Ah,
eleições! Aquele período mágico onde inimigos mortais de ontem se tornam amigos
de infância hoje. Partido A e Partido B, que trocavam farpas afiadas, agora
estão de mãos dadas, sorrindo para as câmeras. “Somos aliados pelo bem do
país!” – dizem com a mesma convicção de um vendedor de pastel de vento. O show
das negações começa antes mesmo de a aliança ser oficializada. O presidente do
Partido A, com um sorriso mais falso que nota de três reais, garante: “Jamais
nos aliaríamos ao Partido B! Temos princípios!”
No dia seguinte, o líder do Partido B, com um
olhar de quem não sabe onde esconder a vergonha, responde: “Essa aliança nunca
acontecerá. Somos diferentes em tudo!” Mas eis que chega a dia da semana, e,
como num passe de mágica, os dois estão juntos, abraçados, anunciando uma união
histórica. “Era pelo bem do povo!”, justificam, com a sinceridade de quem jura
que nunca mais vai repetir aquele erro. E o povo? Ah, o povo fica ali, de boca
aberta, tentando entender como diabos essa mágica foi possível. Os argumentos
esdrúxulos são os melhores. “Nós sempre fomos a favor do diálogo”, diz um. “As
diferenças ficaram no passado”, afirma outro, com a naturalidade de quem diz
que o Papai Noel existe. A confusão na cabeça do eleitor só aumenta. Em quem
acreditar? Até onde vai a falsidade para ganhar uma eleição?
O circo eleitoral está montado, os malabaristas em
cena, e nós, os espectadores, assistimos sem saber se rimos ou choramos. A
mágica das eleições transforma inimigos em amigos, falsas verdades em verdade,
e promessas em ilusões. E assim seguimos, aplaudindo os artistas, rindo das
piadas e tentando não perder a fé em um futuro melhor.
Lírico Monteiro