CAMPANHA “VIVER PARA CONTAR. CONTAR PARA VIVER” INSTIGA A SOCIEDADE A MANTER VIVAS HISTÓRIAS DE VIOLÊNCIA E DISCRIMINAÇÃO, SEJAM DE HOJE OU DO HOLOCAUSTO 
 

PORQUE MANTER A HISTÓRIA VIVA É COMBATER O ÓDIO. ONTEM, HOJE E AMANHÃ


UNESCO, Confederação Israelita Brasileira (CONIB) e Museu do Holocausto (Curitiba) endossam a campanha reunida no site contarparaviver, que contém uma série de conteúdos compartilháveis e úteis no combate ao ódio e a intolerância.

 

Em 27 de janeiro de 2023, no Dia Internacional da Memória do Holocausto, a UNESCO, a Confederação Israelita Brasileira (CONIB) e o Museu do Holocausto (Curitiba) lançam a campanha “Viver Para Contar. Contar Para Viver” (hashtag #ContarPraViver), convocando os brasileiros a não deixarem as histórias de violência e intolerância desaparecerem.

 

A iniciativa apresenta os sobreviventes do Holocausto Ruth Sprung Tarasantchi, Gabriel Waldman e Joshua Strul, bem como vítimas brasileiras de fanatismo e intolerância nos dias atuais -- André Baliera, Odivaldo da Silva e Naiá Tupinambá. A campanha faz um chamado: adote uma história.
 

Criada pela Cappuccino, que faz parte do The Weber Shandwick Collective, com produção da Elo Studios, a campanha #ContarParaViver alerta sobre a importância de preservar a memória do Holocausto e os impactos de seu apagamento na atualidade. A inspiração veio do fato de estarmos perdendo os sobreviventes ainda vivos do Holocausto, que têm, em média, 84 anos de idade. Em alguns anos, não teremos mais essas testemunhas oculares.
 

“Sobreviventes do Holocausto estão morrendo. Ao compartilhar suas histórias e histórias semelhantes de sobrevivência e resistência nas mídias sociais, podemos preservar essas memórias para garantir que a história não seja distorcida ou apagada”, diz Vitor Elman, copresidente da Cappuccino e criador da campanha. “Quanto mais espaço na mídia abrirmos para a memória, menos espaço haverá para o crescimento do racismo, LGBTfobia, xenofobia, intolerância religiosa, de gênero ou de qualquer outro tipo”, diz Elman.
 

“O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto recorda um dos capítulos mais vergonhosos da história da humanidade”, afirma o presidente da Confederação Israelita Brasileira (CONIB), Claudio Lottenberg. “É uma oportunidade de lembrar ao mundo que o discurso de ódio, a discriminação e os pequenos atos de violência sempre podem se transformar em algo inimaginável. A campanha tem compromisso com a democracia e com a luta pela inclusão e igualdade. E é isso que fazemos nesta campanha “Viver para Contar, Contar para viver”, que divulga e preserva histórias de sobreviventes do Holocausto e de brasileiros vítimas de intolerância e violência.”
 

Um estudo da UNESCO com o Congresso Judaico Mundial revela que 49% das postagens do Holocausto no Telegram negam ou distorcem os fatos. Enquanto vemos a história sendo apagada, o fanatismo e a intolerância crescem no Brasil. Os crimes de ódio online cresceram 67% no início de 2022, de acordo com a Safernet. Denúncias de intolerância religiosa cresceram 141% no Brasil em 2021.

O número de casos de apologia ou apoio ao nazismo saltou de menos de 20 para mais de 100 entre 2018 e 2020. O número de células nazistas também mostra um pico de crescimento, chegando a 1117. No final de 2022, o país registrou três ataques de ódio em escolas. Os dados são do Governo Federal e da Polícia Federal.

“Neste Dia Internacional em Memória do Holocausto, proclamado em 2005 pela Resolução 60/7 da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a UNESCO reafirma seu compromisso com a promoção do diálogo, da tolerância e da compreensão mútua por meio do lançamento da #ContarParaViver, diz Marlova Jovchelovitch Noleto, Diretora e Representante da UNESCO no Brasil.
 

A UNESCO aproveita a oportunidade para lembrar que o respeito à diversidade é fundamental. Uma vez que as pessoas se tornam capazes de compreender a riqueza que existe na diversidade, a humanidade avança na construção de valores essenciais para a paz, como o pluralismo, a inclusão e a tolerância, conforme estabelecido na Declaração de Princípios sobre a Tolerância, aprovada pelos Estados-membros da UNESCO em 1995. “Mais do que nunca, nós devemos respeitar, celebrar e valorizar a rica diversidade de culturas do nosso mundo, bem como reconhecer os direitos humanos e as liberdades fundamentais das pessoas, para que possamos efetivamente não deixar ninguém para trás”, afirma Marlova Jovchelovitch Noleto.

 

Histórias Reais 

Os filmes, dirigidos por Cao Hamburger, e com a narração do ator Caco Ciocler, contam histórias como a de Naiá Tupinambá, uma indígena de 19 anos, de Itabuna (BA), que sofreu diversos tipos de violência verbal. Filha de uma mulher índia e de homem negro, Naiá foi classificada como parda na certidão de nascimento e, enquanto estudava em São Paulo, foi orientada a mudar o sotaque para se encaixar. Naiá começou a faltar à escola, a ter crises de ansiedade e a esconder a própria ancestralidade. Sua foto foi retirada das redes para usos indevidos, além de muitos ataques verbais.

Odivaldo da Silva, 55 anos, morador de Curitiba, voltava do trabalho para casa quando foi abordado por um homem que começou a agredi-lo verbal e fisicamente. Sob protestos de testemunhas, o agressor disse que “os sem-teto têm que morrer”. Odivaldo passou por uma cirurgia, mas ainda carrega cicatrizes no rosto até hoje. “Nunca foi tão importante educar as pessoas sobre o Holocausto e passar suas lições”, diz Odivaldo.

“Precisamos que os jovens brasileiros desenvolvam empatia por meio de narrativas pessoais, de ontem e de hoje. O dia 27 de janeiro é uma oportunidade de fortalecer esse trabalho”, afirma Carlos Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba, membro do comitê executivo da Rede Latino-Americana de Ensino da Shoah (LAES) e da equipe curatorial do Memorial do Holocausto Vítimas no Rio de Janeiro.

O objetivo é criar consciência. “O Holocausto é um episódio sem precedentes na história que nunca mais acontecerá, mas se esquecermos ou negarmos o que aconteceu, esse vazio abre espaço para novos tipos de violência, ódio e intolerância. Manter essas histórias vivas é essencial”, afirma Vitor Elman, copresidente da Cappuccino, agência do The Weber Shandwick Collective.


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Publicado por Danilo Telles, Jornalista da Rádio Metropolitana