Foto: Guilherme Leite
Técnica de enfermagem relata que médica não sabia a
dosagem de soro antiescorpiônico a ser aplicado em Jamilly.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do
Caso Jamilly ouviu, nesta quarta-feira (22), o depoimento de mais uma técnica
de enfermagem que participou do atendimento à menina Jamilly Vitória Duarte, de
5 anos, no dia 11 de agosto, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila
Cristina. Ela era a única integrante da equipe que ainda não havia sido ouvida
pela comissão, já que havia apresentado atestados médicos.
Picada por escorpião, a criança não recebeu soro
antiescorpiônico na unidade, que é referência para esse tipo de atendimento e
onde havia o insumo. Transferida para a Santa Casa, Jamilly morreu na manhã
seguinte. A UPA é administrada desde julho pela OSS (Organização Social de
Saúde) Mahatma Gandhi. Composta pelos vereadores Acácio Godoy (PP) -
presidente, Gustavo Pompeo (Avante) - relator, e pelos membros Cássio Luiz
Barbosa (PL), o Cássio Fala Pira, Pedro Kawai (PSDB) e Paulo Camolesi (PDT), a
CPI foi formada na Câmara para investigar as falhas no atendimento prestado à
paciente.
A técnica de enfermagem ouvida nesta quarta-feira
(22) não autorizou a divulgação de seus dados pessoais e por isso não será
identificada nesta reportagem. Um dado relevante do relato da profissional foi
a respeito da informação sobre a existência do soro antiescorpiônico na
unidade. Ela disse que uma colega teria avisado a médica responsável pelo
atendimento de que havia o insumo. No entanto, a mesma teria dito que não sabia
a dosagem a ser ministrada na criança e que já havia acionado o Samu (Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência) para a transferência da paciente.
Para o vereador Acácio Godoy (PP), o depoimento da
técnica de enfermagem contradiz o depoimento da médica. À CPI, a médica disse
que não sabia que havia soro na UPA e que soube somente posteriormente, quando
a criança já havia perdido o acesso venoso e a equipe encontrava dificuldades
para restabelecer devido ao agravamento do quadro da paciente.
“É um depoimento muito importante e que vai
contribuir muito para o relatório final. Ele traz informações relevantes, como
a contradição com o depoimento da médica sobre ela não ter a informação do soro
enquanto tomava as decisões naquela noite. Agora, a gente tem a informação de
que ela foi informada de que tinha o soro, mas optou por dar continuidade aos
processos de transferência da paciente”, avaliou Acácio Godoy. “A médica
informou que não sabia a dosagem e continuou com os procedimentos para a transferência”.
Além disso, para o vereador, foi importante o
relato da profissional sobre como se deu a transição, na UPA, entre as equipes
da Prefeitura, que foram deslocadas da unidade, para que assumissem as equipes
da OSS, durante um período de 15 dias. “O depoimento também traz algumas
informações sobre a logística de trabalho que se estabeleceu, que a gente acha
que impactou no atendimento que a Jamilly recebeu”, afirmou.
Com o depoimento desta quarta-feira (22), a CPI
ainda conseguiu esclarecer quem foi responsável pela preparação da medicação
para Jamilly, já que nenhum dos integrantes da equipe declarou ter realizado o
procedimento. A técnica de enfermagem disse que atuava na farmácia no dia do
atendimento e respondeu que preparou o soro fisiológico com dramin e dipirona,
conforme a prescrição médica que recebeu. Ela também foi solicitada para tentar
a puncionar o acesso venoso na criança, sem sucesso.
A CPI tem mais um depoimento marcado para
sexta-feira (24), às 8h30. Uma das enfermeiras da UPA foi reconvocada para
prestar esclarecimentos.
Texto: Câmara Municipal de Piracicaba
Publicação: Enzo Oliveira/ RMPTV