Foto: Guilherme Leite
Cerca de 30 pessoas estiveram na Câmara para
discutir com vereadores medidas que o município pode tomar para restabelecer a
sensação de normalidade nas escolas.
Pelo
menos cinco propostas são avaliadas por vereadores para amparar a legislação
municipal com normas que reforcem a segurança nos estabelecimentos de ensino de
Piracicaba. As medidas vão desde permitir a inspeção do conteúdo de mochilas,
na entrada dos alunos, até tornar obrigatória a presença de psicólogos e
profissionais de segurança nas escolas.
O tema ganhou urgência com os recentes ataques em São Paulo (SP)
e Blumenau (SC), que aumentaram o temor de pais pela segurança dos estudantes
também em Piracicaba. Mobilizadas pelo Whatsapp, cerca de 30 pessoas estiveram
na Câmara, na tarde desta segunda-feira (10), para discutir com vereadores
medidas que o município pode tomar para restabelecer a sensação de normalidade
nas unidades de ensino.
O aplicativo de troca de mensagens também está por trás do
pânico que os pais reconhecem ter se disseminado entre eles, em razão de
conteúdos falsos que circulam nos grupos e que têm como foco as escolas locais.
O reforço nas rondas policiais, a instalação de equipamentos de vigilância, o
controle no acesso às unidades e até a paralisação temporária das aulas estão
entre as ações que os pais sugerem ser tomadas no momento.
A reunião foi conduzida pelo vereador Cássio Luiz Barbosa (PL),
o Cássio Fala Pira, autor do requerimento 271/2023, que deve ser votado em
regime de urgência à noite, na 18ª Reunião Ordinária. A propositura convoca
para o próximo dia 25, às 14h, audiência pública na Câmara para debater o
tema com o Legislativo, a comunidade escolar e autoridades das áreas de
educação e segurança.
Também participaram da reunião a vereadora Ana Pavão (PL),
os vereadores Gilmar Rotta (PP) e Pedro Kawai (PSDB) e o deputado estadual Alex
de Madureira (PL), além das assessorias de André Bandeira (PSDB) e Anilton
Rissato (Patriota). Os parlamentares detalharam aos pais de alunos como o
Legislativo tem buscado apresentar propostas que venham a ser encampadas pelo
Executivo para reforçar a segurança nas escolas.
Cássio Fala Pira citou o projeto de lei 62/2023, de sua autoria, que
obriga a instalação de detectores de metais em todas as escolas públicas e
privadas de Piracicaba. Ele disse até esperar que o texto receba parecer
contrário, pelo fato de a proposta configurar vício de iniciativa e acarretar
gastos para a Prefeitura, mas afirmou que não vai abrir mão de seu
"papel de provocar o Executivo a tomar providências pela segurança dos
estudantes".
O parlamentar lembrou já ter anteriormente apresentado indicações e reque
Em diversos momentos, o vereador buscou conscientizar os pais da
importância de filtrarem os conteúdos que circulam em redes sociais e
aplicativos de mensagens. "Está se criando um pânico muito grande.
Nós, como adultos, precisamos passar mais tranquilidade e não ficar repassando
vídeos, áudios. Se começarmos a não ter mais discernimento das coisas, não
vamos mais sair de casa. Temos de trabalhar com inteligência."
"O pânico não está somente dentro das escolas. A loucura
está em todos os lugares, as pessoas perderam o sentido. É o mundo inteiro
que está passando por isso: já acontece há anos nos Estados Unidos e agora está
batendo à nossa porta. Temos que ter esse autocontrole. Como pessoas
com experiência de vida, que nossos filhos não têm, temos de passar
tranquilidade para eles e não ficar retroalimentando essas coisas que vêm de
redes sociais", ponderou.
A técnica em radiologia Cleide Nunes contou ter criado um grupo
no Whatsapp com o objetivo de reunir pais para cobrar mais segurança nas
escolas. Uma das preocupações tem sido filtrar os conteúdos que os
participantes compartilham. "Estamos administrando o grupo para não ter
fake news. Se causou tumulto, temos que tirar a pessoa", disse.
Mãe com criança na escola, Rafaela Sabino alertou para os riscos
de unidades que estão em obras deixarem o portão aberto o dia todo. "Têm
acesso liberado a qualquer pessoa, nem a diretora consegue ficar em paz com
isso", apontou, acrescentando que "os professores não têm capacitação
para proibir o acesso de uma pessoa estranha à sala de aula".
Anita Camargo, com o apoio de outras mães, sugeriu que parte das
férias do meio do ano seja antecipada para que Prefeitura, escolas e forças de
segurança possam se organizar na adoção de novas medidas contra a violência.
"Tentar uma paralisação para preparar os alunos e a gente preparar nossos
filhos em casa", propôs uma das mães. "Não adiantam paliativos
enquanto estamos todos inseguros", completou outra.
PROPOSTAS DA CÂMARA - A vereadora Ana
Pavão destacou ter levado ao governo, por meio da indicação 1.833/2022, a proposta para acrescentar
ao quadro de profissionais da rede de educação básica a prestação de serviços
de psicologia e serviço social. O vereador Gilmar Rotta relatou ter
protocolado, na manhã desta segunda-feira, projeto de lei para permitir que
professores vistoriem o conteúdo das mochilas dos alunos na entrada das
escolas. Também via projeto de lei, de número 56/2023, o vereador Paulo Henrique
Paranhos (Republicanos) propõe tornar obrigatória a presença de
profissionais de segurança em escolas públicas municipais.
"O projeto de minha autoria autoriza funcionários de
escolas públicas e privadas a fazer vistoria nas mochilas dos alunos. Na semana
passada, eu estava numa escola estadual e uma menina falou para uma amiga que
estava com uma faca na bolsa. Falei para chamarem a polícia, que compareceu.
Imaginem que existe escola que tem 1.200 alunos, então são 1.200 mochilas
em salas de aulas, e hoje eles [professores] não podem mexer. É uma medida para
tentar fechar o cerco a isso", defendeu Gilmar Rotta.
O vereador disse esperar contestações à proposta. "Vamos
ter problema com Conselho Tutelar, pais de alunos, mas é um esforço
para trazer um pouco mais de segurança em sala de aula. Não vai
resolver o problema 100%, mas, dentro da escola, os professores e diretores
sabem quem é quem, pois convivem com a criança desde cedo. Achou um objeto
cortante? Leva para a diretoria e chama os pais. Se não fizermos nada
agora, como estarão nossas escolas daqui a alguns anos?", refletiu o
autor do projeto de lei.
Ana Pavão assegurou aos pais que a Secretaria Municipal de
Educação "está tomando providências" e leu documento, elaborado pela
pasta, com "mudanças de rotina e novos procedimentos" para prevenir
casos de violência nas escolas. As orientações incluem maior controle de acesso
nos horários de entrada e saída dos alunos e também de visitantes, além de
recomendações sobre chaves das portas, telefones de emergência e Ronda Escolar.
"Eu fui a uma escola e vi que está rigoroso para pegar a
criança. Visitante não vai ter mais: vamos ter que preencher um
formulário, pegar um crachá e justificar por que vamos lá. E sobre a Ronda
Escolar: a Polícia Militar e a Guarda Civil passarão a fazer com mais
frequência, parando em algumas escolas. A Guarda orientará as crianças
para algumas situações, tentando fazer mais lúdico esse processo,
explicando o que faz um policial", exemplificou Ana Pavão.
O vereador Pedro Kawai reforçou a necessidade de não disseminar
mensagens que gerem pânico. "É consenso nos órgãos de imprensa não
compartilhar isso, porque é o que está causando um pânico geral. Hoje se faz
terror na internet e, se propagarmos, vai alcançar o que esses malucos querem.
Se você receber alguma coisa sobre ameaça a escolas, ligue para a direção,
pergunte se ela está sabendo. Esse é o nosso papel como pais. Não vai resolver
nada ficar postando em outros grupos, pois só vai estar dando moral para esses
caras."
O parlamentar também defendeu o papel dos vereadores em
apresentar propostas para provocar ações do Executivo. "Devemos buscar
mecanismos que evitem que essas tragédias aconteçam. Tem que se dar a sensação
de segurança para a população, com viaturas passando em frente às
escolas. O vereador pode chegar até um certo limite: posso pedir para o
Executivo investir em muro alto, detector de metais, mas não posso
exigir", comentou.
Alex de Madureira observou que a preocupação também afeta as 8 mil escolas estaduais. "É bom ver a Câmara se mobilizando e tendo os pais nessa discussão também, pois traz um movimento para a sociedade e força que a Prefeitura tome medidas", disse o deputado estadual, acrescentando que "replicará na Assembleia Legislativa" as propostas que os vereadores apresentaram em Piracicaba, "para forçar o governo do Estado a fazer ações nesse sentido".
Texto: Câmara Municipal de Piracicaba
Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista e Redator RMPTV