A
Rainha, cansada das peripécias da Branca de Neve, resolveu encarar um dilema
mais moderno: eleições. Diante de um novo espelho mágico, questionou: “Espelho,
espelho meu, em quem devo votar entre tantos candidatos astutos?” O espelho,
com a sagacidade de um político em campanha, respondeu: “Minha Rainha, a
escolha é um luxo raro. Temos o candidato que promete modernizar o reino com
Wi-Fi nas masmorras, outro que deseja privatizar a floresta, e um terceiro que
é mestre das fake news, garantindo que a verdade é só uma questão de
perspectiva. Há
também o que promete pão e circo, mas só entrega o circo, e o encantador de
serpentes que acredita que um discurso bonito resolve tudo.”
A
Rainha, intrigada, perguntou: “E a ética, espelho meu?” O espelho, com um riso
contido, respondeu: “Ah, minha Rainha, a ética fugiu com a Branca de Neve e
nunca mais voltou.” Perplexa e um pouco divertida, a Rainha refletiu: “Espelho,
não existe uma opção que me faça querer voltar aos tempos dos contos de fadas?”
O espelho, com sua ironia característica, disse: “Minha Rainha, na política,
conto de fadas é acreditar em promessas de campanha. Todos prometem finais
felizes, mas a história nunca acaba.”
Frustrada, a Rainha perguntou: “Então, o que
sugere? Exílio voluntário ou um retorno ao absolutismo?” O espelho, com a
sabedoria de um comentarista mordaz, respondeu: “A democracia é como um baile
de máscaras – todos fingem ser o que não são. O importante é saber dançar
conforme a música, sem tropeçar nos próprios pés e, se possível, sem perder o
sapatinho de cristal.”
A
Rainha, já rindo da ironia da situação, decidiu: “Talvez seja hora de eu me
candidatar, espelho meu. Quem sabe uma Rainha não traga um pouco de ordem ao
caos?” E o espelho, sempre cúmplice de suas reflexões, concluiu: “Isso, minha
Rainha, só o tempo e as urnas dirão. Mas lembre-se: até o espelho tem seu lado
opaco, e no fim, todo voto é um ato de fé.”
Lírio Monteiro