Foto: Roque de Sá/Agência Senado
De
iniciativa da Presidência da República, a Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) aprovou, na quarta-feira (25), o projeto que institui a Lei Orgânica
Nacional das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios (PL 3.045/2022). No
mesmo dia o Plenário aprovou o requerimento da Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ) solicitando urgência para votação do projeto que
institui a Lei Orgânica Nacional das Polícias Militares e dos Corpos de
Bombeiros dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. A matéria ( PL 3.045/2022) será
incluída na pauta da próxima sessão deliberativa.
Relatado
pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), o texto estabelece que as corporações
continuarão subordinadas aos governadores. Os detalhes de sua organização serão
fixados em lei de iniciativa desses governantes, observadas as normas gerais do
projeto e os fundamentos de organização das Forças Armadas.
De
acordo com o projeto, relatado pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), as
corporações continuarão subordinadas aos governadores. Os detalhes de sua
organização serão fixados em lei de iniciativa desses governantes, observadas
as normas gerais do projeto e os fundamentos de organização das Forças Armadas.
Para Contarato, o projeto é conveniente e oportuno. Em seu relatório, o senador lembrou que os policiais militares são regidos até hoje pelo Decreto-Lei 667, de 1969, "que contém disposições anacrônicas e até mesmo incompatíveis com a Constituição Federal". Ele destacou que o projeto estabelece princípios, diretrizes, competências, direitos, deveres e vedações. “Enfim, traz amparo legal e segurança jurídica para a existência e a atuação das polícias militares e dos corpos de bombeiros”, registrou Contarato. Ele informou que fez apenas ajustes no texto, acatando somente as emendas de redação.
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Regulamentação
Segundo
o texto, caberá ao Executivo federal definir por decreto termos usados no
projeto, como segurança pública, ordem pública, preservação da ordem pública,
poder de polícia, polícia ostensiva, polícia de preservação da ordem pública,
Defesa Civil, segurança contra incêndio, prevenção e combate a incêndio, pânico
e emergência, busca, salvamento e resgate, e polícia judiciária militar.
A
proposta lista 37 garantias para os ocupantes desses cargos, sejam da ativa ou
da reserva remunerada ou reformados (aposentados), como uso privativo dos
uniformes, insígnias e distintivos; porte de arma; assistência jurídica quando
acusado de prática de infração penal, civil ou administrativa decorrente do
exercício da função ou em razão dela; seguro de vida e de acidentes quando
vitimado no exercício da função ou em razão dela; e assistência médica,
psicológica, odontológica e social para o militar e seus dependentes.
O
projeto fixa ainda como garantia o recebimento, pelo cônjuge ou dependente, da
pensão do militar ativo, da reserva ou reformado correspondente ao posto ou
patente que possuía, com valor proporcional ao tempo de serviço; e auxílio
funeral por morte do cônjuge e do dependente.
Competências
O
texto ressalva competências de outros órgãos e instituições municipais.
Especifica, por exemplo, que a perícia do Corpo de Bombeiros Militar será feita
depois de o local de incêndio ser liberado pelo perito criminal, devendo
fornecer subsídios para o sistema de segurança contra incêndio e verificar o
cumprimento ou não das normas técnicas vigentes.
Força comedida
Na
lei que cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (Lei 13.675, de 2018),
o projeto inclui como princípio dessa política (PNSPDS) o uso comedido e
proporcional da força pelos agentes de segurança pública, conforme documentos
internacionais de proteção aos direitos humanos de que o Brasil seja
signatário.
Manifestações
Quanto
à liberdade de expressão por parte desses profissionais, o projeto proíbe a
eles participar, ainda que no horário de folga, de manifestações coletivas de
caráter político-partidário ou reivindicatória portando arma ou uniforme.
Entretanto, embora seja proibido de se filiar a partido político e sindicato, o
policial militar poderá comparecer armado em eventos político-partidários fora
do horário de serviço. A proposta também muda definições sobre competências de
policiamento de trânsito para garantir o trabalho dos agentes de trânsito
concursados.
Redes sociais
O
policial ou bombeiro também não poderá manifestar sua opinião sobre matéria de
natureza político partidária, publicamente ou pelas redes sociais, usando a
farda, a patente, graduação ou o símbolo da instituição, nem usar, nessas
situações, imagens que mostrem fardamentos, armamentos, viaturas, insígnias ou
qualquer outro recurso que identifique vínculo profissional com a instituição
militar.
Em
relação ao militar veterano da reserva remunerada, deve-se seguir a Lei 7.524, de 1986,
que permite a expressão livre de opinião sobre assunto político, conceito
ideológico, filosófico ou relativo a matéria pertinente ao interesse público,
independentemente das disposições constantes dos regulamentos disciplinares.
Requisitos de ingresso
Entre
os requisitos para ingresso nessas carreiras, o interessado não pode ter
antecedentes penais dolosos incompatíveis com a atividade, nos termos da
legislação do respectivo ente federado. Ele deverá ser aprovado em exame de
saúde e exame toxicológico com larga janela de detecção; comprovar, na data de
admissão, incorporação ou formatura, o grau de escolaridade superior; e não
possuir tatuagens visíveis, quando em uso dos diversos uniformes, de suásticas,
obscenidades, ideologias terroristas que façam apologia à violência ou às
drogas ilícitas ou à discriminação de raça, credo, sexo ou origem.
A
exigência de curso superior para ingresso deverá valer depois de seis anos da
publicação da futura lei. A instituição poderá optar por formar o policial em
curso com equivalência à graduação de bacharel em direito ou em ciências
policiais, conforme critérios da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB – Lei 9.394, de 1996).
Mulheres
Para
as mulheres, o texto reserva no mínimo 20% das vagas dos concursos públicos. Na
área de saúde, elas concorrerão também à totalidade das vagas além da aplicação
dessa cota. Na organização das escolas vinculadas a essas corporações, o texto
permite a oferta de cursos de graduação e pós-graduação stricto sensu com
equivalência com os demais cursos regulares de universidades públicas.
Armamentos
Sobre
o controle de armamentos, o texto aprovado especifica que deverão ser
cadastradas no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma) as armas de
fogo institucionais das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares,
bem como as armas particulares de seus integrantes que constem dos seus
registros próprios.
Outros pontos
- Após
pedido dos interessados, os policiais ou bombeiros poderão exercer funções
no âmbito de outro ente federado por meio de permuta ou cessão com
autorização expressa dos respectivos comandantes-gerais;
- Esses
profissionais e suas corporações terão exclusividade no uso de
denominações, vedado o uso de termos como “bombeiro” ou “corpo de
bombeiros” por instituições ou órgãos civis de natureza pública ou o uso
isolado ou adjetivado pela expressão “civil” por pessoas privadas.
- Deverão
ser criados o Conselho Nacional de Comandantes Gerais de Polícia Militar
(CNCGPM) e o Conselho Nacional de Comandantes Gerais de Bombeiros
Militares (CNCGBM), a serem integrados por todos os comandantes gerais.
Com informações da Agência Câmara de Notícias / Fonte: Agência Senado
Publicado por Danilo Telles, Jornalista da Metropolitana Rádio TV