Foto: Guilherme Leite
Demanda pautou
audiência pública realizada pela Câmara nesta segunda-feira. Projeto para
remodelar o trânsito na região está em fase de elaboração, informou o
Executivo.
Medida apontada como solução para destravar o trânsito na região
da Rua do Porto aos fins de semana e feriados, a possibilidade de alterar para
mão dupla o fluxo na avenida Alidor Pecorari foi discutida em audiência pública
realizada pela Câmara Municipal de Piracicaba na tarde desta segunda-feira
(12).
A discussão foi convocada pelo vereador Cassio Luiz Barbosa, o
Cassio Fala Pira (PL), e reuniu comerciantes e integrantes do governo Luciano
Almeida. Representante dos empresários, Fernando Bera deu a dimensão do
prejuízo que o trânsito parado causa ao restaurante de que é dono e aos outros
11 estabelecimentos que ficam na altura do segundo bolsão de estacionamento da
avenida Alidor Pecorari.
"Somos em 12 no último bolsão, e turistas e clientes têm
dificuldades. Em dia de grandes eventos, nós perdemos um faturamento grande.
Enquanto lá na frente [primeiro bolsão] enche, lá no fundo [segundo bolsão] a
gente sente na pele; a pessoa desiste. O que todos os comerciantes querem
é fazer essa 'oxigenação' para destravar o trânsito lá em cima. Deve haver uma
segunda opção [de retorno]. Quem chama um Uber na Rua do Porto para a Vila
Rezende, o motorista cobra R$ 60 porque não quer ficar parado no
trânsito", comentou Bera.
Para quem está de veículo motorizado, o acesso às atrações no
entorno da Rua do Porto hoje se dá pela avenida Alidor Pecorari, somente no
sentido avenida Dr. Paulo de Moraes. As opções de retorno estão localizadas ao
término do primeiro bolsão de estacionamento, em que é possível fazer a
conversão para voltar à rua Rangel Pestana, ou ao final da avenida Alidor
Pecorari, para então pegar a avenida Dr. Paulo de Moraes e regressar pela rua
Antônio Corrêa Barbosa.
A reclamação de comerciantes, moradores e turistas —já
formalizada em abaixo-assinado com mais de 1 mil adesões— é de que a mão única
de direção na avenida Alidor Pecorari trava o fluxo na altura do segundo
bolsão, fazendo motoristas perderem tempo no trânsito e afastando clientes.
Bera usou o exemplo de um turista que veio a Piracicaba e gastou "15
minutos de helicóptero e uma hora para chegar à Rua do Porto" de carro.
"Os comerciantes pedem a melhoria não somente na mobilidade
urbana, mas em questões de revitalização e segurança pública. A Rua do Porto há
alguns anos está sendo esquecida. Sou ex-comerciante lá, sei da dificuldade, do
que sofri na pele", disse Cassio Fala Pira, que fez menção às indicações
já enviadas por seu mandato à Prefeitura cobrando melhorias no trânsito, na
coleta de lixo e na iluminação pública da região. "Alguma coisa precisa
começar a ser feita, pois nunca sai do papel. Tem que dar andamento",
completou.
De acordo com a secretária municipal de Mobilidade Urbana,
Trânsito e Transportes, Jane Oliveira, o projeto para remodelar o fluxo na
região já está em elaboração. Há duas semanas, a pasta emitiu ordem de serviço
à empresa que foi contratada pela Prefeitura para responder pelos projetos
técnicos de obras em todas as áreas da administração municipal.
A expectativa é de que a proposta para a região da Rua do Porto
fique pronta em até 180 dias. "Todos os dados para fazer o projeto já
estão em andamento; o que ainda não temos é a conclusão para apresentar ao
prefeito. Esse projeto de duplicação da avenida Alidor Pecorari é uma parte
dentro de um amplo projeto para a revitalização da área da Rua do Porto e da
área central", disse Jane.
Uma vez concluído pela empresa contratada, o projeto permitirá
ao governo licitar a obra e adequar o orçamento para executá-la. Segundo Jane,
a proposta de remodelação do trânsito deve garantir a segurança dos
pedestres e considerar aspectos como a topografia local, o estudo de
tráfego no entorno da avenida Alidor Pecorari, principalmente no
entroncamento com a avenida Dr. Paulo de Moraes, e a necessidade de
desapropriação de áreas, supressão de vegetação e retirada de postes.
A avenida Alidor Pecorari, observou a secretária, tem 7
metros de largura, de modo que, levando-se em conta o volume diário médio de
veículos, "não comporta tecnicamente sentido
duplo". "Teríamos de criar uma terceira faixa de rolamento para
criar o sentido duplo. Hoje, temos o sentido binário, em que para retornar tem
que ser pela rua Antônio Corrêa Barbosa."
Em relação à iluminação pública, o secretário municipal de
Obras, Paulo Sérgio Ferreira da Silva, informou que em janeiro devem ser
substituídas por LED as atuais luminárias dos dois bolsões de estacionamento.
"Além de gerar economia, gera segurança e vai ficar bom para todo mundo
ali."
Vereadores que participaram da audiência pública reforçaram o
pedido por soluções no trânsito da região da Rua do Porto.
"Trata-se de um problema que vem há muito tempo e o governo
sabe que precisa fazer algo a respeito. O governo tem um plano audacioso que
vai envolver tanto a Rua do Porto quanto a área do Engenho Central. É
necessário ter conhecimento de que ali tem que mexer em várias coisas, entre
elas APPs [áreas de proteção permanente] e desapropriações, o que também não é
fácil de resolver", comentou Josef Borges (Solidariedade), líder do
governo Luciano Almeida na Câmara.
"Vou dar um voto de confiança ao Luciano, que está agora
com um projeto ousado para os dois próximos anos. Acredito veementemente que
esse projeto vai sair do papel a partir de agora. Essa audiência pública é um
passo muito importante para todos nós", ressaltou Paulo Campos (Podemos).
"Já houve discussão cinco anos atrás sobre isso, chegou a
se cogitar a interligação da Área de Lazer do Trabalhador ao Parque da Rua do
Porto. Vamos estudar o que pode e é factível de ser feito a partir de
agora", defendeu Pedro Kawai (PSDB).
Rai de Almeida (PT) enfatizou o papel do governo José Machado na
revitalização da Rua do Porto. "Não houve depois um processo de
conservação daquele espaço. Esse restauro não é somente a duplicação; é um
conjunto. Temos de trabalhar na perspectiva da mobilidade, sem perder o que
aquele espaço significa do ponto de vista do pedestre."
"Temos que levar em conta os fatores comercial, turístico,
de trânsito e de meio ambiente. É importante que tenhamos a coragem de entregar
novas soluções, por mais arrojadas que sejam. Talvez esteja na hora de
novamente entregarmos uma nova Rua do Porto. Temos que conseguir acolher mais
comerciantes e artesãos, pois o que investirmos lá teremos retorno", disse
Acácio Godoy (PP).
"Tem que trazer o turismo para Piracicaba. O pessoal vem
almoçar na Rua do Porto, sai e para onde vai? Isso tudo tem que ser pensado num
projeto grande. Quando tem a Festa das Nações, o tráfego é interrompido ali e
quem está no fundo é prejudicado. Deve haver um grupo de trabalho para se
discutir isso", propôs Gilmar Rotta (PP).
Ana Pavão (PL) refletiu sobre as críticas aos gastos da
administração municipal com a iluminação de Natal em 2021, argumentando que o
investimento na decoração para a data inevitavelmente exige gastos mas atrai
turistas. "Iluminação é algo lindo e gratificante, mas tem um custo nisso.
Temos que chegar a um consenso nesta Casa [quanto às críticas]".
Os vereadores André Bandeira (PSDB) e Zezinho Pereira (União Brasil) e os secretários municipais de Governo, Carlos Beltrame, e de Finanças, Artur Costa Santos, também estiveram presentes na audiência pública.
Texto: Câmara Municipal de Piracicaba
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista e Redator RMPTV