Foto: Divulgação/ Vanderlei Zampaulo
A tragédia que ocorre neste
momento no Litoral Norte de São Paulo e em outras regiões do estado e do país,
relacionadas com as fortes chuvas que castigam a população desde o final do ano
passado, não tem raízes naturais.
Sim, é verdade que a
precipitação pluvial, resultante das mudanças climáticas, é muito elevada,
porém, essa constatação não é suficiente para explicar o que acontece. As
razões são estruturais, inerentes ao capitalismo predatório que temos no
Brasil.
A partir da década de 1950,
com a ausência de reforma agrária e com industrialização acelerada do país,
houve grande migração das populações do interior para os centros urbanos,
gerando miséria e grandes problemas habitacionais, face à ausência de políticas
públicas. De acordo com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional,
Waldez Góes, o Brasil tem hoje aproximadamente 14 mil pontos de riscos
altíssimos de desastre e 4 milhões de pessoas morando nessas áreas, nas
capitais, outros centros urbanos.
No litoral, a ocupação desenfreada e sem controle, sobretudo de grandes hotéis, condomínios e empreendimentos de alto padrão deram origem ao deslocamento das populações locais e imigrantes que foram para essas regiões em busca de trabalho para as encostas de morro e outras áreas de áreas de risco. O resultado deste processo, lamentavelmente, aparece de maneira trágica em momentos como esse, causando mortes e destruição. Além das mortes e dos feridos, muitas famílias perderam absolutamente tudo.
A ação emergencial liderada pelo Presidente Lula – e essa ação não ocorreria caso Jair Bolsonaro tivesse sido reeleito – minora as consequências imediatas da tragédia, mas está muito claro de que é necessário construir soluções duradouras.
É tarefa de todos os entes federados – União, Estados, Municípios – encaminhar soluções para as áreas de risco, por meio da construção de moradias populares em locais seguros. É preciso intensificar a fiscalização sobre os empreendimentos de alto padrão (muitos deles repletos de irregularidades). É necessário desenvolver projetos de recuperação ambiental das áreas degradadas. Também é fundamental o aperfeiçoamento da legislação e que haja investimento nos órgãos de fiscalização e nos projetos de ação concreta para que se viabilizem essas soluções.
Ou haverá um esforço nacional
e local para que se resolvam os problemas estruturais envolvidos na degradação
ambiental que ocorre no Brasil, ou, lamentavelmente, continuaremos a assistir
graves tragédias como a de São Sebastião e do Litoral Norte, de Mariana, o
desmatamento na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica e tantas outras.
É papel do Estado investir em
políticas públicas permanentes e duradouras, tanto de proteção do meio ambiente
como para garantir habitação popular também às famílias de baixa renda,
fundamental para que situações como essa não mais se repitam no nosso país, e o
nosso mandato popular continuará firme na missão de fiscalizar, cobrar e propor
essas medidas.
É preciso preservar o meio ambiente e vidas humanas no Brasil e em todo o planeta.
Artigo
assinado por: Professora Bebel, deputada estadual pelo PT, presidenta da
Apeoesp e vice-presidenta estadual do Partido dos Trabalhadores