Amor nós temos. Queremos valorização
e respeito
Foto: Assessoria Parlamentar
Nesta semana o governador
Tarcísio de Freitas, por meio de uma declaração irônica e infeliz, reconheceu
que os professores não têm salários justos, nem condições de trabalho, mas têm
“amor”.
Considero a declaração
desrespeitosa. Em primeiro lugar, porque o mesmo governador que reconhece que
não temos salários justos, se recusa a estabelecer uma política salarial para a
nossa categoria. Este governador mantém as políticas de governos anteriores, de
pagamento de abono complementar, em lugar de aplicar o reajuste do piso
nacional no salário base, beneficiando toda a carreira. Mantém pagamento de
bônus, quando os recursos poderiam ser aplicados em reajustes salariais. Não se
dispõe a discutir uma carreira aberta, justa e atraente e para as professoras e
os professores.
Este governador também não
realiza nenhum plano de reformas e adequações das escolas estaduais às
necessidades do processo educativo. As escolas são antigas, possuem graves
problemas estruturais, que não são enfrentados pelo Estado. As condições de
trabalho também passam pelos projetos político-pedagógicos das escolas, que
devem ser construídos de forma democrática por meio dos Conselhos de Escola,
com participação ativa de todos os segmentos que compõem a comunidade escolar
(professores, estudantes, funcionários e pais). Entretanto, o governo do senhor
Tarcísio de Freitas é marcado pelo autoritarismo, assédio e cerceamento da
liberdade de ensinar e aprender.
O governador que diz que os
professores têm “amor”, por meio de seu secretário da Educação, Renato Feder,
quer retirar totalmente desses profissionais sua autonomia para definir suas
aulas. Por meio apostilas e slides, este governo impõe ao professor o que deve
ser trabalhado com os estudantes, deixando o professor na condição de um
“monitor” em sala de aula. Pior ainda: tais apostilas e slides trazem
conhecimentos aligeirados e contém até mesmo erros, como foi denunciado em
2023, quando se descobriu que ali se afirmava que a cidade de São Paulo tinha
praias, que D. Pedro II havia assinado a Lei Áurea e outros absurdos.
O secretário Renato Feder,
pelo jeito, não acredita muito nesse “amor” que o governador atribui aos
professores, pois manda diretores de escolas, supervisores de ensino e
coordenadores vigiarem as aulas, fazendo relatórios sobre o que o professor diz
ou não em sala de aula. Não aceitamos. A Constituição garante liberdade de
ensinar e aprender e pluralidade de concepções pedagógicas nas escolas.
Além disso, esse governo
demitiu quase 50 mil professores no final de 2023, milhares deles ainda não
conseguiram aulas, enquanto muitos milhares de estudantes ainda estão sem
professores. Ao se recusar a prorrogar esses contratos, deixou esses professores
sem salários, lutando pela sobrevivência. Este governo submeteu mais de 100 mil
professores ao pior processo de atribuição de aulas da rede estadual de ensino.
Tarcísio de Freitas também é o
governador que reconhece que o professor ganha mal e não tem estrutura para
trabalhar, mas quer cortar R$ 10 bilhões das verbas da Educação. Quanta
contradição, senhor governador!
Temos, sim, amor à nossa
profissão e temos amor aos estudantes aos quais nos dedicamos cotidianamente
nas escolas, mesmo sem condições de trabalho. Mas somos profissionais, somos
trabalhadores e trabalhadoras e precisamos ser valorizados profissionalmente.
Precisamos de salários dignos. Precisamos de carreira justa. Precisamos e
exigimos respeito!
Artigo
de: Professora Bebel, deputada estadual pelo PT e segunda presidenta da APEOESP