Foto: Arquivo pessoal
Empresário e escritor sofreu parada cardíaca na madrugada desta terça-feira (19).
Morreu, nesta terça-feira
(19), aos 83 anos, o empresário e escritor Pedro Herz, dono da Livraria
Cultura. O falecimento foi confirmado ao GLOBO por seu filho Sérgio Herz, CEO
da Cultura, que afirmou que o pai teve um ataque cardíaco durante a madrugada.
O velório será nesta quarta (20), a partir das 10h, no Cemitério Israelita do
Butantã. O enterro será às 12h.
Herz nasceu em São Paulo em 28
de maio de 1940, em uma família de judeus alemães que haviam aportado no Brasil
no ano anterior, fugindo do nazismo. Em 1947, a mãe dele, Eva, criou a
Biblioteca Circulante, serviço de empréstimo de livros que funcionava na casa
da família e foi o embrião da Livraria Cultura. Herz contou essa história em
sua autobiografia, "O livreiro", escrita em parceria com a jornalista
Laura Greenhalgh e lançada em 2017 pela Planeta. "O negócio atingiu um
ponto tal que os livros tomaram conta da nossa casa", contou Herz no
livro.
A Biblioteca Circulante se
transformou definitivamente em Livraria Cultura em 1969, quando se mudou para
uma loja do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Herz, que se tornou sócio
da empresa, havia trabalhado na Livraria Basileia, em São Paulo, e vivido um
tempo na Europa, onde lavou pratos e foi locutor da BBC.
Em 2001, com a morte de Eva,
Herz assumiu definitivamente a empresa, comandou a expansão da rede e se tornou
o maior livreiro do Brasil. A Cultura chegou a ter 18 lojas em várias capitais
e um catálogo de nove milhões de livros. A joia da coroa era a loja do Conjunto
Nacional, que se consolidou como um dos mais prestigiados locais para
lançamento de livros no país. A Cultura também passou a vender não apenas
livros, mas também CDs, DVDs e equipamentos eletrônicos. A estratégia se
intensificou quando os filhos de Herz, Sérgio e Fabio, assumiram a empresa e
depois foi apontada como uma das razões dos problemas financeiros da rede. Em
2017, a Cultura comprou a operação brasileira da rede francesa Fnac.
Até 2018, a Cultura foi uma
das principais redes de livrarias do país, mas entrou em recuperação judicial
naquele ano (ao mesmo tempo que a Saraiva) e reportou uma dívida de R$ 285
milhões. Em 2019, o próprio Herz pediu à Justiça para entrar na lista de credores
da empresa. Ele alegou ter sido avalista de um empréstimo de R$ 511 mil
contraído pela Cultura junto ao Itaú. Quando a empresa entrou em recuperação
judicial, o banco executou a cobrança das cotas de um fundo de investimento que
Herz havia cedido como garantia.
No ano passado, a falência da
Cultura foi decretada e revertida duas vezes. Em fevereiro deste ano, a Justiça
negou os recursos da empresa e autorizou a ordem de despejo da loja do Conjunto
Nacional. Os proprietários do imóvel afirmam que os aluguéis atrasados desde
2020 já somam R$ 15 milhões. A Cultura, em contrapartida, alega que o
fechamento da loja do Conjunto Nacional impossibilitaria a recuperação
econômica da empresa.
Texto: O Globo
Publicação: Enzo Oliveira/ MTV