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CPI ouviu, nesta quinta-feira (26), os depoimentos da enfermeira, da técnica de enfermagem e da recepcionista que atenderam Jamilly no hospital.
A menina Jamilly Vitória Duarte, de 5 anos, recebeu o soro
antiescorpiônico assim que chegou à Santa Casa de Piracicaba. É o que alegam as
duas profissionais de saúde que deram atendimento à criança, no hospital, e
prestaram depoimento nesta quinta-feira (26), à CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) formada na Câmara para investigar as circunstâncias da morte da
paciente, no dia 12 de agosto.
Ela recebeu o primeiro atendimento às 20h40 do dia anterior, na
UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Cristina, que é referência para
casos de picadas de escorpião e onde havia o antídoto, mas o mesmo não foi aplicado
na criança. Desde 1º de julho, a UPA é administrada pela OSS (Organização
Social de Saúde) Mahatma Gandhi.
Prestaram depoimento a enfermeira supervisora da UTI (Unidade de
Terapia Intensiva) da Santa Casa, Janize Costas Passos Parizotto, e a técnica
de enfermagem Tatiane da Silva Soares. Elas informaram que a equipe já havia
sido comunicada de que daria entrada à um caso de picada escorpião em uma
criança e que o estado era grave. Por isso, a vaga já foi preparada para
Jamilly e o soro antiescorpiônico foi separado para ser administrado.
Segundo a enfermeira, Jamilly já apresentava pernas e braços
frios e coloração escura quando chegou. Ela disse que a menina tinha um acesso
venoso no braço, feito pela equipe do Samu, mas que foi perdido no processo de
transferência de maca e também porque a paciente estava muito agitada. A
enfermeira disse que fez uma primeira tentativa de acesso no braço, mas não
conseguiu e, em seguida, pediu a colaboração de Jamilly e, na segunda
tentativa, teve sucesso em um acesso venoso na jugular (no pescoço). Ela disse
que imediatamente foi aplicado o soro antiescorpiônico, por prescrição da
médica de plantão.
De acordo com as profissionais, Jamilly estava consciente,
pedindo pela mãe e com muito frio. A criança foi aquecida e monitorizada e teve
o quadro estabilizado. No entanto, por volta das cinco horas da manhã, ela teve
uma piora no quadro, com taquicardia. A médica então prescreveu a medicação
necessária. Por volta das seis horas da manhã, ela piorou novamente e a médica
prestou nova assistência. Antes de deixar o plantão, às sete horas, a
enfermeira avisou a médica e também deixou separado mais um ciclo de soro
antiescorpiônico.
Horário de chegada - Também prestou depoimento a
recepcionista hospitalar da Santa Casa, Zuleica Terezinha Vitti, responsável
pela internação de Jamilly. Ela disse que a mãe foi até a recepção às 22h40 e
relatou o estado emocional dela. A recepcionista não teve contato com a
criança.
O relator da CPI, vereador Gustavo Pompeo (Avante), explicou que
a comissão tem ouvido os depoimentos de todos os profissionais que participaram
do atendimento à Jamilly, por ordem cronológica. “Começa a ser ministrado o
soro antiescorpiônico nessa criança na Santa Casa porque até o momento ela não
tinha recebido”, destacou.
Ele também falou sobre as dificuldades de acesso venoso na
criança para ministrar os medicamentos. “Na UPA, houve uma tentativa de acesso
com sucesso, mas foi administrado Dramin e outros medicamentos e depois ela
perdeu o acesso”, lembrou. “O que nós percebemos é que de fato a Jamilly tinha
um quadro clínico com uma certa dificuldade de fazer o puncionamento (para
acesso venoso), mas o que a gente ouviu aqui é que existem outras
possibilidades e elas devem ser buscadas para ministrar o soro antiescorpiônico”.
De acordo com o relator, a CPI ainda busca mais informações
sobre o caso. “Não temos informações suficientes se houve despreparo e
negligência, estamos ainda montando o cenário, mas uma das principais
complicações no atendimento foi realmente a questão do acesso”, afirmou. Além
de Gustavo Pompeo, a CPI é presidida pelo vereador Acácio Godoy (PP) e composta
pelos membros Cássio Luiz Barbosa (PL), o Cássio Fala Pira, Pedro Kawai (PSDB)
e Paulo Camolesi (PDT). Nesta sexta-feira (27), a CPI toma os depoimentos de
mais três funcionárias da Santa Casa.
Texto: Câmara Municipal de Piracicaba
Publicação: Enzo Oliveira/ RMPTV