Foto: Valdecir Galor/ SMCS
Raio-x do emprego: setor de serviços puxa alta para emprego de baixa
qualidade; massa trabalhadora é de jovens e com pouco estudo.
A geração de empregos em Piracicaba cresceu em 4,4% no primeiro semestre
de 2022 no comparativo com 2022. Numericamente, a cidade teve 215 vagas a mais
do que no ano passado. Quando são comparados os meses individualmente, quatro
deles referentes a este ano (janeiro, fevereiro, maio e junho) estão abaixo de
postos de trabalho gerados em 2021 – ano em que a pandemia de covid-19 ainda
impactava muito a economia, diferente de 2022, quando muitas das restrições não
existem mais. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.
O dado para a cidade também é ruim porque o setor que mais cresceu nestes dois
anos é o de serviços. Em artigo publicado por revista da PUC-SP, o professor da
Unicamp, Alexandre Gori Maia, coloca par a par serviços e informalidade dentro
do cenário do fim do século passado, situação semelhante em que vivemos hoje.
Ele inclui neste pacote tudo o que estamos passando atualmente: elevado grau de
pobreza, desigualdade, alta inflação, baixo crescimento econômico e inúmeras
tentativas frustradas de estabilização da economia.
“[O cenário] reduziu a criação de novos postos no mercado de trabalho e cresceu
assustadoramente o desemprego, diversas formas de trabalho temporário, parcial,
precário, terceirizado, subcontratado, vinculado à economia informal e ao setor
de serviços”, detalha Gori Maia. É bom lembrar que o presidente Jair Bolsonaro
(PL) mudou a contabilização do Caged,
que antes era exclusivo para empregos com Carteira de Trabalho assinada e
passou a incluir, o que se pode chamar, por informais.
Enquanto isso, os setores industrial e comercial – que sempre disputaram as
primeiras colocações na primeira década deste século em boa parte do Brasil bem
como em Piracicaba – estão ranqueadas em segundo e terceiro, respectivamente,
há pelo menos nos dois últimos anos. Estes setores remuneram melhor e conferem
mais estabilidade de vida.
Outra prova da baixa qualidade dos empregos na cidade é o permanente perfil do
trabalhador com maior contratação: jovens de 18 a 24 anos e pessoas com ensino
médio e fundamental completo. Ou seja, uma busca por mão de obra sem experiência
paga com baixos salários.
Texto: O Diário Piracicabano
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista Redator RMPTV