Foto: Marcelo S. Camargo / Reprodução
Aluno de 16 anos entrou armado e disparou contra estudantes na Escola Estadual Sapopemba. Uma das vítimas foi baleada na cabeça e não resistiu.
Uma aluna morreu e outros três ficaram feridos após um ataque a tiros dentro da Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (23). A informação foi confirmada pelo governo de São Paulo.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, um adolescente de 16 anos, também aluno, entrou armado no colégio e efetuou os disparos. Ele foi apreendido junto com a arma e encaminhado à Cara da Infância e Juventude. Segundo alunos, o atirador era alvo de Bullying na escola.
"Todas as circunstâncias relativas aos fatos são investigadas pelo 69º DP (Teotônio Vilela), que promove diligências e a oitiva de testemunhas. A arma do crime, em situação regular, foi apreendida e encaminhada ao Instituto de Criminalística. Após os exames legais no IML, o corpo da vítima foi liberado aos familiares."
Ao todo, três estudantes foram atingidos pelos tiros. A vítima que não resistiu aos ferimentos tinha sido baleada na cabeça. Outras duas foram feridas no tórax e na clavícula. Um quarto aluno se machucou ao tentar fugir durante o ataque, de acordo com nota divulgada pelo governo estadual.
Os feridos foram levados para o pronto-socorro do Hospital Geral de Sapopemba.
Ainda por meio de nota, a gestão estadual lamentou o ocorrido e disse que a prioridade é prestar atendimento aos familiares das vítimas.
"O governo de SP lamenta profundamente e se solidariza com as famílias das vítimas do ataque ocorrido na manhã desta segunda-feira (23) na Escola Estadual Sapopemba. Nesse momento, a prioridade é o atendimento às vítimas e apoio psicológico aos alunos, profissionais da educação e familiares."
Tiros e desespero
A Polícia Militar foi chamada
por volta das 7h30 para atender a ocorrência na Rua Senador Lino Coelho. O
ataque teria ocorrido às 7h20. O helicóptero da corporação e 20 viaturas da PM
foram enviados ao local.
Pais de alunos foram até a
unidade após serem informados do ataque. Ao g1, moradores do bairro relataram o
desespero ao ouvir os tiros.
"Eu moro na mesma rua da
escola. Eu estava tomando café para ir trabalhar, e eu e meu irmão ouvimos em
torno de três tiros. Meu irmão ouviu gritos, eu subi para o quarto e abri a
janela. E vi o pessoal saindo correndo da escola. Fui em frente à escola para
saber o que houve, aí soube da notícia. Foi muito rápido", contou uma testemunha.
Vídeos colocam em xeque versão
de autor de ataque a escola em SP
Segundo o advogado Antonio
Edio, o estudante disse que os alvos do ataque seriam “dois meninos que faziam
bullying contra ele”, pelo fato de ele ser homossexual. Ainda na versão do
autor dos disparos, a aluna Giovanna Bezerra da Silva, de 17 anos, foi morta
“acidentalmente”.
“Ele me confessou que a menina
foi acertada acidentalmente, que o tiro não era para a menina que faleceu. Ele
não tinha nada contra essa menina. Ao contrário, ela nunca fez nada contra
ele”, disse o advogado.
Ainda segundo o profissional,
“na hora que o autor foi efetuar o disparo de arma de fogo contra os dois
meninos”, que seriam os autores do bullying, “ela (Giovanna) achou que a arma
era de brinquedo e acabou entrando na frente”.
Contudo, imagens de uma câmera
de segurança da escola que flagrou o exato momento em que o autor do atentado
atira em Giovanna desmentem essa versão. No vídeo, o adolescente chega por trás
da vítima, que caminha na direção de uma escadaria. A menos de um metro de
distância, ele atira na nuca da garota, à queima-roupa, quando ela descia o
primeiro degrau. No instante do disparo, não havia mais ninguém na frente do
atirador.
Questionado mais de uma vez
por jornalistas sobre o tiro na aluna assassinada, o advogado do adolescente
apreendido insistiu: “A jovem, segundo ele falou, foi uma fatalidade. Não era
para ela esse disparo de arma de fogo, mas, sim, para esses dois jovens”.
Outro vídeo, que mostra a ação
do atirador dentro de uma sala de aula, também coloca em xeque a versão da
defesa. Nele, o autor do atentado aparece entrando no ambiente cheio de
estudantes com o revólver em punho e apontando a arma na direção de meninas.
Além de Giovanna, que morreu
na hora, duas alunas de 15 anos foram atingidas pelos disparos — uma na
clavícula direita e outra na região do abdômen. Uma delas já teve alta nessa
segunda-feira, e a outra não corre riscos, mas aguardava exames para avaliar a
necessidade de cirurgia.
Até mesmo em relação às duas
vítimas baleadas, o relato da defesa do atirador não se sustenta. Aos
jornalistas o advogado Antonio Edio afirmou que, segundo o adolescente, “dois
dos jovens alvejados eram os que mais praticavam bullying contra ele”.
À polícia o atirador de 16
anos disse que agiu sozinho e que os alvos foram aleatórios. O Metrópoles
apurou que ao ser confrontado com o fato de que uma das vítimas era uma aluna
com quem ele havia brigado meses antes, como mostra um vídeo que circulou entre
os estudantes, o adolescente riu.
Segundo a investigação, o jovem pegou o revólver calibre 38 e quatro munições escondido da casa do pai, durante o fim de semana, para cometer o atentado na segunda-feira. Após a ação, ele foi contido pela coordenadora pedagógica da escola até a chegada dos policiais militares. De acordo com o advogado, ele se diz “totalmente arrependido” do crime, “principalmente em relação ao disparo que ele acertou na moça (Giovanna)”.
Polícia apura se ataque a escola na Zona Leste de SP teve participação de mais pessoas
A Polícia Civil apura se o
ataque teve a participação de mais pessoas além do adolescente. Aos policiais,
o atirador afirmou ter encontrado a arma na casa do pai, dentro de um colchão.
As balas estavam em uma caixa separada. Ele teria carregado a arma, levado à
casa em que mora com a mãe e cometido os crimes sozinho.
A polícia, no entanto, apura a informação de que ele teria comentado que cometeria o ataque em um grupo fechado de uma rede social de que participa. Também é investigado se ele foi incentivado a fazer os atos.
Os agentes estão em contato com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, que tem um departamento que apura crimes cibernéticos.
Texto: G1 / Metrópoles