Fotos: Guilherme Valdanha/ CCS

Animal insetívoro é o segundo a ser identificado no Brasil; registro será enviado em forma de artigo para revista científica.

Um morcego da família Mollossidae, espécie Eumops glaucinus, albino, teve ocorrência registrada nesta semana pela equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde. O animal é considerado raro, sendo apenas a segunda ocorrência desta espécie em idade adulta no Brasil. A identificação e confirmação da raridade do caso foram feitas pelo médico veterinário e coordenador do CCZ, Matheus Santos, e pela bióloga do CCZ, Regina Lex Engel.

Os animais albinos raramente conseguem alcançar a idade adulta, pois podem ser acometidos por queimaduras ou câncer de pele e também são facilmente vistos por predadores devido à coloração branca.


Morcego Albino ao lado de outro da cor cinza chumbo, natural da espécie


Conforme explica Santos, na segunda-feira, 30/01, o Centro de Controle de Zoonoses foi acionado para recolher um morcego de cor branca encontrado no quintal de uma residência no bairro Javari I. “Fomos até o local e confirmamos o morcego da coloração branca. Recolhemos o animal e o levamos para devida identificação em nosso laboratório do CCZ, liderados pela bióloga Regina”, disse.


No CCZ, Regina Lex Engel, bióloga, e Fabiana Vieira Hoto, técnica de laboratório


A bióloga explica que o animal foi devidamente identificado como albino por meio de chave taxonômica – ramo da biologia que descreve, identifica e nomeia os seres vivos de acordo com os critérios como aspectos morfológicos, genéticos, fisiológicos e reprodutivos – própria para a Ordem Chiroptera. “Assim foi possível classificá-lo como morcego da família Mollossidae espécie Eumops glaucinus, mas com a pelagem do corpo totalmente branca, ao invés do padrão cinza chumbo da espécie, além da presença dos olhos vermelhos. Desta forma, pudemos caracterizá-lo como um caso raro de albinismo completo em morcegos, uma condição promovida por mutação genética, onde não há a produção de melanina pelas células do corpo do animal”, explicou Regina.



O outro morcego albino da espécie Eumops glaucinus de que se tem registro no Brasil foi encontrado em Campinas, em 2000. “Assim, este é o segundo registro de morcego albino dessa espécie no Brasil. O fato, além de ser raro pela ocorrência, é mais raro ainda por se tratar de um animal albino que conseguiu chegar à vida adulta. Tal ocorrência será publicada pelo CCZ em revista científica em breve”, relatou a bióloga.



O secretário de Saúde, Filemon Silvano, parabenizou o trabalho realizado pelo CCZ. “A equipe é capacitada e muito envolvida para o bom andamento do departamento. Parabenizo a todos pela rara descoberta e que este exemplar possa integrar nosso acervo de espécies para fins educacionais”, enfatizou.

A ESPÉCIE - O morcego albino encontrado no dia 30/01 é da espécie Eumops glaucinus, insetívora – se alimenta de insetos – sendo muito comum em centros urbanos, vivendo em frestas de edificações, juntas de dilatação, rufos e sob folhas de palmeiras. A estrutura social é de pequenas colônias com poucos machos que formam haréns com várias fêmeas, geralmente em períodos reprodutivos.

BRANCOS - Segundo Regina Lex Engel, existem duas famílias de morcegos verdadeiramente brancos no mundo, sendo os da família Phyllostomidae, conhecidos popularmente como Morcego-branco-de-honduras, e os da família Emballonuridae, conhecidos também como morcegos-fantasmas, sendo que apenas esta segunda espécie ocorre no Brasil, mais especificamente na floresta Amazônica, em alguns estados da região norte, e na mata atlântica, nos estados da Bahia e Espírito Santo.

Texto: Felipe Poleti/ CCZ

Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista e Redator RMPTV

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