Foto: Ricardo Stuckert/ Palácio do Planalto
Profissionais
da Força Nacional do SUS chegam na segunda-feira.
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (21) que a situação dos povos
yanomamis, em Roraima, é desumana. Lula esteve em Boa Vista e viu de perto a
crise sanitária que atinge os indígenas, vítimas de desnutrição e outras
doenças, como malária e pneumonia.
A
situação já levou à morte 570 crianças nos últimos anos, sendo que 505 tinham
menos de 1 ano. No ano de 2022, foram registrados 11.530 casos confirmados de
malária na terra Yanomami.
“Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana como o povo yanomami é tratado aqui, eu não acreditaria”, disse. “Nós vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos, responsáveis por parte daquilo que nós somos”, destacou.
Foto: Ricardo Stuckert/ Palácio do Planalto
Lula
visitou o hospital e a Casa de Apoio à Saúde Indígena, em Boas Vista, e
argumentou que as melhorias podem acontecer a partir de mudanças de
comportamento. “Uma das formas de resolver isso é montar o plantão da saúde nas
aldeias, para cuidar deles lá. Fica mais fácil a gente transportar dez médicos
do que 200 indígenas que estão aqui”, disse. “Nós queremos mostrar que o SUS
[Sistema Único de Saúde] é capaz de fazer um trabalho que honra e orgulha o
povo brasileiro como fez na [pandemia de] covid-19”, completou.
Hoje,
cerca de 700 indígenas estão sendo atendidos na casa de apoio, a maioria
crianças com desnutrição grave.
Umas
das ações prioritárias, para o presidente, é organizar a rede logística para o
transporte de suprimentos e das pessoas entre as aldeias e a cidade, como a
melhoria de pistas de pouso de aeronaves em regiões mais próximas às
comunidades. “Não pode ser feito em poucas horas, mas meu compromisso é de
fazer”, disse Lula.
Cerca
de 200 indígenas que estão na casa de apoio em Boa Vista já tiveram alta, mas
não puderam retornar ainda por falta de transporte. “Fiz o compromisso com os
irmãos [indígenas] que vamos dar a eles a dignidade que eles merecem na saúde,
na educação, na alimentação, no direito de ir e vir para fazer as coisas que
eles necessitam na cidade”, completou Lula.
O
presidente criticou ainda o governo anterior por permitir que a situação se
agravasse. “Sinceramente, o presidente que deixou a presidência esses dias, se
ao invés de fazer tanta motociata, tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem
sabe esse povo não tivesse abandonado como está”, argumentou.
Lula
viajou acompanhado de vários ministros de Estado e da primeira-dama, Janja
Silva.
Emergência
em saúde
Ontem
(20), Lula institui o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à
Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami. O objetivo do
grupo é discutir as medidas a serem adotadas e auxiliar na articulação
interpoderes e interfederativa.
No
mesmo sentido, o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional para combate à desassistência sanitária dos povos que
vivem no território indígena Yanomami.
Profissionais
da Força Nacional do SUS começam a chegar a Roraima na segunda-feira (23) para
oferecer atendimento multidisciplinares, principalmente focados na readequação
alimentar, já que o principal problema é a desnutrição grave.
As
Forças Armadas também montarão um hospital de campanha próximo à casa de apoio,
em Boa Vista. Além disso, o governo enviará insumos médicos e alimentos para as
comunidades.
Desde
a última segunda-feira (16), equipes do Ministério da Saúde se encontram no
território indígena Yanomami e devem apresentar um levantamento completo sobre
a crítica situação de saúde dos indígenas. A região tem mais de 30,4 mil
habitantes.
Garimpo
A
terra indígena Yanomami é a maior do país, em extensão territorial, e sofre com
a invasão de garimpeiros. A contaminação da terra e da água pelo mercúrio
utilizado no garimpo impacta na disponibilidade de alimento nas comunidades.
O
presidente Lula se comprometeu a combater as ilegalidades nas terras indígenas.
“Sei da dificuldade de tirar o garimpo ilegal, já se tentou outras vezes e eles
voltam”, argumentou.
“Mas
nós vamos levar muito a sério de acabar com qualquer garimpo ilegal e mesmo que
seja uma terra que tenha autorização da agência para fazer pesquisa, eles podem
fazer pesquisa sem destruir a água, a floresta e sem colocar em risco a vida
das pessoas que dependem da água para sobreviver”, afirmou Lula. “É importante
as pessoas saberem que esse país mudou de governo e o governo agora vai agir
com a seriedade no tratamento do povo que esse país tinha esquecido”,
completou.
Em 2022, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a retomada de ações de proteção e operações policiais contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Em novembro, o órgão também apresentou ao Ministério da Saúde pedido de intervenção em um dos distritos sanitários locais por suspeita de desvios de recursos públicos.
Andréia Verdélio - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Edição: Claudia Felczak
Publicado por Danilo Telles, Jornalista da Rádio Metropolitana