Foto: Guilherme Leite
Promovida pela Câmara Municipal de Piracicaba nesta
terça (25), audiência pública debateu propostas e estratégias conjuntas para
evitar casos de violência em escolas.
As
estratégias e ações para prevenir e mitigar a violência nas escolas, a exemplo
dos recentes casos que ganharam destaque na imprensa nacional e local, foram
debatidas em audiência pública promovida pela Câmara Municipal de Piracicaba na
tarde desta terça-feira (25), no plenário "Francisco Antônio Coelho",
solicitada pelo no requerimento requerimento 271/2023, de autoria dos
vereadores Cássio Luiz Barbosa (PL), o Cássio Fala Pira, que presidiu o
encontro, e Acácio Godoy (PP).
Ao longo de quase três horas, vereadores, profissionais e
dirigentes da educação estadual e municipal, agentes de segurança pública e
representantes de diversas entidades sociais, sindicais e órgãos públicos, se
debruçaram sobre o tema, considerado por eles como multifatorial e que demanda
uma abordagem conjunta.
“Essa audiência é de extrema importância neste momento delicado
pelo qual estamos passando, não apenas no Brasil mas mundialmente. Achávamos
que essa violência só existia em filmes de Hollywood e nos Estados Unidos, mas
agora ela bateu na nossa porta. A situação é grave e delicada. Por isso,
queremos ver aqui, hoje, qual o caminho que iremos tomar juntos, tanto o
Legislativo, quanto o Executivo, o Judiciário, as forças de segurança e a
sociedade civil”, disse Cássio Luiz Barbosa.
Acácio Godoy também reforçou que o debate sobre a violência nas
escolas “é de extrema relevância e importância”, e ponderou que a audiência
pública acontece em um momento “de calor, de emoção, de preocupação e de medo,
justificável pelos atos recentes”, mas que é dever dos gestores públicos
“encontrar caminhos práticos dentro da emoção, caminhos plausíveis e reais que
possam ser implementados”.
Reflexo social - Para o secretário municipal
de Educação, Bruno Roza, a violência dentro das escolas precisa ser entendida e
contextualizada como um reflexo mais amplo da própria sociedade: “essa não é
uma questão que precisa somente ser discutida pela educação, mas sim por todos
nós enquanto sociedade. Muito mais do que uma ação reativa à situação que
vivenciamos hoje em nível de Brasil, precisamos também discutir o tipo de
sociedade que queremos e o que cada um está fazendo para contribuir e
colaborar. Se não cumprirmos a nossa função enquanto gestores, educadores,
pais, nós só vamos enxugar gelo. E eu me recuso a enxugar gelo”, falou.
Segundo o titular da pasta, em termo de ações já adotadas, há
uma orientação para que as escolas municipais mantenham seus portões fechados
durante o horário das aulas e que haja um controle mais intenso da entrada e
saída de pessoas.
Ele também informou que devem ser realizados investimentos na
estrutura das escolas, e que profissionais da rede, em breve, receberão
treinamentos e terão acesso a um protocolo sobre como agir em eventuais
ataques.
Ainda de acordo com Bruno Roza, a pasta também pretende realizar
formações específicas sobre o combate ao bullying e sobre o fomento da cultura
de paz e da comunicação não violenta, e também falou sobre a intenção da
secretaria em integrar seu quadro funcional psicólogos para atuarem no dia a
dia das unidades.
Fábio Negreiros, Dirigente Regional de Ensino de Piracicaba,
também considera que o problema vai para muito além do universo escolar:
“estamos com uma sociedade doente, que saiu de uma pandemia, trancada por dois
anos, vivendo no mundo virtual, jogando joguinhos. Muitas vezes os jovens estão
em frente à tela de um computador, com um web subterrânea, apontada por
especialistas como ambiente em que essas ações foram orquestradas e organizadas,
com intencionalidade”.
De acordo com Dirigente, treinamentos com diretores de escolas
estaduais, em parceria com a PM, já estão sendo realizados. Ele também reforçou
que todas as escolas estaduais têm ao menos 5 câmeras de segurança, monitoradas
em tempo real pelas forças policiais, e igualmente apontou que pequenas
adequações estruturais, como a troca de determinadas portas e fechaduras também
podem trazer mais segurança às unidades.
Fábio Negreiros também ressaltou a existência de estudos pela
Secretaria Estadual da Educação para contratar professores mediadores em todas
as escolas estaduais, e que também está sendo analisada a contração de
profissionais de segurança desarmada em parte das unidades.
Reforço na segurança - Segundo o Major
Ricardo Bessa, do 10ª BPM/I da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a
corporação busca constantemente o diálogo e contato com as unidades escolas
estaduais e municipais, seja por meio de uma presença mais ostensiva da tropa,
seja por meio da troca de informações.
Além do mais, de acordo com ele, ações voltadas ao treinamento
de diretores e educadores e a realização de visitas às unidades escolares para
observar medidas estruturais que possam melhorar a segurança estão sendo
adotadas. Ele também lembrou que a Polícia Militar disponibiliza uma aba no
aplicado 190 destinada especificamente para casos de violência no ambiente
escolar.
Apesar dos esforços já adotados e previstos, ele também
ponderou: "estamos falando de um crime que não é comum. Muito
provavelmente é decorrente de alguma doença da sociedade, porque não é normal
uma pessoa entrar em um ambiente com o propósito de matar sem parar até que
tirem a vida dela. Isso não é normal, é algo totalmente fora da curva”.
Para a delegada da Polícia Civil, Eliana Carmona, além de
conscientização e orientação e de ações emergenciais para coibir novos casos, é
necessário "tratar a sociedade como um todo, além de adotarmos protocolos
de ação", disse.
A policial civil ainda reforçou que os todos os casos e relatos
sobre eventuais ataques na cidade foram investigados: "todos os envolvidos
foram ouvidos, e celulares e computadores foram apreendidos. Foi importante
mostrar que existe uma ação. O fato de serem menores de idade ou de estarem
na deep
web não torna anônimos, e os pais estão sendo chamados para a
responsabilização, para que fiquem mais
atentos".
A presença da Guarda Civil Municipal de Piracicaba nas escolas
também foi ressaltada pelo seu Comandante, Sidney Nunes, que reafirmou o
trabalho em conjunto realizado pela corporação e as demais forças de segurança
que atuam na cidade.
Ele ainda ressaltou que um novo aplicativo, o chamado botão de
pânico “SOS Comunidade Escolar” está sendo desenvolvido pela GCM e, em breve,
será lançado. “Iremos às escolas, conversar com os responsáveis, para
instruí-los e treiná-los para que, em um evento crítico, o botão seja acionado
e viatura mais próxima, treinada para esse atendimento, seja deslocada”,
explicou.
Carlos Beltrame, secretário municipal de Governo, lembrou que,
além do botão de pânico, a Prefeitura também estuda ampliar em mais de 6 mil o
número de câmeras de monitoramento nos prédios públicos municipais.
As discussões da tarde desta terça-feira (25) ainda contaram com
a participação das vereadoras Rai de Almeida (PT) e Silvia Morales (PV), do
mandato coletivo A Cidade é Sua, e dos vereadores Gilmar Rotta (PP), Paulo
Henrique (Republicanos), Pedro Kawai (PSDB) e Valdir Vieira Marques
(Cidadania), o Paraná, que trouxeram diversos apontamentos e falaram sobre
proposituras que tramitam na Casa sobre o tema.
Por fim, também foi discutida a possibilidade da criação de uma
espécie de fórum permanente para que a proposição de novas ideias e o
monitoramento do resultado das ações já adotadas.
Texto:
Câmara Municipal de Piracicaba
Publicação:
Enzo Oliveira/ Radialista e Redator RMPTV