Foto: Divulgação/ Vanderlei Zampaulo
O Brasil inteiro ficou chocado com a tragédia ocorrida na manhã de segunda-feira, 27 de março, na Escola Estadual Thomazia Montoro, localizada na Vila Sônia, na Capital, onde um estudante de apenas 13 anos, portando uma faca, assassinou a professora Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, ferindo duas outras professoras e dois alunos.
O fato expõe a extrema vulnerabilidade das comunidades escolares a situações de violência dentro das próprias escolas, além da violência crescente no âmbito social mais amplo. Notícias nos meios de comunicação e dados da polícia civil indicam mais de uma dezena de tentativas semelhantes, com facas, em diversas regiões do estado e em outras regiões do país.
Pesquisa divulgada pela APEOESP, nesta quarta-feira, 29 de março, confirma com dados o agravamento do problema, sobretudo após a pandemia. Expõe também a falta de políticas do Estado para enfrentar a situação.
De acordo com a pesquisa, cuja apresentação está disponível em https://www.youtube.com/live/AXIL8i9sjMw?, 71% dos estudantes e 41% dos professores afirmam que souberam de casos de violência nas suas escolas. 73% dos familiares dos estudantes souberam de casos de violência nas escolas de seus filhos. Outro resultado aponta que 48% dos estudantes e 19% dos professores afirmam ter sofrido algum tipo de violência dentro de suas escolas.
Registremos também que 95% dos
estudantes, 91% dos professores e 95% dos familiares de estudantes concordam
que questões relacionadas com saúde mental, esgotamento, ansiedade se tornaram
mais relatadas por estudantes e professores – após a pandemia. Outra resposta
mostra que 98% dos estudantes, 96% dos professores e 97% dos familiares de
estudantes concordam que o governo estadual deveria dar mais condições de
segurança às escolas.
A política armamentista que vigorou no país nos últimos anos certamente influenciou e influencia crianças e jovens. Ao mesmo tempo, como todos nós, eles não passaram ilesa pela pandemia. Tivemos perdas irreparáveis. O processo educativo ficou praticamente em suspenso. O quanto isso afetou nossos estudantes e alterou a convivência nas escolas. É comum professores, funcionários e estudantes da rede estadual de ensino se sentirem abandonados. Queremos construir um ambiente de harmonia e paz nas nossas escolas e, para isso, é preciso investigar as razões dos casos violentos e, juntos, buscarmos caminhos para que não se repitam.
Para tanto, reivindicamos do Governo Estadual, no mínimo, que contrate psicólogos para todas as escolas, que aloque professores mediadores, nas unidades e que melhore sua estrutura, que estabeleça diálogo em torno de uma política pública para enfrentar o problema, que implemente gestão democrática nas escolas, que implemente medidas de valorização dos profissionais da Educação, que contrate mais funcionários por concurso, que acabe com a superlotação de classes, com limite de 25 estudantes em cada sala de aula, enfim, que adote um conjunto de medidas que se diferenciam da presença de policiais dentro das unidades escolares, com a qual não concordamos. O governo deve colocar mais policiamento no entorno das escolas, não dentro delas.
Sabemos que não teremos condições de zerar completamente a violência dentro das escolas, assim como não é possível acabar totalmente com a violência na sociedade de forma geral. Porém, o que se vê hoje é o abandono total das escolas. Sem dúvida o uso de tecnologias, como detector de metais nas entradas, câmeras nas áreas comuns e outros equipamentos é importante, mas sem funcionários e especialistas para monitorar e analisar imagens e comportamentos, isso de nada adiantará. No fim, somente o fator humano que ajudará a prevenir e controlar a violência nas escolas.
Artigo assinado por: Professora
Bebel, presidenta da APEOESP e deputada estadual pelo PT