CRÔNICA – ZELADORIA
Quando um Reinado Encontra a Vassoura
Numa certa cidadezinha do interior de um reinado, tão
pequena que nem o Google se dá ao trabalho de atualizar seu mapa, algo
revolucionário aconteceu. Não, não foi a descoberta de uma nova espécie de caju
ou a inauguração de um monumento dedicado ao empanado de frango. Foi algo muito
mais sutil, mas com um impacto capaz de balançar as estruturas do poder local:
a condado descobriu a importância de uma zeladoria bem-feita. Tudo começou numa
bela manhã de segunda-feira, quando o magistrado, após tropeçar numa calçada
mal-ajambrada a caminho da padaria, teve uma epifania. Entre um tropeço e um
palavrão, ele pensou: "Por que esperar o próximo mandato para consertar
essa calçada se eu posso fazer isso hoje?" E assim, armado com essa
filosofia revolucionária de "não deixar para amanhã o que pode ser feito
hoje", ele voltou ao seu gabinete, não sem antes comprar seu pão na chapa.
A partir desse dia, a condado abriu um canal direto com a
população, não apenas para ouvir, mas para falar e, principalmente, para agir.
O WhatsApp da condado, antes apenas um número perdido entre contatos
esquecidos, virou o canal de comunicação mais popular da cidade, superando até
a página do Facebook que publicava memes de bom dia.
A primeira grande iniciativa foi a
"OperaçãoTapa-Buraco Inteligente". Não se tratava
apenas de tapar buracos, mas de entender por que eles
surgiam e como evitá-los. A população foi convidada a enviar fotos, coordenadas
GPS e até pequenas notas poéticas
sobre os buracos de suas ruas. E não é que funcionou? Em
menos de um mês, as ruas da cidade estavam mais lisas que a careca do
secretário. Mas o magistrado não parou por aí. Inspirado pelos reality shows de
reforma que assistia nas noites de insônia, lançou o "Desafio da
Zeladoria", onde bairros competiam para ver quem apresentava as melhores
ideias de melhorias urbanas. O prêmio? Um churrasco com o magistrado e a
reforma implementada em tempo recorde. O evento foi um sucesso, e os bairros
transformaram-se em pequenos laboratórios de inovação cívica.
Por fim, a ironia de toda essa história é que, ao se
concentrar nas pequenas coisas, a condado conseguiu resolver grandes problemas.
A zeladoria exemplar não apenas
melhorou a qualidade de vida na cidade, mas também
restaurou a fé da população no poder executivo. Quem diria que uma simples
calçada mal-ajambrada levaria a uma
revolução
administrativa?
Assim, neste cantinho do interior de um reinado,
aprendeu-se que não é preciso esperar o amanhã para começar a mudança. E que a
zeladoria, quando bem-feita, pode ser a chave para um governo de sucesso.
Porque, no fim das contas, uma cidade bem cuidada é como uma boa piada: precisa
de timing, cuidado e, claro, uma pitada de ironia.
Lírico Monteiro