Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Em mais uma etapa da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta na Câmara de Vereadores de Piracicaba para apurar o atendimento da menina Jamilly Vitória Duarte, de 5 anos, que morreu após ser picada por um escorpião, a médica que atendeu a garota disse que não sabia que a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Cristina tinha soro antiescorpiônico.

A unidade é gerenciada desde o mês de julho pela Organização Social de Saúde Mahatma Gandhi.

Segundo a Câmara, a médica relatou aos vereadores que Jamilly estava andando e consciente quando chegou à UPA, mas apresentava quadro de sudorese (transpiração) e vômito, por isso avaliou o caso como grave, mas não a encaminhou à sala de emergência porque o protocolo da unidade era de que isso precisava ser feito após uma avaliação detalhada do quadro.

A médica informou que prescreveu medicamentos para os sintomas e iniciou procedimentos para a transferência da criança para um hospital.

Ela também disse ter encontrado dificuldades para requisitar a vaga porque a unidade estaria com o sistema instável e, além disso, não teria conseguido inserir o número do cartão da paciente. Segundo a profissional, a falta de documentos da criança também teria dificultado o procedimento.

Questionada sobre o motivo de não ter prescrito o soro antiescorpiônico para Jamilly, a médica disse que não sabia que havia o insumo na unidade e que teria perguntado para uma pessoa da equipe, que teria informado que não havia o soro.

A profissional de saúde disse que só soube da existência do soro depois que a menina já havia perdido o acesso venoso (entrada por meio de agulha na veia para aplicação de medicação) e a equipe tentava restabelecer.

Segundo a médica, depois disso, outros profissionais de saúde teriam afirmado que também não sabiam sobre a existência do medicamento no local e que o soro fica em uma sala onde ela nunca teria entrado e que nunca teria sido apresentada a ela.

A profissional afirmou que prescreveu o soro posteriormente, enquanto Jamilly ainda estava na UPA.

A médica alegou que não auxiliou na tentativa de acesso venoso na criança porque a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) teria chegado e assumido o atendimento para a transferência da paciente.

Ela admitiu que haveria outras possibilidades de acesso, mas que o acesso venoso central, para o qual somente o médico é habilitado a fazer, levaria mais tempo e ela corria risco de não conseguir. Por isso, teria optado pela transferência.

Ainda durante o depoimento, a médica garantiu que prestou assistência à Jamilly e que só teria se afastado quando precisou solicitar a vaga, em um computador que fica na própria sala de observação, mas que estaria a poucos metros do leito dela.

A profissional não soube dizer em quanto tempo o soro antiescorpiônico deveria ser aplicado, mas admitiu que o ideal seria que o procedimento fosse adotado assim que ela chegou à unidade.

A médica não trabalha mais na UPA. Ela afirmou que se formou em junho deste ano, não é pediatra e prestava atendimento na ala de pediatria como clínica geral. A profissional não tinha experiência em serviços de urgência e emergência.

Em nota, a OSS que administra a unidade informou o acesso na veia da paciente foi feito após avaliação com a médica, mas esse acesso foi perdido e foram feitas novas tentativas de restabelecê-lo, que não tiveram sucesso devido à desidratação da criança.

A organização social admitiu que foi constatada a existência do soro na unidade após a perda do acesso na veia de Jamily, quando o Samu já estava no local para realizar a transferência.

A OSS garantiu que “é de conhecimento da equipe que a UPA Vila Cristina é referência para casos de escorpionismo, cabendo ressaltar que a coordenação da unidade havia participado de orientações sobre fluxos de soro”. Também garantiu que os profissionais são treinados para este tipo de atendimento.

A Prefeitura de Piracicaba informou que está à disposição para contribuir com todas informações necessárias para a Comissão da Câmara Municipal e que a gerência da UPA é de responsabilidade da OSS Mahatma Gandhi.

Texto: CBN Campinas

Publicação: Enzo Oliveira/ RMPTV

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