Foto: Isabela Borghese/ CSS
Com grande quantidade de capivaras na área urbana em Piracicaba,
vereadores se preocupam com o surgimento de casos da doença; Campinas declarou
surto após quatro mortes
A Câmara
Municipal de Piracicaba aprovou em regime de urgência, na 34ª Reunião
Ordinária, nesta quinta-feira (15), o requerimento nº 535/2023,
de autoria do vereador Laércio Trevisan Jr. (PL), que questiona a Prefeitura
sobre as providências adotadas para prevenção à disseminação da febre maculosa
na cidade. Nas declarações de voto da propositura, vários vereadores relataram
que foram procurados por munícipes preocupados com a doença, tendo em vista a
grande quantidade de capivaras em circulação na área urbana de Piracicaba.
O animal é hospedeiro do carrapato estrela, transmissor da febre maculosa.
Esta semana, um surto foi registrado em Campinas, após a morte de quatro
pessoas que participaram de um mesmo evento, no fim de maio.
Ao declarar voto, o autor do requerimento
exibiu um vídeo do Parque da Rua do Porto, com a presença de vários grupos de
capivaras. Segundo Trevisan Jr., a estimativa é de que existam cerca de 1,5 mil
capivaras em circulação pela área urbana da cidade. Ele lembrou que o local
chegou a ser fechado por alguns meses por causa da infestação de carrapatos. “O
poder público pode tomar providências e fazer convênio com o Ibama. Tem que ter
um mapeamento das áreas de risco, sinalização, campanha. A Prefeitura tem que
ter um programa de manejo desses animais para seu habitat natural”, afirmou.
O presidente da Casa, Wagner de Oliveira,
o Wagnão (Cidadania), demonstrou preocupação com a presença de crianças no
Centro Infantil de Educação no Trânsito, que funciona no parque e cogitou a
possibilidade de solicitar a suspensão das atividades no local. A vereadora
Sílvia Morales (PV), do Mandato Coletivo A Cidade é Sua, também assinou o
requerimento, já que apresentou um documento com o mesmo conteúdo.
O vereador Gilmar Rotta (PP) também
declarou voto e lembrou de outros locais da cidade que possuem circulação de
capivaras, como a avenida Cruzeiro do Sul e a Esalq. Ele recebeu um vídeo de
moradores do bairro IAA que demonstram a presença de capivaras em um condomínio
fechado e até mesmo dentro de escolas do bairro. “Cada fêmea pode gerar cinco
filhotes a cada cinco meses, então é um animal que se reproduz muito
rapidamente”, colocou. O líder do governo, vereador Josef Borges (Solidariedade),
disse que só o Ibama pode fazer o manejo das capivaras.
“Podemos ter casos fatais se não tomarmos
as medidas”, disse a vereadora Rai de Almeida (PT). “O Ibama pode ter a
responsabilidade, mas o governo municipal pode buscar as informações necessárias
e adotar as medidas”. A vereadora Ana Pavão (PL) adiantou que teve uma conversa
com o secretário de Meio Ambiente, Alex Salvaia, que informou sobre a
realização de uma ação na Rua do Porto para transferência das capivaras para o
Rio Piracicaba e dedetização do espaço. “Temos que tomar cuidado, temos que
orientar a população, mas não podemos deixar a população desesperada”,
alertou.
O vereador Gustavo Pompeo (Avante)
comentou sobre três casos de mortes por febre maculosa em Piracicaba em 2019 e
também a morte do assistente social Totó Danelon, em 2020. Citou toda a orla do
Rio Piracicaba, que é muito usada para a prática de caminhada e corrida e
demonstrou preocupação com o diagnóstico tardio, já que muitos casos são
tratados como dengue e os sintomas da febre maculosa acabam se
agravando. O vereador Paulo Camolesi (PDT) pontuou outros espaços que são
frequentados por capivaras, como o Bosque da Água Branca. Já o vereador Pedro
Kawai (PSDB) avaliou que a Prefeitura deve fazer uma força-tarefa e fiscalizar
as chácaras que promovem festas.
Comissão de Estudos – Na 34ª Reunião Ordinária, o Plenário também aprovou o requerimento nº 505/2023,
de autoria da Comissão de Estudos das Enchentes, que pede a prorrogação do
prazo para a realização dos trabalhos. A apuração tem o objetivo de analisar a
suspeita de descumprimento dos orçamentos de 2021 e 2022 para obras de combate
às enchentes pelo Poder Executivo. O pedido inicial era para que o prazo se
estendesse por mais 90 dias, mas houve acordo para um prazo menor, de 30 dias,
tendo em vista que a comissão já está em fase de elaboração do relatório final.
Iniciativa popular – Já o projeto de emenda à Lei Orgânica nº
2/2022, de autoria da vereadora Sílvia Morales e mais 12
parlamentares, que apresentava a proposta de adesão digital dos cidadãos aos
projetos de iniciativa popular, foi rejeitado por não ter alcançado o número
mínimo de votos. Com quórum qualificado, seriam necessários 16 votos
favoráveis, mas apenas 14 vereadores votaram a favor da proposta, tanto na
votação do substitutivo elaborado pela CLJR (Comissão de Legislação, Justiça e
Redação) quanto na votação do projeto original. Com isso, a matéria foi
rejeitada.
Na 34ª Reunião Ordinária, foram ainda
aprovados outros oito requerimentos, dos quais dois em urgência. Em segunda
discussão, foi aprovado o projeto de lei complementar 1/2023,
de autoria da vereadora Alessandra Bellucci (Republicanos), que trata da
afixação de placas de advertência sobre a presença de cães; o PL 31/2023, de autoria do
vereador Thiago Ribeiro (PSC), que institui o “Dia Municipal de Combate à
Aporofobia”; o PL nº 63/2023, de autoria
do vereador suplente Antônio Moacyr Francetto Jr. (PSC), o Pássaro, que altera
a legislação municipal referente ao trânsito de veículos de carga na área
urbana do município, além de duas denominações de espaços públicos e duas
instituições de datas comemorativas no calendário oficial.
Os demais projetos de lei que estavam em
primeira discussão não foram apreciados por falta de tempo. A Tribuna
Popular foi ocupada pela presidente do Conselho Municipal de Segurança
Alimentar e Nutricional, Cláudia Renata Novolette. Confira, no vídeo, nesta
página, a íntegra da 34ª Reunião Ordinária.
Texto:
Câmara Municipal de Piracicaba
Publicação:
Enzo Oliveira/ Radialista e Redator RMPTV