Foto: Assessoria parlamentar
Trevisan Jr. e Cássio Luiz Barbosa, ambos do PL protocolaram pedido de abertura de inquérito civil para apurar a responsabilidade da OSS Mahatma Gandhi.
Os
vereadores Laércio Trevisan Jr. e Cássio Luiz Barbosa, o Cássio Fala Pira,
ambos do PL (Partido Liberal), na quinta-feira (17) protocolaram pedido de
abertura de inquérito civil para apuração da responsabilidade da OSS
(Organização Social de Saúde), denominada "Mahatma Gandhi" e do
Gestor e Fiscal do Contrato (Prefeitura Municipal), em face da morte da criança
Jamilly Vitória Duarte, de cinco anos, por negligência e imperícia.
O
documento é direcionado ao Promotor de Justiça de Piracicaba, da Promotoria de
Justiça Civil de Piracicaba – Promotoria da Saúde Pública do Ministério Público
do Estado de São Paulo, com destaque às prerrogativas regimentais previstos no
artigo 142 da Lei Orgânica do Município, além do artigo 2º do Regimento Interno
e ainda o artigo 31 da Constituição Federal de 1988, visando apurar os fatos
ocorridos que causaram a morte da criança.
Em
referência ao lamentável fato ocorrido na noite de sexta-feira, dia 11 de
agosto de 2023, em que resultou na morte de Jamilly Vitória Duarte, de apenas 5
(cinco) anos de idade, vítima de possível negligência, os vereadores entendem
que houve imprudência e imperícia por parte da Organização Social de Saúde.
Os parlamentares também avaliam que no referido dia, a menor Jamilly foi picada
por um escorpião em frente à casa de seu avô, no bairro Santa Fé, e a família a
levou para o
UPA Vila Cristina, por volta das 20h20, por ser a unidade de saúde mais próxima
e credenciada pelo Estado como referência de atendimento para casos de picada
de escorpião no município de Piracicaba, sendo a outra opção o Hospital Santa
Casa.
Ao
chegar à unidade, Jamilly foi atendida pela equipe de enfermagem, que avaliou
seu quadro como cor laranja, segundo informações apuradas pelos vereadores
Cássio Luiz Barbosa e Laercio Trevisan Junior, quando, considerando a gravidade
da situação e o tempo
decorrido do deslocamento da criança até aquela unidade de saúde, deveria ter
sido classificada como vermelho, ou seja, atendimento de urgência, iniciando os
procedimentos o mais rápido possível tendo em vista o risco de morte daquela
menina. Além disso, a equipe de enfermagem não conseguiu acessar a veia da
criança devido a possível imperícia, embora houvesse outras possibilidades de
aplicação em diferentes partes do corpo.
Após
acessar a veia da menor, segundo informações da mãe, a equipe aplicou um soro
comum, em vez do específico soro antiescorpiônico, na tentativa de aliviar os
sintomas da vítima. No entanto, tal medida não surtiu efeitos e apenas agravou
ainda mais sua
condição, diminuindo seu tempo de vida.
A
mãe de Jamilly, Patrícia das Graças Adriana Duarte relatou à equipe do UPA que
sua filha havia sido picada por um escorpião, inclusive, a menina chorava e
gritava de dor, chamando a atenção de todos naquele local. No entanto, somente
após mais de uma hora de espera, a família foi informada de que a unidade não
possuía o soro antiescorpiônico e que a criança deveria ser transferida para o
Hospital Santa Casa.
Entretanto,
devido ao tempo decorrido e a possível falta do soro adequado, o veneno do
escorpião já havia se espalhado por todo o corpo de Jamilly, resultando em
diversos sintomas em razão da picada, como náuseas, tremores, agitação,
vermelhidão, vômitos, entre muitos outros e que posteriormente, devido à uma
possível negligencia, imprudência e
imperícia dos responsáveis, a criança evoluiu a óbito na Santa Casa de
Piracicaba.
"É
inadmissível que uma instituição que deveria se dedicar ao cuidado e bem-estar
dos pacientes, especialmente das crianças, tenha permitido que uma fatalidade
como essa ocorresse. A vida de Jamilly foi ceifada prematuramente devido à uma
suposta negligência e imperícia que caracterizaram a atuação da Mahatma
Gandhi."
"Em
vista dos fatos mencionados, é evidente a falta de preparo por parte da
Organização de Saúde ao contratar possíveis profissionais sem a devida
experiência para lidar com situações dessa natureza e gravidade. Além disso, a
equipe demonstrou total negligência, imprudência e imperícia ao não possuir
habilidade suficiente para realizar procedimentos essenciais, como o acesso
venoso imediato à menor."
"Nesse
sentido, os profissionais não podem ser responsabilizados por esse episódio,
pois cabe à empresa de saúde capacitar seus funcionários de forma adequada, por
meio de cursos e treinamentos específicos. É, portanto, de total
responsabilidade da Organização de
Saúde Mahatma Gandhi o ocorrido, pela falta de prevenção e cuidado na estão dos
serviços prestados."
"Devido
ao exposto, é imprescindível que o Ministério Público intervenha em favor da
família dessa criança, tomando as providências necessárias para apurar todos os
fatos ocorridos, tanto de gestão do local e toda responsabilidade civil e
criminal em suspender o contrato de gestão da Mahatma Gandhi junto à Prefeitura
de Piracicaba, evitando assim que outras tragédias ocorram em nossa cidade.
Como já mencionado, há uma clara violação do contrato por parte da empresa, que
não se responsabilizou possivelmente pela contratação de profissionais
capacitados, o que resultou na perda de uma vida que poderia ter sido
salva."
"Portanto, diante dos fatos expostos, vimos requerer a Vossa Excelência
que sejam tomadas as medidas cabíveis para a apuração da responsabilidade da
Organização Social Mahatma Gandhi e da Prefeitura Municipal de Piracicaba do
gestor e fiscal do contrato", destacam os parlamentares no teor do
documento, além de elencar diversos pontos em que pedem a intervenção da
Promotoria.
PROVIDÊNCIAS:
a)
Instauração de inquérito civil para apuração dos fatos.
b)
Análise para suspensão do contrato da Organização Social de Saúde denominada
Mahatma Gandhi com a Prefeitura de Piracicaba.
c)
Realização de uma investigação completa sobre a possível negligência ocorrida
na UPA Vila Cristina que culminou na morte da criança.
d)
Verificação minuciosa das condições de trabalho e capacitação dos profissionais
da saúde da referida organização, a fim de identificar possíveis falhas na
prestação de cuidados médicos.
e)
Avaliação criteriosa dos protocolos de atendimento e fluxos de trabalho
adotados pela Mahatma Gandhi, a fim de verificar se estão compatíveis com as
normas e diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde.
f)
Análise das medidas tomadas pela organização para prevenir e corrigir eventuais
problemas que levaram à morte da criança, bem como das medidas adotadas para
garantir a segurança dos pacientes e evitar outras mortes por possível
negligencia e
imperícia.
g)
Tomada de medidas judiciais adequadas em relação aos profissionais que tenham
demonstrado negligência no atendimento à criança, de acordo com os dispositivos
legais
vigentes.
Os
parlamentares também ressaltam a importância de uma investigação célere e
rigorosa para esclarecer os fatos e responsabilidades, tendo em vista a
gravidade do ocorrido e o risco potencial que a negligência médica pode
representar para a população atendida pela Organização Social Mahatma Gandhi.
E, ainda solicitam o certificado de especialização em Pediatria dos médicos que
se encontravam de plantão no momento dos fatos ocorridos.
Texto:
Martim Vieira/ Câmara Municipal de Piracicaba
Publicação:
Enzo Oliveira/ Radio Metropolitana de Piracicaba