Foto: Reprodução/ Syngenta Brasil
A França registrou em 2023, 45
casos de dengue autóctone, o que significa que os doentes foram contaminados no
território francês, sem contar os departamentos ultramarinos, alguns em regiões
endêmicas. Há cinco anos, casos da doença tropical, transmitida por um
mosquito, são observados no país europeu, o que, segundo os órgãos de saúde
pública, confirma um fenômeno duradouro e reforçado pelas mudanças climáticas.
Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (28).
“Foram identificados até nove
focos de transmissão autóctone de dengue, resultando em um total de 45 casos de
infecções", detalhou o anúncio da Santé Publique France, a agência de
vigilância sanitária francesa, ao divulgar o balanço do ano de 2023. Os números
são considerados altos, mas abaixo do recorde de 2022, observam as autoridades.
A dengue é uma doença viral
que causa febre alta e, em casos raros, progride para uma forma mais grave,
causando hemorragias. Apenas cerca de 0,01% de todos os casos evoluem para a
morte do paciente.
Um “caso autóctone” significa
que a pessoa não viajou recentemente para outras regiões do mundo, como as
Antilhas, onde este vírus, transmitido de pessoa para pessoa por mosquitos
tigre (Aedes albopictus), circula amplamente. Isto significa que a pessoa foi
provavelmente infectada na França continental, após ser picada por um destes
mosquitos, cuja presença vem aumentando há quase 20 anos. Dos 95 departamentos
franceses, o inseto foi observado em mais de 70, e as mudanças climáticas
favorecem esse fenômeno.
Cada vez mais ao norte
Conforme as autoridades de
saúde, os dados mostram num aumento sem precedentes de casos autóctones de
dengue na França continental, que ainda eram excepcionais alguns anos atrás.
Apesar de um pequeno declínio – após cerca de 60 casos em 2022 – o ano passado
confirma a tendência de manutenção do vírus no território francês.
Além disso, pela primeira vez
vários casos foram registrados na região de Paris, em Limeil-Brévannes
(Val-de-Marne), a cerca de 15 km a sudeste da capital. Até então, não eram
comuns registros de casos tão ao norte.
Com a proliferação do mosquito
Tigre, o primeiro caso de dengue autóctone na região Île de France, onde está
situada Paris, ocorreu em agosto do ano passado. Segundo a agência de saúde
francesa Santé Publique France, a contaminação, no norte do país, era até então
inédita.
A expansão do mosquito Tigre é
favorecida pelo aquecimento global: quanto mais quente, mais curto se torna o
ciclo de desenvolvimento do mosquito e aumenta a velocidade de multiplicação do
vírus dentro do inseto.
Apesar do aumento do calor, as
viagens internacionais e o comportamento humano ainda são as causas mais comuns
para a proliferação do mosquito da dengue em regiões de clima temperado.
Além dos casos autóctones, as
autoridades de saúde também mantêm a vigilância dos casos importados para a
França continental por pessoas picadas e infectadas fora do território francês,
sendo que os casos mais numerosos são observados nas Antilhas ou na Guiana.
“No total, foram identificados
2.019 casos importados de dengue”, disse a Santé Publique France, atestando um
nível recorde para estes casos importados. “Trinca casos de Chikungunya (....)
e 9 casos de Zika”, duas outras doenças transmitidas por estes mosquitos,
“também foram notificados”, acrescentou a agência.
A imprensa francesa tem
informado, recentemente, sobre a ameaça de uma nova epidemia de dengue no
Brasil. A explosão do número de contaminações e as dificuldades dos hospitais
para atenderem a demanda foi assunto de reportagem do Le Monde, em fevereiro.
Desde o início do ano, o Ministério da Saúde registrou mais de 512 mil casos da
doença no Brasil.
(Com informações da AFP)
Texto: RFI
Publicação: Enzo Oliveira/ MTV