A água possui seu ciclo natural e seria um recurso renovável se não houvesse tanta interferência humana para torná-la escassa.


Sabemos que a crise hídrica, muitas vezes, é silenciosa. Hoje, 40% da população do planeta já sofre as consequências da falta de água. Além do aumento da sede no mundo, a falta de recursos hídricos tem graves implicações econômicas, sociais e políticas.


Precisamos superar o mito da abundância das águas, tornando o tema da segurança hídrica como vital. Neste sentido, diversas são as oportunidades de ações, políticas e estratégias, estabelecidas por indivíduos, organizações e governos, voltadas a mitigar os riscos e determinar ações que impactam na segurança hídrica.

 

Em todo o mundo, a competição pelo uso múltiplo da água exige novas posturas por parte dos governos e da sociedade. Deve ser considerada insumo estratégico, com maior ênfase ao uso racional. A atenção se direciona para a produção e conservação da água de boa qualidade.

 

A agricultura é quase sempre apontada como um obstáculo. Porém, embora seja fonte de alguns problemas, pode ser também a solução de grande parte deles, pois o espaço rural assume relevância não só na produção de alimentos, fibras e energia, mas também como produtor de água em quantidade e qualidade satisfatórias, para utilização por outros segmentos da sociedade. Ganha importância a introdução do agricultor como “produtor de água”, aquele que observa conceitos e emprega tecnologias relacionadas à agricultura sustentável. Dentro de seu sistema de produção, esse agricultor deve considerar a água ao mesmo tempo como um de seus insumos e como um de seus produtos.

 

Nesta gestão assumimos, através da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Sema), o compromisso da consolidação da lei complementar nº 405/2019 (Plano Diretor de Piracicaba) e da Lei Complementar nº 422/2020 (Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável). Ambos trazem na essência o conceito de sustentabilidade, tanto em seus princípios, quanto nos objetivos e instrumentos norteadores.

 

A partir disso, damos destaque para programas como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), Recomposição e Compensação Florestal e Proteção de Nascentes. Coordenado pela Sema e criado em 2014, o PSA é um sistema de remuneração a produtores rurais que atendem às práticas sustentáveis para preservação de suas propriedades com potencial para produção de água no município.

 

Por meio das vistorias, profissionais da Sema, Sedema (Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente), Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) e Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba), avaliam as condições de conservação do solo, nascentes, matas ciliares, implementação do saneamento ambiental, entre outros. Uma vez aprovado, o produtor recebe um valor correspondente ao atendimento dos critérios do programa. De forma inédita, iniciamos neste ano o reflorestamento de onze propriedades rurais do programa, em parceria com o Consórcio PCJ.

 

Outros programas estão em elaboração, como o estudo, mapeamento e proposta de reflorestamento no nosso território em parceria com o grupo de Políticas Públicas (GPP), do Laboratório de Planejamento de Uso do Solo e Conservação (Geolab/Esalq).

As iniciativas pontuais devem inspirar outros trabalhos numa escala mais abrangente, como no próximo dia 22 de agosto, onde trataremos do tema Água, no IV Encontro das Secretarias de Agricultura da Região Metropolitana de Piracicaba, em Analândia, com apresentação de casos exitosos.

 

Artigo assinado por: Nancy Thame, secretária de Agricultura e Abastecimento de Piracicaba.

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