Foto: Divulgação
Corte deve dar palavra final
sobre eventual abuso de poder político.
Ministros do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) veem um possível quadro de abuso de poder político na fala do
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que – sem provas –
associou Guilherme Boulos (PSOL) ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
No domingo do segundo turno,
ainda pela manhã, Tarcísio afirmou que houve um “Salve do PCC”, indicando o
voto da facção para Guilherme Boulos, na capital paulista.
Segundo interlocutores dos
magistrados, as declarações foram suficientemente graves para desequilibrar a
disputa, especialmente por terem sido proferidas no próprio dia de votação e ao
lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que conseguiu ser reeleito.
Autoridades eleitorais afirmam
que o cenário pode gerar a cassação não só do próprio governador, que foi o
efetivamente responsável pelas falas, mas também da chapa de Nunes e de seu
vice, Mello Araújo (PL).
Isso porque a campanha de
Nunes teria replicado o conteúdo nas redes sociais e, em última análise, pode
ter sido beneficiada pela “fake news” – o que já foi motivo de declaração de
inelegibilidade em situações análogas.
Dois ministros da Corte
Eleitoral lembraram os precedentes do próprio TSE que condenaram políticos por
disseminar notícias falsas – a começar pelo próprio ex-presidente Jair
Bolsonaro, que atacou as urnas eletrônicas e está inelegível até 2030.
Também foi citado o processo
envolvendo o ex-deputado Fernando Francischini (União), que está inelegível por
decisão do TSE. Nesse caso, a semelhança está no “timing” – a “fake news” sobre
as urnas foi espalhada no dia da eleição, em 2018.
Na campanha de Nunes, a
leitura é de que o prefeito não tinha como prever o que seu principal aliado
falaria naquele momento – e que, portanto, ele não poderia ser juridicamente
prejudicado pelo erro de terceiros.
Já o governador, segundo
interlocutores, admitiu que “falou sem pensar”. No entanto, ainda de acordo com
essas fontes, ele entende que a declaração não foi capaz de desequilibrar a
disputa eleitoral, uma vez que Nunes já aparecia bem à frente nas pesquisas.
Texto: Da redação
Publicação: Enzo Oliveira |
MTV