Foto: Fabrice Desmonts


Paulo Campos relatou pedido de propina durante sessão de Câmara, mas ao ser ouvido pela Promotoria afirmou que foi abordado por uma pessoa que disse ter uma "proposta" para ele votar contra comissão que avaliaria a cassação, mas se negou a ouvir qual era a proposta.

 

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) arquivou o inquérito aberto para apurar suposta oferta de propina a vereadores para que votassem contra a criação de uma comissão que avaliaria a cassação do prefeito de Piracicaba (SP), Luciano Almeida (PP).

 

A investigação tinha sido aberta pela Promotoria após o vereador Paulo Campos (Podemos) fazer a afirmação sobre oferta de propina durante uma sessão de Câmara, no dia 19 de junhoConfira a fala dele na íntegra durante a sessão:

 

"Vou trazer uma informação que vai ser uma bomba. Zezinho Pereira estava comigo. Nós estávamos no estacionamento da Câmara, quando chegamos aqui no dia da votação do pedido da cassação do senhor prefeito Luciano Almeida [...] Ofereceram propina para mim e para o vereador Zezinho Pereira para que nós votássemos contra a cassação do senhor Luciano Almeida. Esse vereador nunca pegou e nunca vai pegar [propina]. Importante que fique registrado, já que é para ir para o embate, eu tenho testemunhas. Parou a mim e parou ele e ofereceram dinheiro para que nós votássemos contra. Eu falei 'não, meu amigo, não aceito proposta, nunca precisei'. Estou pegando dinheiro de agiota, mas nunca peguei e nunca vou pegar [propina]. E não tenho medo, se quiser vir para cima pode vir que eu não tenho medo. É muito grave o que está sendo falado, então que fique registrado."

 

Em depoimento ao promotor Luciano Gomes de Queiroz Coutinho, no entanto, Paulo Campos não confirmou que a oferta foi de propina, citando apenas que foi abordado por uma pessoa que queria fazer uma "proposta" para que votasse contra a comissão, mas se negou a ouvir qual seria essa proposta. Confira trecho do depoimento dele ao MP:

 

"Quando eu caminhava no estacionamento da Câmara, indo em direção do prédio principal para participar da mencionada votação no plenário, eu vi o Vereador Zezinho Pereira conversando com um indivíduo que eu não conheço. Então, o Vereador Zezinho Pereira disse para essa pessoa: 'Converse com o Paulo e o que ele decidir está tudo certo'. Nesse instante, o Vereador Zezinho Pereira se afastou e foi em direção ao prédio da Câmara, para a sessão. Então, o referido indivíduo se aproximou de mim e me perguntou como eu votaria na sessão daquela noite. Eu respondi que votaria pela admissibilidade da denúncia. Na sequência, ele falou: 'Eu tenho uma proposta para você votar contra'. Então eu respondi que em hipótese alguma eu aceitaria qualquer proposta. Ele insistiu repetindo que tinha uma proposta e perguntou se eu não queria ouvir. Eu repeti que não queria ouvir nada e fui em direção ao plenário para participar da sessão. Reitero que não conheço a mencionada pessoa".

 

Em depoimento ao MP, vereador Zezinho Pereira (União Brasil) afirmou que na noite da votação encontrou na Câmara o assessor de políticas públicas da prefeitura Edivaldo Brito, que lhe perguntou como seria seu voto. E que respondeu que seria pela aceitação da denúncia.

 

"Ele me perguntou: 'Não dá pra mudar esse voto?'. Eu respondi que não e segui para o Plenário da Câmara para a votação. Ele nada me ofereceu para que eu votasse a favor do Prefeito", afirmou o parlamentar. O vereador também negou ter presenciado oferta de propina a Paulo Campos, assim como relatou em nota à imprensa, em 21 de junho.


Zezinho ainda afirmou que mesmo dia, mas pela manhã, já tinha encontrado o prefeito em seu gabinete. "Ele me pediu para votar contra o processo de impeachment. Ele disse que quem votasse a favor da denúncia seria tratado como oposição, no que se refere ao atendimento de seus pleitos junto à Prefeitura. Contudo, ele não me ofereceu dinheiro algum", acrescentou.

 

Já Brito também negou à Promotoria ter feito qualquer oferta de dinheiro ou de vantagem para voto favorável ao prefeito e que também não tem conhecimento de que outra pessoa tenha feito isso.

 

Sem imagens de câmeras

 

Durante o andamento da apuração, o MP solicitou imagens das câmeras de monitoramento próximas ao local da abordagem que Paulo Campos citou, mas recebeu resposta de que não estavam mais disponíveis, já que, depois de um tempo, são apagadas para armazenamento de imagens mais recentes.

 

"Não há elementos aptos a comprovar a suposta tentativa de compra de votos relatada. Note-se que o Vereador Paulo Campos declarou que uma pessoa desconhecida lhe disse que teria uma proposta para ele votar contra o impeachment, mas tal proposta sequer chegou a ser apresentada, eis que o Vereador não quis ouvi-la", destaca o promotor.

 

À época da fala de Paulo Campos na sessão da Câmara, a Prefeitura de Piracicaba informou que, se havia alguma denúncia, o vereador deveria formalizá-la na Justiça para que fosse averiguada.


Texto: G1 Piracicaba


Publicação: Enzo Oliveira/ Radialista e Redator RMPTV

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