Bispo Guaracy (Avante-TO), liderança da igreja evangélica - foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Nestas eleições, ao menos 640 candidatas e candidatos usarão títulos religiosos nas urnas. Desses, ao menos 36 declararam patrimônio milionário ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São pastores, pastoras, bispos, irmãos, apóstolos, padres e missionários que juntos somam quase R$ 79 milhões em bens.
A maioria dos nomes com
títulos religiosos utilizam termos cristãos. O destaque é dos evangélicos.
Somente pastores são 393. Há ainda 81 pastoras candidatas. Também aparecem
bispos e bispas (53), missionários e missionárias (53), reverendos (2),
apóstolos (4), padres (13), pais e mães de santo (27). Comuns no meio cristão,
os termos ‘irmão’ e ‘irmã’ são usados por 150 postulantes.
Os partidos que concentram maior quantidade de
candidatos/candidatas que usam nomes ligados à religião são Partido Trabalhista
Brasileiro – PTB (49), Partido Social Cristão – PSC (44), Republicanos (44),
Democracia Cristã (40), Patriota (38) e Partido Liberal – PL (37), sendo o
último a legenda do presidente Jair Bolsonaro.
Em 2018, 579 postulantes usaram nomes ligados à religião,
Contudo, nem sempre os que usam títulos religiosos assumem o sacerdócio como
profissão. Segundo o TSE, 112 candidatos/candidatas declararam como principal
ocupação “sacerdotes, membros de ordem ou de seita religiosas” este ano. Em
2018 eram 120. Entre os nomes na disputa deste ano, 59 se autodeclararam pretos
e pardos. Apenas 26 são do sexo feminino.
Parte das candidaturas de lideranças religiosas não são fáceis
de identificar. Há os que não usam títulos eclesiásticos no nome de urna, nem
declararam o sacerdócio como principal ocupação para o TSE. É o caso de Damares
Alves, candidata ao Senado Federal pelo Republicanos e ex-ministra da Mulher,
Família e Direitos Humanos do governo Bolsonaro. Embora também seja pastora,
Damares se registrou como advogada. Ela declarou R$ 525 mil em bens, incluindo
um apartamento de R$ 525 mil e uma caderneta de poupança no valor de R$
32,06.
Mais
ricos
O candidato com o maior
valor em bens declarados é Guaracy Batista da Silveira, que se apresentará nas
urnas como Bispo Guaracy (Avante-TO). Liderança da igreja evangélica do
Evangelho Quadrangular, o religioso é candidato ao Senado e possui, segundo dados
do TSE, mais de R$ 7,7 milhões de patrimônio. A lista de bens declarados inclui
16 terrenos e três casas. Desde a sua primeira eleição, em 2006, quando
concorreu a deputado estadual, o patrimônio dele cresceu mais de 20%. Eleito
segundo suplente da senadora Kátia Abreu (PP), em 2014, o Bispo Guaracy assumiu
o cargo durante a licença eleitoral da titular, em 5 de agosto deste ano.
Gilmar da Silva Ribeiro,
conhecido como Irmão Ribeiro, é o segundo candidato religioso com maior
patrimônio. O empresário concorre a deputado federal no Amazonas pelo Agir. No
intervalo de oito anos, desde sua primeira disputa eleitoral como suplente em
2014, o patrimônio do Irmão Ribeiro aumentou mais de cem vezes, passando de uma
casa de R$ 50 mil para R$ 6,3 milhões em bens, incluindo dois terrenos de R$ 3
milhões cada.
No terceiro lugar entre os religiosos milionários candidatos
está o pastor Marco Feliciano, que tenta reeleição ao cargo de deputado federal
pelo PL-SP. Desde sua primeira disputa eleitoral, quando foi eleito em 2010, o
patrimônio do deputado, que é um dos principais aliados do governo Bolsonaro,
cresceu de R$ 634,8 mil para mais de R$ 4,7 milhões este ano, entre terrenos,
imóveis e outros bens.
Com a redução na transparência do patrimônio dos candidatos na
base de dados do TSE, não é mais possível saber com exatidão informações dos
bens ou localização dos imóveis.
Grandes
templos
Na lista de milionários também estão o apóstolo Luiz Henrique
Castelo Lima e a bispa Vanessa Castelo Lima. Enquanto ele busca a reeleição
como deputado estadual filiado ao Republicanos do Ceará, a esposa, Vanessa,
concorre pela primeira vez ao cargo de deputada federal pelo mesmo partido. Ao
TSE o casal evangélico declarou, respectivamente, R$ 2,7 e R$ 1,9 milhões. O
patrimônio envolve uma casa avaliada em pouco mais de R$ 1 milhão e um terreno
de R$ 910,5 mil no nome de ambos, além de um veículo no valor de R$ 859 mil
pertencente ao apóstolo.
Apóstolo
Luiz Henrique Castelo Lima e sua esposa Vanessa Castelo declararam patrimônio
de milhões – foto: Reprodução
O apóstolo Luiz está à frente da
Igreja do Senhor Jesus, uma mega congregação que comporta 25 mil fiéis. O
espaço fundado em 2006 é apresentado como “o maior templo cristão do
Norte-Nordeste”. Além do templo religioso, o casal divide, em sociedade, o
Projeto Instituto Nobre, instituição beneficente ligada à Igreja Senhor Jesus,
que atende dependentes químicos; uma agência de turismo direcionada
especialmente para caravanas religiosas a Israel; uma empresa de comércio
comércio de perfumes e uma federação de Kickboxing. Todos os negócios são
sediados em Fortaleza e estão registrados apenas no nome de Luiz Henrique.
No Maranhão, José Alves Cavalcante, o pastor Cavalcante, líder da Comadesma (Convenção dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus), declarou R$ 2,8 milhões em bens. A convenção é ligada à CADB (Convenção da Assembleia de Deus no Brasil), uma das maiores denominações pentecostais no Brasil. O presidente Bolsonaro já participou de eventos da Comadesma, à convite do pastor Cavalcante. Em julho, ele abriu uma convenção da entidade com participação de ministros evangélicos de todo o país.
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV