Foto: Guilherme Leite
Depoente também negou que exercia
liderança formal sobre equipe que atendeu a menina Jamilly; CPI tem acesso a
documentação enviada para a Santa Casa. Enfermeira foi convocada pela segunda vez pela CPI para
prestar depoimento.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Caso Jamilly reconvocou
para prestar esclarecimentos, na última sexta-feira (24), uma das enfermeiras que
participou do atendimento à menina Jamilly Vitória Duarte, de 5 anos, que
morreu, vítima de picada de escorpião, no dia 12 de agosto. A paciente passou
por atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Cristina, que é
referência para esses casos, mas onde não recebeu o soro antiescorpiônico.
Desde 1º de julho, a UPA é administrada pela OSS (Organização Social de Saúde)
Mahatma Gandhi.
A enfermeira ouvida nesta sexta-feira (24) não autorizou a divulgação de
seus dados nesta reportagem. Apesar de ter sido apontada em um dos depoimentos
tomados anteriormente pela CPI como a pessoa que teria indicado a inexistência
do soro antiescorpiônico na unidade, a depoente negou para os vereadores que
tenha prestado essa informação.
Ela disse que sabia que existia soro no local e que toda a equipe também
tinha esse conhecimento. A UPA estava abastecida com o insumo na noite de
atendimento a Jamilly, mas o medicamento não foi ministrado na criança. A
enfermeira garantiu que não foi questionada em nenhum momento se havia o soro
na unidade.
A enfermeira também negou ter exercido a liderança de maneira formal
naquele plantão, apesar de ter sido apontada por todos os outros membros da
equipe como a profissional de referência. A depoente disse aos vereadores,
nesta sexta-feira (24), que aceitou o convite de liderar a equipe apenas como
“gentileza” à OSS, mas que essa função não era exercida de maneira formal e que
ela não recebia nenhum acréscimo de salário por isso.
A enfermeira declarou novamente que estava deslocada para o setor adulto
e que não participou do atendimento a Jamilly. Ela disse que somente foi
chamada no momento em que a equipe encontrou dificuldades para puncionar um
acesso venoso na criança, mas que nem chegou a tentar porque a equipe do Samu
(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) já estava no local para transferir a
paciente para a Santa Casa.
A profissional afirmou que, se estivesse na liderança do atendimento
infantil naquele momento, teria sido avisada desde o início sobre a entrada de
uma paciente grave.
A enfermeira também apresentou à CPI o documento que encaminhou, via
aplicativo de mensagens, para a Santa Casa, com informações sobre Jamilly, já
que o prontuário não foi levado pela equipe do Samu. No documento, constam
apenas a informações sobre a identificação de Jamilly, mas não a prescrição
médica.
“A enfermeira foi citada várias vezes como uma liderança sobre o corpo
de enfermagem e foi citada como a pessoa que informava a inexistência do soro
na unidade”, resumiu o presidente da CPI, vereador Acácio Godoy (PP). “Ela
confirmou que exercia liderança, mas não de maneira formal. Disse que jamais
poderia ter sido ela a dar a informação sobre a inexistência do soro porque ela
pessoalmente sabia que o soro existia na unidade. E a gente conseguiu ter
acesso à documentação que ela enviou para a Santa Casa, conseguimos o print da
mensagem enviada, o que vai fechando o círculo dos depoimentos que recebemos”.
Também participaram da oitiva da enfermeira o relator da CPI, vereador Gustavo Pompeo (Avante), e os membros Cássio Luiz Barbosa (PL), o Cássio Fala Pira, Pedro Kawai (PSDB) e Paulo Camolesi (PDT).
Texto: Câmara Municipal de Piracicaba
Publicação: Enzo Oliveira/ RMPTTV