Foto: Divulgação/ Vanderlei Zampaulo
No dia 24 de fevereiro comemorou-se
91 anos da conquista do voto feminino no Brasil, que Permaneceu facultativo até
1965, quando se tornou também obrigatório.
Foi, claro, um avanço
importantíssimo, assim como outras conquistas ao longo do tempo. Estamos,
porém, longe da igualdade de gênero.
A partir da reeleição da
presidenta Dilma Rousseff, em 2014, aflorou de forma visível e contundente o
inconformismo dos setores conservadores, machistas e patriarcais da sociedade
brasileira com o protagonismo das mulheres. Derrotado na eleição presidencial,
Aécio Neves vocalizou de forma virulenta toda a misoginia e o machismo
estrutural da nossa sociedade. O ódio direcionado à presidenta Dilma Rousseff é
o ódio que as elites retrógadas e machistas do Brasil devotam a todas as
mulheres que pretendem assumir posições de liderança na nossa sociedade e
contra todos os avanços sociais que são conquistados pela classe trabalhadora e
pela população mais pobre.
Nos seis anos que sucederam o
golpe de 2016, durante os governos Temer e Bolsonaro, a ofensiva contra os
direitos das mulheres foi avassaladora. Na reforma trabalhista, por exemplo,
retirou-se das mulheres grávidas o direito de não trabalharem em ambiente
insalubre. Na reforma da previdência, aumentou-se a idade mínima para
aposentadoria. Jair Bolsonaro pregou aos quatro ventos que mulheres não
deveriam ser contratadas “porque engravidam” e que deveriam, sim, receber
salários inferiores aos dos homens. Um deputado da bancada evangélica propôs um
projeto para obrigar mulheres e até crianças estupradas terem os filhos desses
criminosos. Todos os direitos femininos passaram a ser questionados e
combatidos e o combate a uma fantasiosa “ideologia de gênero” foi a senha para
ataques generalizados no campo da educação, da cultura e dos costumes.
E, no entanto, nós, mulheres,
resistimos. E não foi uma resistência passiva. Durante todo o governo Bolsonaro
as mulheres protagonizaram cenas explícitas e coletivas de luta contra o
autoritarismo, contra a violência, em defesa da democracia, em defesa de seus
direitos. Ele não foi um movimento que explicitou para a sociedade brasileira e
para o mundo o caráter destruidor daquele governo. Essa resistência também
esteve presente nos sindicatos, nos movimentos populares, no parlamento, em
espaços de mídia e nas redes sociais. E representou um fio de continuidade
importantíssimo para a derrota eleitoral da extrema-direita e para a abertura
de novas perspectivas a partir da posse do Presidente Lula, no dia 1º de
janeiro.
É simbólico que tenhamos no
governo federal o número recorde de 11 mulheres ministras. É importantíssimo
que tenha sido recriada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,
com status de Ministério. Que o Ministro Flávio Dino tenha determinado novas
investigações da morte de Marielle Franco, um símbolo de luta e resistência das
mulheres.
Por isso, no ensejo do dia 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, temos muitas razões para nos afirmarmos como combatentes e para comemorarmos a derrota eleitoral que infligimos ao fascismo no Brasil. Vencemos uma batalha importante, mas o perigo persiste. Que na data que nos é dedicada, nos tornemos ainda mais unidas e determinadas a transformar este país em uma terra mais justa, solidária e igualitária para todas, todos e todes.
Artigo
assinado por: Professora Bebel é deputada estadual pelo PT e presidenta da
APEOESP