de encontro de leitores ávidos por novidades, após quatro anos de isolamento social, levou otimismo aos corredores do Expo Center Norte sobre o futuro do mercado editorial. Com um dia a menos para a sua realização – no período de 2 a 10 de julho -, a expectativa em torno da versão 2022 da Bienal estimulou a venda antecipada de ingressos da ordem de 90% e atraiu 660 mil visitantes, 10% superior ao público da edição de 2018. Segundo ainda pesquisa realizada durante o evento pelo Observatório do Turismo, da São Paulo Turismo (SPturis), o ticket-médio foi de R$ 226,94: um aumento de 40% comparado a 2018.
Foto: Bienal Internacional do Livro de São Paulo
O esforço pela democratização do acesso ao livro foi confirmado pelo
resultado de ações como cashback (no valor pago pelo ingresso) e vale-livro
(voucher individual de R$ 60, distribuído a alunos e educadores da rede
paulistana de ensino), destinados à aquisição de livros direto com as editoras,
no valor de R$ 7,2 milhões, durante os nove dias da Bienal. E não faltou a
diversidade em gêneros literários, para todos os gostos e bolsos, conferidos
num conjunto de 300 autores nacionais e 30 internacionais.
E a demanda aferida pela Bienal, de 7 livros por pessoa, dimensiona o
poder de compra do visitante e disposição para adquirir os livros direto no
caixa do expositor. O conceito de livraria como ponto de encontro dos amantes
dos livros, local apropriado para vivenciar a experiência com as obras e
adquirir exemplares foi reforçado no evento. Do layout ao atendimento, passando
pelos atrativos criados por cada expositor, os estandes se tornaram espaço de
convivência e grande biblioteca de consulta aos títulos ofertados. Ao todo 182
expositores, que disponibilizaram cerca de 500 selos editoriais, numa
prateleira completa e diversificada em gêneros literários, somando 3 milhões de
livros.
Foto: Bienal Internacional do Livro de São Paulo
A nova casa – o Expo Center Norte – recebeu a aprovação de 69,3% e
índice de satisfação dos expositores se situou em 87%, que supera em 25% o grau
de aceitação plena da edição de 2018.
Com motivos para brindar o êxito da grande festa literária, que reafirma
o novo momento e perspectivas para o universo do livro, a partir da Bienal,
Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), realizadora do
evento, frisa o acerto da campanha publicitária: “Todo mundo sai melhor do que
entrou”. A chamada convida os participantes a atestarem o poder transformador
do livro e o evento como polo de encontro com o saber. “A melhor campanha de
todos os tempos, que traduz o objetivo de posicionar o livro como protagonista
da mudança de cada leitor”, avalia ele ao completar “outra importante conquista
é identificar o quanto a Bienal cumpre o papel de difusor de negócios e
relacionamento para os players do setor”.
Foto: Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Inserir o evento, cada vez mais, na rota das grandes feiras literárias
internacionais, foi outro passo largo dado com a edição de 2022. A aproximação
com Portugal – convidado de honra – marcou as comemorações do Bicentenário da
Independência do Brasil mas também estreitou os laços e abriu caminho para
novos acordos bilaterais no segmento editorial.
Sede pelo conhecimento
Espaços culturais concorridos, nove ao todo, onde o público buscou se inserir no debate de grandes temas relacionados ao universo do livro, compuseram as 1.500 horas de programação. Áreas destinadas a pensadores do mundo literário, empreendedores, artistas do cordel e do repente, personalidades da gastronomia, educadores que desenvolveram atividades para crianças, celebridades e outras atrações. E o público provou que nem só de estandes de livros vive a Bienal, já que o encontro com o conhecimento e lazer também ganhou espaço na agenda do público durante a visita ao evento.
Principais números da 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Público visitante |
660 mil |
Ticket médio |
R$ 226,94 |
Compra online de ingressos |
90% dos ingressos |
Ações de incentivo vale-livro e cashback |
R$ 7,2 milhões |
Quantidade de livros |
3 milhões |
Média de livros adquiridos |
7 por pessoa |
Selos editoriais |
Cerca de 500 |
Área ocupada total |
65 mil metros quadrados |
Expositores |
182 expositores |
Espaços culturais |
09 |
Horas de programação |
1500 |
Autores nacionais |
300 |
Autores internacionais |
30 |
Visitação escolar |
60 mil |
Expositores: resultados e perspectivas
Faturamento aumentado e uma bolha de otimismo nos estandes.
Com vendas muito acima das expectativas, a HarperCollins Brasil superou metas ao vender 253% em livros nesta edição da Bienal. A editora disponibilizou no evento um total de 883 títulos: os que largaram na frente no sucesso de público no evento estão: “Casal imperfeito: retratos de um casamento aperfeiçoado em Deus” (Fernanda Witvytzky); “O dia que a árvore do meu quintal falou comigo” (Paulo Vieira); “Um salto para o amor” (Aione Simões); “Os 8 disfarces de Otto” (Lola Salgado); “O beijo do rio e Homens pretos (não) choram” (Stefano Volp); “Telefone preto e outras histórias” (Joe Hill) e “Cristianismo puro e simples” (C. S. Lewis), além dos títulos de Tolkien e Agatha Christie. “Nessa edição da Bienal pudemos observar um enorme fluxo de jovens procurando por livros, dos mais diferentes autores e vozes, o que passa um cenário de muito otimismo quanto ao mercado literário na retomada das feiras”, sintetiza Leonora Monnerat, diretora executiva da HarperCollins Brasil
Foto: Bienal Internacional do Livro de São Paulo
As Edições Sesc registraram 40% de aumento no conjunto
de livros. Entre os títulos que figuraram no top list do estande estão as
seguintes obras: “Abecedário de personagens do folclore brasileiro”, de
Januária Cristina Alves; “Tom Zé: o último tropicalista”, de Pietro Scaramuzzo
e “Tarsila do Amaral: a modernista”, de Nádia Battella Gotlib.
Em relação à edição que ocorreu em 2018, a Edições Loyola contabilizou
crescimento médio de 30%. Foram 3 mil títulos, sendo 45 exemplares de cada um.
Entre os que lideraram a demanda no estande do expositor estão: “Cabeça Fria,
coração quente” (Abel Ferreira) e HeartStopper. “Foi uma ótima
experiência. Com certeza ficará conhecido como a Bienal das Bienais. Com
certeza que iremos voltar. Para nós, via ficar conhecida como a Bienal das
Bienais”, declarou Raphael Bispo, diretor comercial da Editora Loyolla.
“Essa foi uma Bienal para entrar na história. Tivemos o melhor
faturamento desde quando começamos a participar da Bienal do Livro”, acentua
Heloíza Daou, diretora de Marketing da Editora Intrínseca. Os
números do expositor impressionam e indicam, segundo a editora, demanda
reprimida por conta da pandemia: 150% a mais no montante faturado e 45% a mais
no volume de livros vendidos, em comparação com 2018. A média 9 livros
vendidos por minuto (58 mil no total) estabelece um recorde para a participação
da editora. Entre os gêneros mais procurados no estande da empresa estão os de
suspense e do universo true crime, além de títulos que ganham adaptação para o
audiovisual (cinema e plataformas de streaming). O TikTok foi um propulsor nas
vendas, a exemplo do sucesso de Os dos morrem no final, de Adam Silvera, e
Viúva de ferro, de Xiran Jay Zhao. Entre os campeões de vendas estão: Manual de
assassinato, Os dois morrem no final, Modus operandi e o best seller Amor &
Gelato.
Foto: Bienal Internacional do Livro de São Paulo
O melhor resultado da história. Assim, a Rocco Editora classifica
o crescimento de 185% nas vendas durante a Bienal, no comparativo com a edição anterior
do evento. A editora apresentou 350 títulos para um público que respondeu à
oferta de obras de seu portfólio editorial: Mulheres que Correm com Lobos
(Clarissa Pinkola Estés); Rádio Silêncio (Alice Oseman); Box Harry Potter
(J.K. Rowling); A Cantiga dos Pássaros e das Sepentes (Suzanne Collins); Filhos
de Sangue e Osso (Tomi Adeyemi). Bruno Zolotar - diretor comercial e de
marketing da Rocco concorda que a Bienal é “sem dúvida, um dos mais maiores e
mais importantes eventos do mercado editorial, voltado à interação entre
editoras, escritores e leitores”. Ele reitera que, entre outros destaques, por
se tratar da casa de Harry Potter, a editora tem uma ligação muito
próxima e lúdica com seu público e que retornará sempre às edições da feira.
Pela primeira vez como expositora na Bienal do Livro, a Literare
Books International trouxe 250 títulos e vendeu, em média, 800
exemplares por dia - uma expectativa de 110% acima do esperado. Maurício
Sita, presidente da companhia, encerra o evento com a sensação de missão
cumprida. “Mesmo sendo nossa primeira Bienal, este é o melhor evento que já
participamos [em termos de faturamento], desde nossa fundação, há 25 anos” Com
certeza voltaremos na próxima edição”, ressalta.
Foto: Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Outra estreante no evento, a Editora Mostarda vendeu 4
mil livros, o dobro da previsão inicial de 2 mil. Com a certeza que de
que repetirá a experiência, Pedro Mezette, Publisher da editora, diz que “ficou
claro que demos o primeiro passo para a caminhada ao participar da Bienal”. Os
livros mais vendidos no estande foram: “Jardim de Marielle” (Majori Silva);
Menina Sonhadoras, Mulheres Cientistas (Flávia Martins de Carvalho), ambos
dirigidos ao público infantil.
De seu estande, o Grupo Editorial Global emitiu o
balanço de 100% a mais de livros comercializados sobre o saldo de 2018. Entre
as obras mais destacadas estão: Flores de Alvenaria; Literatura, Pão e
Poesia e Colecionador de Pedras, de Sérgio Vaz. Além de O Povo Brasileiro
Edição Comemorativa Darcy Ribeiro e Ou Isto Ou Aquilo, Cecília Meireles,
entre outros. “O curioso dessa relação é que as vendas iniciais se concentraram
em títulos como O Povo Brasileiro, seguido por Casa Grande & Senzala.
Foto: Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Para a editora Globo, o motivo também é
de celebração. As vendas foram quatro vezes maior que em 2018 - e já há planos
para voltar em 2024. Os livros mais vendidos foram:”Battle Royale”, “Você ligou
para o Sam” e “Escravidão 3”. Na interpretação de Mauro Palermo, diretor da
editora, foram acertadas a data, estrutura e organização do evento.
Em números, a Ciranda Cultural – um dos maiores espaços
com 3 estandes na Bienal - foram mais de 4 mil títulos em exposição para o
público que, ao final das vendas, rendeu R$ 1,3 milhão. Entre as obras mais
vendidas os destaques são: “1984”; “Coisas que guardei para mim” e “Varal das
Letras”. Jonatha Jacinto, responsável pela editora na Bienal, considera que
esta edição do evento “foi a melhor de todas as demais, com curadoria impecável
e dias surpreendentes no estande”. O representante da Ciranda assegurou que a
empresa marcará presença nas próximas edições.
Foto: Bienal Internacional do Livro de São Paulo
No Espaço Cordel e Repente, a venda de exemplares também foi positiva: 18.900 córdeis e 6.500 livros vendidos.
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV