Foto: Reprodução

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) proferiu uma sentença condenatória contra o prefeito de Guarulhos, Gustavo Enric Costa, conhecido como Guti (PSD), vereadores e empresários locais por envolvimento em um caso de destombamento de um imóvel que beneficiou um shopping na região.

A ação, que teve início em 2011 por meio do Ministério Público de São Paulo (MPSP), resultou na condenação de Guti e outros 24 vereadores, ex-parlamentares, ex-secretários e empresários, à perda de seus direitos políticos por três anos, multa correspondente a cinco vezes o salário vigente na prefeitura e à perda de suas funções públicas. Cabe ressaltar que ainda cabe recurso em relação a essa decisão.

O processo alegava que Guti, quando vereador, e os demais envolvidos teriam favorecido empresários proprietários de um shopping local ao destombar um casarão histórico em Guarulhos. O imóvel, que se encontrava rodeado pelo estacionamento do shopping, foi demolido para ampliar a área destinada aos veículos.

A aprovação de um projeto de lei, na época apresentado por Geraldo Celestino (PMN), antigo membro da Câmara Municipal com oito mandatos, possibilitou a realização do destombamento. No projeto, argumentou-se que o imóvel não possuía relevância histórica para a comunidade de Guarulhos, por estar situado dentro da área do estacionamento do shopping.

 

Além de Guti, que atualmente desempenha a função de prefeito, outros condenados mantêm cargos políticos, como Lamé (MDB), Paulo Roberto Cechinatto (PTB) e Romildo Virginio (PSD). Alguns dos envolvidos não ocupam mais assentos na Câmara Municipal, porém possuem cargos de confiança em administrações políticas e na gestão da prefeitura sob responsabilidade de Guti.

Durante o desenrolar do processo, o promotor de Justiça Ricardo Manuel Castro apontou que o parecer de um arquiteto contratado pelos donos do shopping foi utilizado por secretários municipais para justificar o destombamento do imóvel em questão.

A decisão inicial que considerou o pedido improcedente foi revertida pela 1ª Câmara de Direito Público do TJSP no final de fevereiro. O Ministério Público recorreu, alegando que houve intenção dos agentes públicos e privados de demolir o casarão sem uma justificativa plausível que amparasse o destombamento com um interesse público legítimo.

No parecer do procurador de Justiça Robson Felix Bueno, foi ressaltado que o caso não se tratava apenas de negligência ou má administração, mas sim de má-fé intencional, evidenciada pela documentação apresentada, que não justificava os motivos reais por trás do destombamento e da subsequente demolição do imóvel.

O relator do processo, desembargador Danilo Panizza, afirmou que os envolvidos na ação demonstraram uma clara intenção de beneficiar o shopping em questão, em detrimento da preservação do patrimônio histórico local. A casa que foi destombada, sob alegação de falta de importância histórica para Guarulhos, pertenceu a Giuseppe Saraceni, um importante ex-prefeito da cidade, e teve relevância em momentos significativos da história da região.

Até o momento da publicação desta reportagem, o prefeito Guti não havia respondido aos pedidos de retorno para comentar sobre o assunto. O espaço permanece aberto para quaisquer manifestações adicionais.

Texto: Danilo Telles/ MTV

Publicação: Enzo Oliveira/ MTV

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