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Doença
viral altamente contagiosa pode afetar a produção e exportação de produtos
avícolas e gerar altos impactos econômicos, sociais e ambientais.
Focos de Influenza Aviária de alta patogenicidade (IAAP), também
conhecida como Gripe Aviária, doença viral altamente contagiosa, que afeta
principalmente aves domésticas e silvestres, foram identificados na Colômbia,
Equador, Venezuela, Peru e Chile, países da América do Sul que nunca haviam
registrado casos da Influenza Aviária. O Brasil permanece livre da doença até
hoje.
Mesmo com as diversas ações previstas no Plano de Vigilância de
Influenza Aviária e doença de Newcastle, que integra o Programa Nacional de
Sanidade Avícola (PNSA), os auditores fiscais federais agropecuários (Affas) já
atuam para prevenir o ingresso da doença na avicultura e também para o pior
cenário, que seria o ingresso da doença em criações comerciais. "Todos os
Affas que atuam nessa área, e também os médicos veterinários dos órgãos estaduais,
estão preparados e de prontidão para atender de forma imediata as notificações
de suspeitas e os casos confirmados que possam vir a ocorrer, caso a IAAP seja
detectada no Brasil”, antecipa Ronaldo Teixeira, coordenador-geral de
Planejamento e Avaliação Zoossanitária do Departamento de Saúde Animal (DSA),
da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Segundo o coordenador-geral, já foram realizadas capacitações de
Affas e dos técnicos dos órgãos estaduais e também o reforço na preparação
desses profissionais com equipamentos de proteção individual (EPI) e materiais
para coletas de amostras nas granjas, pequenas criações e em aves silvestres,
que são mais difíceis de se adquirir quando a doença está disseminada em vários
países. Antecipou ainda que o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária
(LFDA/MAPA), de Campinas-SP, especializado em análises para doenças de aves, já
está com capacidade de atendimento reforçada para atuar no pior cenário -- o de
emergência zoossanitária. Antecipou ainda, que os outros LFDAs, estão sendo
preparados, caso haja necessidade de se expandir os diagnósticos. "Temos
diversos colegas já capacitados para fazer os atendimentos a suspeitas e também
a gestão de emergências zoossanitárias ", revela Ronaldo e esclarece que
essa rede de prevenção e preparação é coordenada por Affas.
O Departamento de Saúde Animal revisou o Plano de Vigilância de
Influenza Aviária e doença de Newcastle, que integra o Programa Nacional de Sanidade
Avícola (PNSA), e iniciou sua execução em todo o país em julho de 2022, já
contando com um risco aumentado da influenza aviária no mundo. Desde o início
de novembro o nível de alerta está elevado, pois é o início do período de
migração das aves do hemisfério Norte para a América do Sul. O Plano prevê
ações de vigilância passiva e ativa direto nas granjas e pequenas criações de
aves e a reformulação visou maior eficiência, direcionando as ações para áreas
de maior risco de contatos de aves migratórias com as aves domésticas, contando
com a colaboração do ICMBio.
Com o aumento e melhoria dos mecanismos de vigilância e
comunicação de risco sobre a doença, Ronaldo informa que é esperado haver
aumento de notificações de suspeitas. "Já estamos recebendo mais
notificações que rotineiramente, tanto do sistema de produção industrial quanto
da avicultura de subsistência e de aves silvestres. Isso demonstra que a
sociedade está sensibilizada e atenta às ocorrências de doenças e que as ações
de comunicação estão funcionando. Mas, felizmente, ainda não temos nenhum caso
confirmado da doença, nem em aves domésticas e nem em aves silvestres",
assegura.
O período de novembro a abril é o mais crítico para a disseminação
do vírus no Brasil, segundo Ronaldo, porque as aves migratórias vêm para a
América do Sul fugindo do inverno rigoroso do Norte e buscando condições ideais
para alimentação e reprodução. Muitas aves migratórias são resistentes e
portadoras do
vírus e geralmente não morrem, mas podem disseminar a outras aves,
tanto as silvestres quanto as domésticas, o que constitui forte ameaça à
avicultura comercial e à preservação das aves da nossa fauna silvestre.
Foi o que ocorreu recentemente na Colômbia, Equador, Venezuela,
Peru e Chile. “Não há como evitar a migração das aves e já está provado que não
é viável e nem eficaz interferir no meio ambiente, então temos é que
intensificar as medidas preventivas, reforçando a biosseguridade das granjas e
pequenas criações, para evitar as possibilidades de contatos diretos ou
indiretos com aves silvestres, e também a vigilância, para a detecção precoce,
permitindo a rápida contenção da doença e evitando grandes impactos sociais,
econômicos e ambientais”, informa e acrescenta: “Já foram coletadas mais de 35
mil amostras no plano de vigilância ativa e a vigilância passiva está
reforçada, na qual recebemos as notificações sobre a doença e vamos até o local
investigar”, explica o coordenador-geral e reforça: “é assim que detectamos
precocemente o ingresso da doença, caso ela ocorra”.
“Nessa prevenção e preparação para a IA no país, o sistema de
saúde animal funciona de forma compartilhada, com o MAPA, como instância
central, que planeja, coordena, avalia e executa ações, os órgãos estaduais de
sanidade agropecuária, que coordenam e executam as ações de em todos os
estados, e o setor privado, que executa ações sanitárias nos seus sistemas de
produção e são responsáveis pelas notificações de suspeitas”, explica o
coordenador-geral. Os Affas do Departamento de Saúde Animal é que fazem a
gestão dos programas de saúde animal, do sistema de informações epidemiológicas
e planos de vigilância e do sistema de gestão de emergências zoossanitárias.
Eles ainda coordenam e executam o Programa de avaliação da
qualidade e aperfeiçoamento dos serviços veterinários nos estados, o Quali-SV.
“Todo esse sistema atuando de forma conjunta, colaborativa e coordenada é que
garante a proteção e a valorização do patrimônio pecuário brasileiro para
atendermos às exigências sanitárias dos mais de 150 países importadores”,
esclarece Ronaldo e informa que no último ano, a Influenza Aviária eliminou
mais de 51 milhões de aves nos Estados Unidos e mais de 50 milhões na Europa.
Os gestores e técnicos da saúde animal também participam de todos
os fóruns dos organismos internacionais e com países vizinhos sobre a IA e
outras doenças transfronteiriças, e mantêm forte parceria com o setor privado
para fortalecer os mecanismos de biosseguridade nas granjas comerciais e
criações em geral. “Fazemos reuniões semanais com o setor privado e
fiscalizações para monitorar as ações e a biosseguridade nas granjas
comerciais, para fortalecer a prevenção das doenças”, informa.
Desafios
Todo esse esforço mira também evitar graves impactos econômicos na
produção e exportação de carne de aves no país, pelas altas mortalidades
causadas pela doença e restrições comerciais previstas na certificação
sanitária internacional. "A ocorrência de IAAP em produções avícolas
comerciais podem gerar muitas restrições no mercado de exportação de produtos e
material genético avícola. A maioria dos países, incluem restrições nos
certificados para exportação, no caso de contaminação pelo vírus em plantéis comerciais.
Já as ocorrências somente em aves silvestres ou em criações de subsistência ou
não comerciais, não geraria impactos nas exportações ", esclarece Ronaldo,
de acordo com as regras da Organização Mundial de Saúde Animal - OMSA.
De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado
pelo Sindicato dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical),
para o cenário que considera a ocorrência de surto de gripe aviária no Brasil
haveria perda direta anual de R$ 7,3 bilhões em exportações do agronegócio, o que, por sua vez,
ocasionaria perda adicional (indireta) de R$ 6,1 bilhões em outros setores da
economia, totalizando R$ 13,5 bilhões em perdas (diretas + indiretas). Os impactos diretos
se dão sobre os setores que compõem o agronegócio e os indiretos sobre os
demais setores da economia.
Além do aspecto econômico, outro desafio para os envolvidos no
monitoramento e prevenção do ingresso da doença no Brasil é a restrição de mão
de obra, que desponta como uma forte ameaça ao trabalho dos Affas. De acordo
com o ANFFA, há um déficit de 1.620 auditores agropecuários na carreira, o que
explica o cancelamento de férias de fim de ano e remanejamento de Affas para
suprir carências graves em momentos como esse de alerta para o ingresso da Influenza
Aviária e de outras como a Febre Aftosa e Peste Suína Africana, por exemplo.
Na área de Saúde Animal do Mapa são menos de 200 Affas para
atender todo o Brasil, nas mais diversas atividades de auditoria e fiscalização
inerentes à carreira. "Nessas ocasiões, a avaliação é sempre de que uma
quantidade adequada de Affas evitaria prejuízos econômicos e sanitários ao
país", afirma Janus Pablo, presidente do ANFFA.
Riscos
Com o estado de atenção da Influenza Aviária no Brasil, doença de
notificação obrigatória à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o Mapa,
por meio do DSA, está coordenando as ações para prevenção e erradicação de
doenças. O Departamento coordena todos os programas de saúde animal, a
priorização das doenças que devem ser trabalhadas pelo serviço oficial, os
planos de vigilância, estratégias de intervenções, gestão do sistema de
informações epidemiológicas e do serviço veterinário, sistema de vigilância de
atendimento a suspeitas e coleta de amostras compartilhado com todos os estados
do país, coordenadas pelos Affas.
O
coordenador-geral esclarece que a ocorrência da Influenza Aviária em aves
silvestres ou em aves de fundo de quintal (criadas para a subsistência) não
compromete o status sanitário do Brasil em relação à doença, ou seja, não afeta
as exportações, porque não tem relação com o sistema de produção industrial. No
entanto, se ocorrerem focos no sistema de criação comercial poderão haver
impactos graves nas exportações.
A
Influenza Aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta várias
espécies de aves domésticas e silvestres e, ocasionalmente, mamíferos como
ratos, gatos, cães, cavalos, suínos, assim como o homem. O risco de contágio
humano pelo vírus não é alto e ocorre especialmente com a exposição direta a
aves domésticas ou silvestres infectadas, visto que estas atuam como
hospedeiras e são decisivas na manutenção e disseminação desses vírus. Esses
tipos de aves geralmente contraem a doença, mas não manifestam, o que facilita
o transporte do vírus por longas distâncias nas rotas de migração.
Cabe aos Affas que atuam diretamente nos serviços de saúde animal e fiscalização de produtos veterinários - SISAs nas superintendências federais nos estados monitorar e coordenar os programas de saúde animal e toda a rede de informação e comunicação entre os vários agentes envolvidos. "Esses Affas é que coordenam, apoiam e supervisionam junto aos órgãos estaduais, nas 27 unidades do país, as ações planejadas e coordenadas no nível central pelo DSA/SDA/MAPA", explica Ronaldo.
Texto: ANFFA Sindical
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista e Redator RMPTV