Numa mensagem de despedida enviada pela lista de transmissão do WhatsApp, dos funcionários da SIMAP (Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de Piracicaba), o ex-secretário Ronaldo Cançado, agradece a oportunidade de ter convivido com a Família SIMAP (em suas palavras), e destaca os feitos de sua breve passagem pela prefeitura, que durou apenas 7 meses.

Um ponto levantado por ele na mensagem e que ele considera ser um feito, foi engavetar o Projeto ESG que havia sido criado na mesma gestão de Luciano Almeida, mas pelo secretário que o antecedeu, Alex Salvaia.

Em suas palavras, “em menos de 2 meses como secretário desarticulei o projeto ESG dentro da SIMAP, que a prefeitura estava financiando…” (sic.).

O que causou estranheza nessa afirmação, foi que o Programa de Desenvolvimento e Certificação ESG que a prefeitura criou, era uma política pública municipal, com edital publicado no Diário Oficial do Município, em 25/20/2023.

98 empresas de pequeno, médio e grande porte se inscreveram, inclusive multinacionais sediadas no município e dessas, 17 empresas atingiram a pontuação necessária para se submeter ao processo de auditoria e então obter o selo de aprovação no Programa de Certificação.

Nenhuma auditoria foi realizada e as empresas ficaram atônitas sem nenhum esclarecimento por parte da SIMAP, até agora.

No evento de lançamento do Programa de Certificação ESG, que foi realizado na ACIPI, um dos participantes perguntou ao então prefeito Luciano Almeida, como poderia proteger o projeto de não ser engavetado por uma eventual troca de prefeito nas eleições de 2024 e o prefeito se comprometeu a pensar em algo que não permitisse que outro prefeito “matasse” o projeto.  O que as pessoas não sabiam é que a solução brilhante seria ele mesmo matar o projeto. De fato, não podemos negar que ele conseguiu impedir que novo governo o fizesse, mas isso demonstra que o zelo com o dinheiro público, tão anunciado pelo próprio ex-prefeito em suas falas e afirmações, não existiu nesse caso.

Essa constatação se dá pelo simples fato de que a prefeitura gastou mais de R$ 1 milhão na contratação da FIA (Fundação Instituto de Administração), ligada à USP, para construir o projeto que teve voo de galinha.

Quando uma política pública é implementada, ela não pode ser encerrada sem que haja uma fundamentação baseada no interesse público, o que claramente não é o caso desse projeto, pois a adesão das empresas foi enorme e isso movimentou diversas frentes voltadas ao ESG no município, a exemplo da EXPO ESG que em 2024, envolveu mais de 26 mil pessoas em 4 dias de evento.

É indiscutível a importância da difusão da cultura ESG nas pessoas e nas organizações, tendo em vista o caos climático, social e ético que o planeta tem enfrentado e “desarticular” um programa como esse, deve enfrentar problemas perante o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

Em consulta ao diário oficial, não foi encontrado nenhuma publicação de encerramento do projeto, o que causa mais problemas e confusão.

A redação da Metropolitana procurou a atual gestão da prefeitura de Piracicaba para comentar o caso, mas recebemos retorno, o espaço permanece aberto para manifestações.

Após conhecimento por parte da TV Metropolitana do caso, iremos encaminhar o caso ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público, para que tomem ciência.

Publicado por Danilo Telles | Jornalista da MTV

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